Derly chega ao Brasil com a medalha de ouro

Rio – Primeiro medalhista de ouro do judô brasileiro em um mundial, o gaúcho João Derly, de 24 anos, já sonha repetir a façanha nas Olimpíadas de Pequim, em 2008.

Os planos para o futuro são audaciosos, mas ele faz questão de relembrar o passado e tenta ainda assimilar o presente.

"A ficha ainda não caiu. Até agora estou pasmo", declarou João Derly, da categoria meio-leve, após o desembarque da delegação brasileira de judô, nesta quarta-feira, no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio. Ele subiu ao lugar mais alto do pódio ao derrotar seis adversários, a maioria por ippon. Por causa da performance, foi eleito o melhor judoca do torneio do Egito, entre 307 competidores.

A carreira do campeão mundial, porém, não foi marcada somente por momentos de sucesso. Em 2002, João Derly ficou afastado das atividades por seis meses depois de ser flagrado em um exame antidoping. Teve problemas também para se manter no peso ideal e quase abandonou a carreira. Por conta dessa briga com a balança, foi orientado pela comissão técnica da seleção a trocar de categoria, passou de ligeiro para meio-leve (até 66 kg).

Hoje, orgulha-se de sua perseverança para lutar contra as barreiras e, como qualquer atleta de ponta, quer melhorar o padrão de vida. Ele não tem patrocínio. O único sustento é a ajuda de custo de R$ 2 mil, entre salário, alimentação e estudo, do Sogipa, clube de Porto Alegre pelo qual compete desde os 6 anos. Mal dá para pagar suas contas. Mas agora João Derly espera começar a colher os frutos pela conquista inédita.

"Meus pais me dão um suporte. Moro com eles. Não tenho condições de me manter sozinho", afirmou João Derly, ciente de que, daqui para frente, os adversários vão enfrentá-lo com outra postura. "Não tem problema, é motivação para treinar com mais vontade ainda".

Sobre o futuro, João Derly vai começar a traçar as metas em poucos dias. Ele dirá se aceitará ou não uma proposta de um clube da Geórgia para disputar o campeonato alemão, em 2006. "Quero analisar também o salário", explicou.

Antes de responder ao convite, ele quer matar a saudade de surfar, de um bom churrasco e do seus pais, que foram recepcioná-lo no aeroporto. "O apoio familiar foi meu combustível para vencer. Dedico parte da medalha a eles", disse João Derly, bastante emocionado com a recepção que teve no Brasil.

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