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Em disputa com a IAAF, Semenya acusa presidente Coe de abrir ‘velhas feridas’

Caster Semenya acusou o presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês), Sebastian Coe, de abrir “velhas feridos” em entrevista a um jornal australiano, na qual o dirigente britânico apontou que a bicampeã olímpica dos 800 metros e outras atletas com alta produção de testosterona endógena representem uma ameaça à “santidade da competição justa”.

Em um comunicado divulgado nesta quarta-feira em resposta, os advogados de Semenya disseram que os comentários de Coe e a nota “distorcida” do Daily Telegraph – o jornal referiu-se à meio-fundista sul-africana como “cheia de músculos” e “invencível” – levou sua cliente a lembrar o quanto foi analisada e julgada durante seu primeiro Mundial, em 2009, quando tinha 18 anos.

Naquela oportunidade, Semenya ganhou o título dos 800m, um dia depois da revelação de que teve de fazer testes de gênero ordenados pela IAAF, em parte devido à sua musculatura. Alguns meios de comunicação australianos foram criticados por publicar matérias em que especulavam sobre a anatomia da então adolescente. A sul-africana precisou fazer mais exames médicos depois da competição. Ela não correu durante quase um ano. A IAAF, então, a aceitou em competições femininas.

Semenya leu a entrevista de Coe ao Daily Telegraph durante o fim de semana, disseram seus advogados. “A senhora Semenya lembra o que aconteceu há dez anos, com a história saindo na Austrália, um dia antes de competir no Mundial de 2009”, disseram os advogados da sul-africana no seu comunicado.

“Após vencer a final dos 800 metros no dia seguinte, a senhora Semenya parou no meio do estádio sabendo que todos que viram o evento estavam a julgando. Ela tinha apenas 18 anos. A natureza das avaliações médicas invasivas que a senhora Semenya após o evento foram discutidos publicamente, inclusive pela IAAF. As cicatrizes que ficaram na senhora Semenya durante a última década são de feridas profundas”, acrescentaram.

O comunicado dos advogados saiu no mesmo momento em que ela e a entidade gestora do atletismo esperam o veredicto da Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês), em um caso que poderia mudar o esporte feminino.

Semenya, hoje com 28 anos, apelou à CAS pelas regras que a IAAF querem impor para reduzir os altos níveis de testosterona natural em algumas atletas através de medicação ou cirurgia antes que possam competir em provas de alto nível, a partir dos 400 metros e até uma milha. As audiências duraram cinco dias, no mês passado, e um veredicto deve ser anunciado no fim de abril.

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