Não há como escapar. Ontem terminou o prazo para que os clubes, obrigados pela Medida Provisória do Futebol, publicassem seus balanços de 2001 em jornais de grande circulação. Quem não cumpriu a sua parte pode ser punido – os dirigentes seriam afastados de seus cargos e seus atos posteriores ao fim do prazo seriam considerados nulos. Mas isso não atrapalha a dupla Atletiba: os clubes publicaram seus balanços antes do final do prazo, cumprindo o que exige o governo.

A atitude do Ministério dos Esportes (personificado no seu secretário-executivo José Luiz Portella) irritou os principais clubes do eixo Rio-São Paulo. O comandante da tropa de choque é ele, Eurico Miranda. O presidente do Vasco diz que os clubes são entidades sem fins lucrativos e que após a posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva a MP será considerada anulada. A posição confronta-se com a do Clube dos 13, que não precisa publicar balanço – mas espera que seus filiados publiquem.

E não se espere maior benevolência do governo ano que vem. O futuro ministro dos Esportes Agnelo Queiroz (PC do B) quer a instituição do Estatuto do Desporto, de autoria do deputado federal Gilmar Machado (PT-MG). No artigo 210, está claro que quem “deixar de publicar as demonstrações contábeis e os balanços patrimoniais de cada exercício” estará sujeito ao “afastamento da função e inelegibilidade para quaisquer funções no prazo de oito anos, sem prejuízo de outras penalidades previstas na legislação”. E a deteminação é que se publique o balanço do ano-fiscal de 2002 até o dia 13 de fevereiro de 2003.

Por isso os clubes paranaenses fizeram como manda a cartilha do governo. “Aqui se faz a coisa certa”, diz o presidente coxa Giovani Gionédis. “O Atlético não tem absolutamente nada a esconder”, completa o mandatário rubro-negro Mário Celso Petraglia. O Coritiba publicou o balanço na segunda-feira, enquanto o Atlético o fez ontem. No Paraná, o presidente Ênio Ribeiro está em férias no exterior, e o vice-presidente financeiro Pedro Poitevin não foi encontrado.

Nossas equipes são favoráveis a que se divulguem os balanços. “A medida provisória veio para que a sociedade fiscalize os clubes. Todos os interessados podem ver o que quiserem pela internet”, explica Petraglia. Os clubes tiveram que realizar o serviço completo: trabalhar com auditores independentes, abrir totalmente seus livros-caixa e apresentar à população o quanto entrou e quanto saiu de dinheiro em 2001. Melhor para o futebol.

Vermelho

Avaliando os balanços, vê-se que os clubes da capital tiveram prejuízo em 2001. No espaço destinado à “Demonstração das Mutações do Patrimônio Social do Exercício Findo em 31 de Dezembro de 2001”, o balanço atleticano registra déficit de 1,438 milhão de reais, e o Coritiba de 1,116 milhão.

Na página que exibe o balanço do Atlético, existe um “parecer dos auditores independentes”, que em tese explica os resultados do ano-fiscal. “Parte dos tributos vem sendo calculada com base em entendimento restrito (…) que ainda carecem de conclusão dos estudos nos que estão baseados. (…) O efeito no resultado do exercício seria uma redução de aproximadamente R$ 700 mil”, diz a Moore Stephens Sfai, que auditou as contas rubro-negras.

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