Dúvidas de Cuca começam no gol


Flávio já está liberado pelo DM, mas, por enquanto, só faz treinos físicos em separado.

A partir das 15h30, o técnico Cuca deve colocar no campo 4 do CT da Graciosa a base do Coritiba para o jogo de domingo contra o Vasco, e que deve ser também a formação mais plausível para as partidas fora de casa (assim como o confronto contra o time carioca, marcado para São Januário). E o treinador alviverde não pretende alterar o que deu muito certo – no 4×2 sobre o Fluminense -, apenas adaptando possíveis alterações.

A primeira dúvida, óbvia, está no gol. Sem Fernando, que foi liberado para acertar os detalhes de sua transferência para o União de Leiria, Cuca terá que escolher (com a ajuda do preparador de goleiros Pardal) entre Fernando Vizzotto e Douglas. "Eu já tenho em mente quem é que vai estar em campo. Mas os dois estão no mesmo nível, e por isso quero observar um pouco mais", comenta.

E ele está fazendo esta avaliação na "prática". No treino de segunda, os goleiros foram trabalhados pelo técnico e pelo auxiliar Cuquinha. Ontem, o único treino foi de arremates a gol, e mais uma vez Douglas e Vizzotto foram exigidos – e observados – por Cuca.

Outro problema, este preocupante para Cuca, é a lenta recuperação de Flávio. Ele já foi liberado pelo departamento médico, mas ainda faz trabalhos físicos em separado. "Clinicamente está tudo bem, só que o tempo que ele ficou afastado foi grande", explica o médico William Yousef. Mesmo assim, o zagueiro é, entre os lesionados, o que tem mais chances de estar em campo no domingo – Marquinhos e Reginaldo Vital, inclusive, já foram descartados pelo treinador.

E a possível ausência de Flávio deixaria Cuca sem o líbero, peça fundamental no 3-5-2 que deu certo em Volta Redonda, e que deve ser repetido contra o Vasco. "Estou esperando. Se o Flávio estiver bem, ele joga normalmente", diz o técnico.

Capitão detona racismo

Reginaldo Nascimento é o capitão do Coritiba e símbolo da boa fase que o clube viveu entre 2003 e 2004. Além disso, o volante tornou-se o único remanescente deste período -Fernando, outro que passou todo este tempo como titular, está de malas prontas para Portugal. Assim, poucos dentro do clube (mesmo dirigentes e membros da comissão técnica) podem avaliar o momento alviverde como ele.

E, aos 30 anos, ele vive um período de maior conscientização, fruto da liderança assumida no elenco, das relações mais próximas com os dirigentes e de uma visão diferente do mundo. Principalmente do preconceito racial, que ainda existe e o preocupa – Reginaldo Nascimento usa a pulseira da campanha contra a discriminação lançada na Europa. Nesta entrevista ao Paraná-online, o capitão coxa fala sobre estes assuntos e dá um depoimento inédito sobre o racismo.

Paraná-online – Você está usando a pulseira da campanha contra o racismo. Neste ano tivemos muitas situações que passaram o limite do bom senso. Esta campanha chega na hora certa?
Reginaldo Nascimento – Eu acho que chegou um pouco tarde. O futebol sempre foi citado como o esporte que une as raças, acaba com as guerras…

Paraná-online – Ainda mais aqui no Brasil.
Reginaldo Nascimento – A gente já tinha sofrido alguma coisa. Mas quando fica escancarado é que existe a polêmica. Existe um preconceito e ele era um pouco mascarado. Agora não, tem atingido atletas de alto escalão, os jogadores melhores do mundo. E aí vem a campanha, que veio tarde mas era necessária. Eu só lamento porque sempre se pregou no futebol esta unidade de raças e o povo brasileiro está esquecendo isto, adotando esta moda horrível que vem de fora. Fico triste pelo que passamos aqui e pelo que acontece lá fora. Na Alemanha, diminuiu muito porque há negros defendendo a seleção. E há países que não aceitam isso, talvez porque não têm negros em suas seleções.

Paraná-online – Como está sendo este período de interrupção do Brasileiro?
Reginaldo Nascimento – São semanas muito importantes para a gente ver que está no caminho certo. E podemos aproveitar para corrigir o que nós erramos.

Paraná-online – Como você avalia o Coritiba nesta temporada?
Reginaldo Nascimento – Eu tenho plena certeza que este ano vai ser legal. Mesmo porque a gente sente que o espírito do grupo está pra cima. Todos que vieram nesta temporada estão ajudando. Tudo isso faz acreditar que o que vem pela frente será melhor que no primeiro semestre.

Paraná-online – E o contato com o Cuca nas primeiras semanas?
Reginaldo Nascimento – É um trabalho muito bom. Ele pegou algumas coisas que o professor (Antônio) Lopes deixou, acrescentou suas idéias e tem nos motivado a jogar muito mais para frente. E o grupo, por ter um campo muito mais rápido agora, está se acostumando a jogar no ataque. E na defesa nós aumentamos a responsabilidade na marcação. E ficamos felizes porque já se vê resultados e a expectativa de que podemos melhorar ainda mais.

Paraná-online – E como os jogadores se adaptaram à mudança de filosofia de jogo?
Reginaldo Nascimento – Mudamos a característica. Éramos uma equipe de muita marcação e agora temos que jogar com responsabilidade, mas no ataque. Muda-se um pouco, mas nada demais. E o jogador é condicionado a fazer algumas coisas. Então, treinando e condicionando o grupo, não há problemas.

Paraná-online – O grupo já está à vontade com o Cuca?
Reginaldo Nascimento – Este grupo é muito inteligente e também muito amigo. As pessoas que têm chegado aqui têm ficado muito à vontade. E não foi diferente com o Cuca e com os profissionais que vieram com ele. Toda idéia que é passada para a gente nós tentamos assimilar da forma mais rápida possível. O Cuca já tem o trabalho traçado e está tudo correndo normalmente.

Paraná-online – Como você avalia a saída do Fernando?
Reginaldo Nascimento – Perde-se muito. Além dele estar vivendo um grande momento, é uma grande pessoa, que tinha uma voz ativa no grupo e que todos respeitam. Ele se tornou um ídolo, tendo o apoio dos torcedores e o nosso respeito. A gente perde muito com a saída do Fernando, mas ficamos felizes em ver o trabalho dele reconhecido. E que ele tenha muito sucesso.

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