Arena Joinville

Detidos após briga serão indiciados por três crimes

Os cariocas Leone Mendes da Silva, de 23 anos – encontrado no banheiro do ônibus que levaria os torcedores para o Rio de Janeiro -, Arthur Barcelos de Lima Ferreira, de 26, e Jonathan Santos, de 29, serão indiciados por tentativa de homicídio, associação ao crime e incitação à violência. Os três, que são vascaínos, estão no Presídio Regional de Joinville (SC).

Jonathan esteve envolvido em outra pancadaria entre torcidas neste Campeonato Brasileiro. No dia 25 de agosto, ele foi mostrado por várias imagens durante a briga que ocorreu no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, durante a partida entre Vasco e Corinthians. Em 2007, chegou a ficar preso três meses sob a acusação de ter participado da morte do torcedor flamenguista Germano Soares da Silva em confronto ocorrido no centro do Rio, mas o processo contra ele foi extinto por falta de provas.

Na última segunda-feira foi identificado mais um participante da briga em Joinville. Trata-se de Juliano Borghetti, ex-vereador (PP) de Curitiba e genro do deputado federal Rubens Bueno (PPS). Durante o seu mandato (2009 a 2012), Borghetti foi co-autor de um projeto de lei segundo o qual os torcedores deveriam ser identificados antes de entrarem nos estádios.

Fotos e imagens de TV o mostram no meio de um grupo de atleticanos que parte para cima dos vascaínos. No meio da semana retrasada ele havia sido flagrado por uma equipe de TV urinando em uma rua do Rio de Janeiro antes da partida entre Flamengo e Atlético Paranaense, no Maracanã, pela final da Copa do Brasil.

Colaboração

De acordo com o delegado regional de polícia de Joinville, Dirceu da Silveira Júnior, os feridos e liberados já prestaram depoimentos. Ele garantiu que as investigações continuam e acredita que outros participantes do conflito logo serão identificados. “A diretoria do Atlético já disse que vai colaborar para identificar seus torcedores. E com a ajuda da polícia dos estados do Paraná e do Rio de Janeiro vamos indiciar todos os possíveis participantes”, afirmou.

O comandante do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (GEPE) do Rio de Janeiro, tenente-coronel da PM João Fiorentini, disse que só espera um pedido formal da polícia de Santa Catarina para dar sua parcela de colaboração. “Pelas imagens que vi, pude reconhecer vários daqueles torcedores no meio da confusão. Mas não posso agir no caso se não houver um pedido porque a investigação cabe ao Estado onde ocorreu o tumulto”.

Em nota oficial, o Atlético lamentou os “acontecimentos bárbaros” ocorridos na partida contra o Vasco e disse que vai tomar providências contra pessoas ligadas ao clube que possam ter tido algum envolvimento na briga. “A Diretoria Administrativa e do Conselho Deliberativo do Clube tomarão todas as providências para identificar os envolvidos e puni-los, caso tenham ligações com a instituição, ou denunciar às autoridades competentes qualquer um que tenha tido participação nos lamentáveis incidentes”, disse a nota.

O presidente Mário Celso Petraglia criticou duramente o comportamento dos torcedores rubro-negros em Joinville. “Temos de pensar definitivamente no problema da nossa torcida, que nos tirou da Vila Capanema (estádio em que o clube vem mandando seus jogos em Curitiba) por causa da punição que recebemos pelo que aconteceu no jogo contra o Coritiba. Se nós precisarmos dessa torcida, principalmente a organizada, para ganhar um jogo, é melhor irmos para casa. É preciso dar um basta”.

Petraglia também atacou os vascaínos. Em sua opinião, os torcedores cariocas agiram de forma premeditada. “Eles não queriam que o jogo terminasse”.

I,nternado

O estudante Willian Batista, de 19 anos, morador de Curitiba e torcedor do Atlético, é o único ferido que continua internado no Hospital da Unimed. Os outros três, que estavam no Hospital Municipal São José, já tiveram alta. São eles, Gabriel Vitael, de 20, Diogo Cordeiro da Costa, de 29 (ambos torcedores do Vasco e moradores do Rio de Janeiro) e Estevam Viana, de 24, seguidor do Atlético e morador da capital paranaense.

William, que sofreu traumatismo no crânio, recebeu na segunda-feira a visita de seu pai, Cidnei Batista. Ele conversou com o filho, que aparentava estar atordoado. “Eu me senti aflito, angustiado, porque quando envolve um filho a gente fica sem chão. Mas agora que falei com ele estou mais tranquilo”, disse. Colaboraram Julio Cesar Lima, Marcio Dolzan e Sílvio Barsetti.

Confira a galeria de fotos e ajude a identificar os torcedores-marginais envolvidos na confusão.