Peterson Rosa vai encarar
Renan Rocha hoje nas oitavas.

Garopaba, SC – Depois de três dias de espera, e sem mais tempo a perder, o circo itinerante do Nova Schin Festival WCT Brasil voltou a colocar sua caravana na estrada, retornando à praia do Silveira, em Garopaba, onde na terça-feira passada foi disputado o primeiro dia de competições. Ontem foram disputadas as 16 baterias do terceiro round e somente dois dos dez brasileiros que foram para a água se deram bem e seguem na luta pelo título da décima etapa do Circuito Mundial.

Melhor para os estrangeiros que deram show e eliminaram nada menos que sete brasileiros no terceiro round da décima etapa do Circuito Mundial de Surfe. Somente Renan Rocha conseguiu eliminar um “gringo”: e fez bonito ao mandar mais cedo para casa o australiano Taj Burrow, terceiro colocado do ranking, com direito a show de histeria do gringo ao final da bateria 13, socando o mar e quebrando sua prancha ao sair da água. Renan marcou 12,66 x 9,10 contra Burrow e passou metade da bateria com o bico da prancha quebrado ao final de uma manobra longa, quando chegou perto da praia.

Na bateria seguinte, o confronto brasileiro entre Peterson Rosa e Paulo Moura foi melhor para o paranaense, que avançou às oitavas-de-final, marcando 13,37 a 11,74. Com a derrota, Moura perdeu duas posições no ranking, caindo de 18.º para vigésimo, enquanto Peter subiu para a 26.º.

Gringos massacram

Cerca de cinco mil pessoas invadiram a Praia do Silveira. Sentados à beira da pequena praia, todos acompanharam o massacre dos gringos sobre os brasileiros nas dez primeiras baterias, com sete vitórias em todos os confrontos até aquele momento. Sob um sol forte, mar gelado e ondas que ficaram longe do esperado ao invés do swell (entrada de ondulações leia matéria abaixo) grande, o que se viu ontem no local de competição foram ondas de no máximo 1 metro, com mar mexido. Mesmo assim o nível dos competidores fez com que a galera acompanhasse belas manobras.

Mick Fanning despachou Rodrigo Dornelles (14 x 12,17), Richard Lowett suou para superar Neco Padaratz (11,70 x 10,93), Joel Parkinson passeou sobre um apagado Marcelo Nunes (14,67 x 6,90), Trent Munro venceu Victor Ribas (10,96 x 8,27), Andy Irons atropelou Tânio Barreto (15,67 x 9,84), enquanto Kelly Slater teve trabalho para superar Odirlei Coutinho (13,83 x 13) e Kalani Robb passou fácil por Guilherme Herdy (12,84 x 6,67). O maior escore do dia foi de Beau Emerton, que superou Luke Egan por 16 a 15,34, na sexta bateria.

Previsão de ondas fura

Garopaba, SC ? O penúltimo dia de disputas do Nova Schin Festival WCT Brasil, que está sendo disputado no litoral catarinense, foi de decepção para o diretor de prova Xandi Fontes. “Todos os mapas meteorológicos indicavam a entrada de um swell, com ondas de 6 a 8 pés (de 3 a 4 metros). Mas a previsão não se confirmou e como temos um prazo a cumprir, nada pudemos fazer a não ser confirmar a competição aqui para o Silveira”, revelou.

Apesar da reclamação da maioria dos surfistas estrangeiros, que ficaram assustados com o volume de caminhões trafegando pela BR-101, Xandi lembrou ter sido dada a todos os competidores a opção de a viagem ser feita de ônibus, da base instalada na Praia Mole, até a Silveira. “Mas eles não usufruíram deste benefício, preferindo vir de carro”, explicou Fontes.

