Pouco mais de dois anos após mudar de dono, o Pinheirão continua do mesmo jeito. Arrematado em um leilão pelo empresário João Destro por R$ 57,5 milhões, no dia 28 de junho de 2012, o terreno onde está localizado o estádio segue sem ser utilizado. A única diferença é que perdeu a cara de terreno abandonado. Desde que foi fechado, em 2007, o Pinheirão ficou “jogado às traças”, sem nenhum tipo de cuidado e se tornou um depósito de lixo. “Está do mesmo jeito que estava um ano atrás. Estamos apenas fazendo a manutenção e limpeza do local. Para se ter uma ideia, tinha uma árvore de três metros de altura onde era a arquibancada. Fizemos uma limpeza geral e daqui uns dias vamos iniciar um trabalho de recuperação das calçadas. Alguns vizinhos fazem sujeira e temos que limpar”, explicou João Destro, ao Paraná Online.

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Desde que foi vendido, o local já foi alvo de várias especulações, como a possível construção de um novo estádio, que seria utilizado por Coritiba ou Paraná, passando pela possibilidade de se tornar um hipermecado ou um condomínio residencial. No entanto, a tendência é que nada mude por lá por mais um bom tempo. “Não temos nenhum projeto que mude o que está lá. Paramos de perder tempo. Tinha muita gente querendo fazer proposta, apresentar projetos, mas achamos melhor parar por enquanto. Vamos fazer uma obra que orgulhe os curitibanos”, afirmou o proprietário do Grupo Destro.

A tranquilidade para definir o destino do Pinheirão se deve à confiança de que a região – o estádio é localizado no bairro do Tarumã – continue se valorizando e que, consequentemente, o local também seja mais procurado. Além disso, bem em frente ao complexo poliesportivo fica o Jockey Club do Paraná, que terá parte do seu terreno transformado em shopping center, o Jockey Plaza Shopping. A expectativa é que o empreendimento seja inaugurado no primeiro semestre de 2017 e que o centro de comércio alavanque ainda mais a região norte.

Por enquanto, a compra do Pinheirão só deu prejuízo ao seu novo dono. Isto porque, além dos R$ 57,5 milhões gastos no leilão, as despesas para manter o local não são poucas, como a limpeza, a manutenção, a segurança do local, que conta com vigilantes 24 horas por dia e as contas de forma geral. Em contrapartida, o único retorno financeiro de lá para cá é através do aluguel para parques de diversão, circos e venda de carros. “A prefeitura nos cobrou R$ 300 mil de iptu este ano. Como negócio, evidentemente a gente espera que a valorização do imóvel justifique isso, para que quando resolvermos fazer algo, tudo isso seja levado em consideração”, completou João Destro.

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História de fiascos e alegrias

Aliocha Mauricio
Como o Pinheirão estava em 2007, quando foi interditado.

Inaugurado no dia 15 de junho de 1985, o Pinheirão foi projetado com a ambição de ser um dos maiores estádios do Brasil. A primeira proposta, ainda em 1956, era para que a capacidade do local fosse para 180 mil pessoas. Na segunda ideia, no final dos anos 1960, quando a obra começou a ser tocada, a capacidade caiu para 127 mil torcedores.

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Devido à falta de recursos, o estádio só foi inaugurado em 1985, ainda incompleto, já na era Onaireves Moura. Em 27 anos de existência, o Pinheirão coletou fiascos e alegrias. Recebeu quatro jogos da seleção brasileira, sendo três amistosos (empates em 1×1 com o Chile, 1986, e Argentina, 1991, e vitória por 2×0 sobre Camarões, 1996), e uma partida oficial, no empate em 3×3 com o Uruguai pelas eliminató,rias da Copa
do Mundo.

O estádio também viu três títulos estaduais serem conquistados nele. Um para cada equipe da capital. O primeiro foi o Atlético, em 1998, partida que, inclusive, rendeu o recorde de público do local, com 44.475 pessoas. No ano seguinte, foi a vez do Coritiba levantar a taça. O útlimo título ali conquistado foi em 2006, pelo Paraná. Em 1999 recebeu a final da Copa Sul, vencida pelo Grêmio em cima do Paraná.

Também foi por muito tempo a casa temporária de Furacão e Tricolor. Chegou até a sediar um confronto internacional entre a dupla, quando se enfrentaram pela Copa Sul-Americana de 2006 (vitória do Rubro-negro por 3×1).

O último jogo no estádio aconteceu no dia 11 de março de 2007, na vitória do Cianorte por 2×1 sobre o J. Malucelli, pelo Campeonato Paranaense.

Até que no dia 30 de maio de 2007, por falta de pagamentos nas obras realizadas em 2002, além da falta de laudo do corpo de bombeiros, o Ministério Público interditou o local. Na ocasião, o elenco do Paraná estava indo para o estádio para treinar e recebeu a notícia no meio do caminho, precisando mudar de última hora o lugar das atividades.

Burocracia resolvida

Arquivo
Em 2009, estádio, já abandonado, foi se deteriorando

Além das despesas, o Pinheirão gerou muita dor de cabeça para João Destro. Apesar de ter adquirido o terreno há dois anos, somente há três meses é que ele não tem mais com o que se preocupar com questões burocráticas.

O andamento da documentação do estádio foi em um ritmo lento. O registro de imóvel só foi concecido ao empresário no final de outubro de 2012, três meses após o leilão. Mesmo assim, as ações que a Federação Paranaense de Futebol (FPF) tinha contra ela, por conta de dívidas com a receita federal, IPTU, INSS e Atlético, que totalizavam cerca de R$ 60 milhões, atrapalharam ainda mais essa transferência de proprietário. Sem contar outros credores.

Apenas em abril deste ano é que tudo, de fato, foi regularizado, sem qualquer antigo credor exigindo seus direitos. “Levamos quase um ano e meio para acertar as documentações. Eram mais de 200 penhoras e hipotecas. Aí tudo aquilo foi cancelado, só que a justiça é morosa, então uns três meses atrás é que conseguimos que as matrículas fossem emitidas sem nenhuma restrição e vínculo. Estamos pagando Iptu, tudo certinho”, garantiu Destro.