Edmílson volta à zaga da seleção e aproveita a fase

São Paulo

(AE) – O técnico Carlos Alberto Parreira sempre que pode ressalta a importância dos jogadores versáteis, modernos. E gosta de citar um exemplo de atleta completo, pela capacidade de se sair bem em várias funções. Trata-se de Edmílson, ex-São Paulo e Lyon e recentemente contratado pelo Barcelona.

O ?coringa? da atual seleção vem-se destacando na equipe como volante, desde o ano passado. Mas na Copa do Mundo de 2002 teve ótima participação como zagueiro, ao lado de Lúcio e Roque Júnior.

Chegou a marcar um belo gol no Mundial, na vitória do Brasil por 5 a 2 sobre a Costa Rica, numa meia bicicleta. No Lyon, por quatro anos, Edmílson jogou como zagueiro. Mas depois que foi efetivado no meio por Parreira parece ter começado uma nova fase de sua carreira. Tanto que já atuou duas vezes pelo Barcelona como encarregado de proteger o meio-de-campo da equipe.

Seria esta a opção de Parreira para escalar Edmílson hoje, contra a Bolívia. O paulista de Taquaratinga poderia deixar Gilberto Silva no banco de reservas. Mas como Lúcio não foi convocado e Juan sofreu um pequeno trauma na cabeça, o treinador preferiu optar pela experiência do campeão do mundo para formar dupla com Roque Júnior. Abriu mão assim de escalar Luisão ou Cris, que vão ficar entre os suplentes nesta tarde.

Edmílson vai voltar hoje à zaga, mas com total liberdade de ir ao ataque. O técnico sabe que a marcação forte dos bolivianos pode dificultar o trabalho de Ronaldo e companhia e, por isso, quer que Edmílson arrisque investidas à frente, a fim de surpreender a defesa do lanterninha das eliminatórias do Mundial de 2006.

Ele também já está orientado a seguir para a área da Bolívia toda vez que houver um escanteio ou uma falta perigosa a favor do Brasil. Nos treinos da semana, Edmílson mostrou que também é bom nas finalizações de cabeça. “Como é característico dos zagueiros se antecipar ao atacante para tirar a bola de sua área, por que não utilizar essa virtude também no ataque, com outro propósito?”, indagou o coordenador Zagallo.

Ao todo, Edmílson já fez sete gols no Morumbi, de acordo com sua estatística. Ele está há quatro anos sem jogar no estádio, do qual destaca a qualidade do gramado. O hoje improvisado zagueiro da seleção disse que o Brasil não pode cometer falhas contra a Bolívia, referindo-se mais especificamente aos contra-ataques do adversário. “A qualidade é necessária, um zagueiro não pode somente dar chutões. Mas, às vezes, isso é um recurso, porque na área não pode haver erro.” Nas conversas com o grupo, durante a preparação em Teresópolis, Parreira advertiu a zaga para não se descuidar com o atacante Botero, o único boliviano que deverá ficar entre Edmílson e Roque Júnior.

Poder rever os amigos do São Paulo é outro motivo de alegria para Edmílson, no jogo desta tarde no Morumbi. Ele está ansioso para conversar com funcionários do clube, com quem se acostumou pelo contato diário de quatro anos. Do Morumbi, a melhor recordação é a da final do Campeonato Paulista de 2000, num jogo em que o empate por 2 a 2 com o Santos deu o título ao São Paulo.

“Eu era o capitão do time. Foi o momento mais importante para mim no estádio.” Ainda mantendo sentimento forte pelo clube, Edmílson lamentou a demissão do técnico Cuca, após derrota do São Paulo para o Coritiba. “O Cuca não pode ser culpado por coisas que não estejam funcionando bem.

Mas, no fundo, os próprios treinadores têm culpa nesse vai-e-vém que é a profissão deles. O cara sai mal do clube, seis meses depois volta.

Falta até respeito entre eles mesmos.”

Beletti assume a posição na ala direita

Pedro Motta Gueiros

São Paulo (AG) – A agressividade que o Brasil precisa para furar a retranca da Bolívia, o lateral-direito Belletti já exibiu fora de campo. Cansado de ser questionado, o substituto do titular Cafu, punido pela comissão técnica, disse que tem uma história na seleção brasileira construída por seus méritos. E não aceita a idéia de que a partida de hoje é uma chance de se afirmar diante da torcida brasileira. Aos 28 anos, o paranaense lateral do Barcelona foi campeão mundial há dois anos, no Japão e na Coréia. Já foi convocado 52 vezes e atuou em 22 jogos, num total de 1.383 minutos em campo. Fez um gol.

AG – Você é campeão do mundo e joga no Barcelona. Ainda falta reconhecimento no Brasil?

Belletti: Estou cansado de falar disso. Essa rejeição vem de pequena parte da imprensa, não do público. Estou há quatro anos na seleção brasileira e sempre que vou jogar é a mesma coisa, voltam a falar nesse assunto.

AG – Considera que já se firmou na seleção?

Belletti: Dos últimos quatro treinadores da seleção, todos me convocaram. Isso é um sinal de que estou fazendo coisas boas.

AG – Lembra de algum jogo marcante na seleção?

Belletti: Joguei bem numa vitória por 2 a 0 sobre o Paraguai em Porto Alegre e nos 3 a 0 sobre a Venezuela, no Maranhão, nas eliminatórias para a Copa de 2002. Na Copa, atuei por poucos minutos e gol, só fiz um na Copa América de 2001, contra o Paraguai.

AG – O que achou da punição aos jogadores, entre eles Cafu, que é o titular da sua posição?

Belletti: Esse é um assunto para ser resolvido entre a CBF e os clubes, o jogador não tem nada com isso. Sou muito amigo do Cafu, a quem considero um exemplo de jogador e de homem. Jantamos juntos recentemente após um jogo do Barcelona com o Milan.

AG – Acredita que vão estar juntos na seleção até a próxima Copa?

Belletti: Ainda falta muito tempo. Parece pouco, estamos há dois anos da Copa, mas muita coisa ainda vai acontecer. No Mundial passado, muitos jogadores entraram no time e asseguraram a vaga três meses antes. Não dá para pensar na Copa do Mundo ainda, é preciso se manter bem para chegar até lá.

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