Em alta, Kaká vira surfista e golfista

Ídolo do futebol brasileiro, o são-paulino Kaká, de 20 anos, não está satisfeito em fazer sucesso apenas com a bola nos pés. Nos últimos meses, resolveu diversificar as atividades, aprender novas modalidades e, aos poucos, está se tornando um “multiatleta”. Peterson Rosa, Gustavo Kuerten e Tiger Woods que se cuidem. Vem aí o Kaká surfista, tenista e golfista.

O meia ainda tropeça na prancha, mas já começa a fazer os primeiros movimentos. Aproveita a folga de fim de ano para aprimorar as técnicas. Está, desde sexta-feira, na Riviera de São Lourenço, litoral norte, acompanhado da família e do amigo e colega de profissão Júlio Baptista – seu melhor amigo no futebol, desde os tempos das categorias de base do São Paulo. “Todo mundo falava que era legal, então resolvei experimentar para ver se era tão bom mesmo.”O professor de Kaká não é nenhum atleta, mas um dos assessores de imprensa do São Paulo, Juca Pacheco. “Foi o Juquinha que me ensinou a surfar”, conta.

No tênis, tem um pouco mais de experiência, mas ainda está longe de ser um Guga. O instrutor e companheiro é seu empresário, Wagner Ribeiro. Quando estão na capital, jogam em Alphaville, mas preferem, mesmo, trocar raquetadas no litoral. Ribeiro, que estava num cruzeiro marítimo, chegou ontem à Riviera, onde ficará com a família do jogador até a virada de ano. “Vamos jogar bastante”, comentou o procurador, que cuida da carreira do meio-campista desde que ele surgiu no futebol, em 2001. Kaká “estourou” na disputa do Torneio Rio-São Paulo, e dali para o estrelato (e a participação na Copa do Mundo) foi um salto rápido.

E quem o iniciou no golfe foi nada menos que Ronaldo, atacante do Real Madrid. Durante a Copa do Mundo, na Ásia, o Fenômeno (que já pratica o esporte desde os tempos em que jogava no Real Madrid) o incentivou a dar suas primeiras tacadas. Agora, quem continua o trabalho é Alexandre Leite, gerente de Marketing da Ambev, da qual Kaká é garoto-propaganda – o acordo aconteceu dias antes da Copa do Mundo. Há três semanas, o meia voltou a se encontrar com Ronaldo num campo de golfe, só que no Rio.

O surfe, o golfe e o tênis são bons remédios anti-estresse para o são-paulino, que, a cada dia, ganha prestígio e vê sua responsabilidade aumentar. Na terça-feira, apareceu na lista do jornal uruguaio “El País” como um dos candidatos ao prêmio Rei do Futebol da América, promovido pelo diário. Na sexta-feira foi recomendado por Ronaldo ao Salamanca, da Espanha.

Há 10 dias, chegou a Madri como um ilustre desconhecido para defender a seleção de estrelas do resto do mundo contra o Real Madrid, em jogo que encerrou as festividades do centenário do clube. Todos os astros se reuniram no mesmo hotel na capital espanhola. No dia do amistoso, algumas horas antes, Kaká apareceu no hall com os outros jogadores para almoçar. A imprensa correu para cima de Rivaldo, Cafu, Cavallero, Klose, Roberto Baggio e não deu bola para o são-paulino. Após a partida foi o mais assediado.

Com um belo gol e um passe perfeito para que o francês Cisse marcasse outro, mostrou seu talento aos europeus e passou de desconhecido a respeitado no Velho Continente. Na ocasião, conversou com empresários e dirigentes do mundo todo.

Mesmo badalado e famoso, não perdeu o jeito moleque de ser. No dia seguinte ao amistoso, foi com o procurador e o pai, Bosco Izecson, à estação de esqui de Megève, na França, para realizar um sonho: brincar com a neve. Não se arriscou, contudo, a aprender a esquiar. Afinal, jogar futebol, tênis, golfe e surfar já está de bom tamanho para seu currículo.

Europa, só em time de ponta

Eduardo Maluf

São Paulo (AE) – Kaká disse à Agência Estado, há algumas semanas, estar pronto para jogar no futebol europeu, apesar de garantir que “se sente feliz” no São Paulo. O pai do jogador, Bosco Izecson, que tem influência direta em sua vida e controla todos os seus passos, concorda e, agora, admite uma negociação, hipótese que não cogitava há alguns meses por considerá-lo jovem demais.

“Ele sempre teve a cabeça boa e, agora, também está preparado fisicamente. Está mais forte e se encaixa ao perfil europeu.” Kaká submeteu-se a um trabalho de fortalecimento muscular e ganhou 10 quilos.

Bosco, que é engenheiro, disse não acreditar no noticiário que chegou da Europa, segundo o qual o Salamanca, da Segunda Divisão da Espanha, poderia contratar o meia são-paulino com a ajuda de Ronaldo. E assegurou que seu filho não sairá do Brasil para jogar num clube considerado pequeno, que não tenha grandes ambições.

“A idéia é que ele saia daqui para jogar num time de ponta, não num time pequeno. Se não, é melhor ficar no São Paulo que é um grande clube.”

O meia não tem obsessão por se transferir para o futebol europeu neste momento, pois acha que ainda pode conquistar títulos e entrar para a história do São Paulo. Não esconde, contudo, o desejo de, no futuro, fazer parte de um dos badalados campeonatos do Velho Continente. “Culturalmente vai ser importante e para a minha vida pessoal também.”

Por enquanto, o São Paulo não recebeu proposta para negociá-lo. O presidente do clube, Marcelo Portugal Gouvêa, acha que pode segurá-lo até a Olimpíada de 2004. “Não sei se algum clube vai ter condições de pagar US$ 20 milhões pelo Kaká, porque o mercado europeu está retraído.”

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