O diretor ainda lembrou de todas as dificuldades enfrentadas para conduzir o evento ao longo da janela de realização de nove dias, iniciada no último dia 27 de outubro, com um primeiro dia de frente fria, a falta de energia que durou mais de 50 horas, confisco do gerador que seria utilizado no evento para servir à defesa civil e o pior segundo Xandi, que foi a inexplicável ausência de ondas, onde normalmente e em condições similares elas “bombam” o ano todo. “Depois da frente fria, a segunda do evento, e um vento sul de até 120 km/h, havia a expectativa de grandes ondas. Mas infelizmente isso não ocorreu. São as provações deste ano que nos darão ainda mais experiência para a próxima temporada”, finalizou Fontes, presidente da Federação Catarinense de Surfe, uma das entidades que assinam o evento.

Neco fora

A principal decepção no entanto foi dada no início do oitavo dia do evento foi a eliminação precoce do brasileiro Neco Padaratz. Surfista criado na Joaquina, e uma das esperanças da torcida local, ele teve dificuldades de encontrar boas ondas no mar pequeno da Praia do Silveira. Visivelmente frustrado, foi sucinto em seus comentários, revelando ainda que esperava melhores condições de mar. “Me disseram que o mar estaria melhor. Sinto mal estar por estar passando por uma ótima condição técnica, mas não ter conseguido vencer esta bateria”, revelou Neco, que foi derrotado com a menor diferença por Richard Lowett (11,70 x 10,93), na terceira bateria do terceiro round, que classifica para as oitavas-de-final da décima etapa do Circuito Mundial de Surfe em 2003.

Kelly marca em cima e avança

O dia foi de emoções em Garopaba para o ubatubense Odirlei Coutinho. Ele enfrentou na sua bateria da terceira fase nada menos que o hexacampeão mundial Kelly Slater, que passou maus bocados, por estar atrás em duas oportunidades. Falou mais alto, no entanto, a experiência do americano. No último terço da bateria, Slater fez um high-score e passou a marcar Odirlei, evitando que o brasileiro dropasse boas ondas, fazendo valer sua prioridade de optar pela onda.

A atitude causou protestos da torcida, mas Slater revelou que “não era nada pessoal. Estou no meio de uma competição e não posso perder a concentração num momento decisivo do mundial”.

Simpático, Kelly revelou ainda preferir Florianópolis ao Rio para sediar a etapa do WCT, pois é uma cidade surfe (tem praias e o povo conhece e acompanha o esporte). Sobre o grande assédio do público, ele fala que fica impressionado com o que acontece no Brasil. “Aqui é diferente de todos os outros lugares do mundo.”

Sobre o título, Kelly Slater diz ter de aproveitar o momento ruim por que passa seu principal oponente. “Felizmente para mim, o Irons não está nos seus melhores dias”, opinou o líder do circuito, revelando ainda que está satisfeito com a etapa brasileira, dizendo ainda que o fato de Teco, um surfista, fazer parte da organização dá um equilíbrio maior entre os interesses dos surfistas e dos organizadores.

Confronto de brasileiros hoje pelo WCT Brasil

Dia de rei teve Renan Rocha. O paulistano de 32 anos roubou a cena no oitavo dia do Nova Schin Festival WCT Brasil, ao despachar o terceiro colocado do ranking mundial, e até então candidato ao título, Taj Burrow. Num final de bateria de arrepiar, ele fez valer sua prioridade na onda, e mesmo sem o bico da prancha, venceu Burrow, que deu adeus ao sonho do título. “Comecei bem a bateria, e o que fiz foi administrar o resultado. Dei sorte de achar uma onda muito boa e o meu resultado mostra que nós brasileiros somos feras também.”

Já Peterson Rosa, que eliminou Paulo Moura, afirmou não gostar de ter de enfrentar brasileiros no circuito mundial, mas não pretende dar mole. Coincidência ou não, Peter passou por Armando Daltro na repescagem, superou Moura ontem, e hoje, nas oitavas-de-final, vai ter pela frente outro brasileiro: Renan Rocha.

“É o SuperSurf no WCT”, brincou Rosa que agradeceu a Deus por sua passagem para as oitavas. “Preferia ganhar de um gringo, mas paciência. Também quero avançar no WCT e garantir um resultado para chegar sem tanta cobrança no Havaí (onde acontecerão as duas etapas finais da temporada)”, finalizou o paranaense.

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