Declarações de Campos podem abrir cisão no Paraná

e131110205.jpg

Fernando Lombardi, suspenso, ouviu
a entrevista do técnico pelo rádio.

As declarações bombásticas do técnico Paulo Campos após a derrota por 2 a 0 para a Adap, na quarta-feira, deixaram uma grande mágoa no elenco tricolor. A reafirmação de que o time tricolor é limitado e que com esse grupo fica difícil vencer deixou a turma da Vila chateada.

Sem papas na língua, o volante Messias, que esteve em campo na derrota, considerou a atitude do treinador errada. "Ele deveria ter tido um pouco mais de respeito. Todos ganham e perdem juntos, não dá para colocar a culpa só nos jogadores", disse o volante, com os brios feridos, pelo fato de o treinador ter generalizado os jogadores. "Eu fiquei sabendo através de ligações telefônicas dos meus familiares e fiquei surpreso. Magoa o jogador, mas vamos manter a cabeça erguida. O lance agora é reunir forças para tentar bater o Coritiba e chutar a crise pra longe."

O zagueiro Fernando Lombardi, que estava em Curitiba cumprindo suspensão automática, ouviu as declarações dadas por Campos à Rádio Banda B na íntegra e também não poupou o verbo para defender os jogadores. "Até certo ponto, fomos desrespeitados. Ele deve ter falado num momento de descontrole. Num grupo em que se perde a confiança do treinador, os jogadores ficam sem chão", disse.

Para Lombardi, Campos quis arrumar desculpas pelo mau resultado e acabou descontando no grupo. "Ele deveria ter guardado a opinião para ele. Agora, o que temos a fazer é buscarmos motivação entre nós mesmos e provar nossa capacidade em campo."

Experiência

O atacante Renaldo, que foi poupado da partida por sentir dores musculares, diz que não ouviu as declarações de Campos, mas usará sua experiência para ajudar a restabelecer a ordem na Vila. "É um time de jogadores novos, que foram contratados pelo clube e certamente estão dando o melhor de cada um. Esse é o grupo e temos que ir com ele até o fim."

O capitão Axel amenizou a situação, fazendo uma simples comparação. "Todo o técnico gostaria de ter um elenco como o do Real Madrid. Mas não é o caso. Então temos que jogar na superação e encontrar o caminho das vitórias." Para Axel, a situação é bem simples. "Jogadores profissionais devem conviver bem em clima de pressão também."

Diretoria é solidária ao treinador

Às vésperas do clássico contra o Coritiba, domingo, às 16h, no Pinheirão, o presidente do Paraná, José Carlos de Miranda, teve que comparecer à Vila Capanema para apagar o incêndio provocado pelas declarações do técnico Paulo Campos, que desceu o verbo no time após a derrota para a Adap.

Ao contrário do que se comentou nos bastidores – uma possível dispensa do treinador – a diretoria mais uma vez se mostrou solidária a Campos. "Não ouvi as declarações e vou esperar conversar com ele para saber se foi apenas uma explosão ou se algo convicto", amenizou.

Sobre as críticas de Campos ao elenco, Miranda foi enfático. "Ninguém quer perder. Só não concordo que a culpa seja direcionada apenas ao elenco. Quando perdem, perdem todos. E isso é um problema que tem que ser resolvido dentro do clube."

Na montagem do elenco, Miranda defendeu a diretoria, dizendo que manteve ao menos 60% do time do ano passado e trouxe reforços indicados pelo treinador. "A gente fez o que pôde, mas não está sendo o suficiente. Então temos que nos superar e pensar no clássico."

Paulo Campos não pensa bem assim. Ele quebrou o protocolo e decidiu conversar com a imprensa antes do treino, o que não é comum vindo dele. Ele lamenta que os jogadores que foram mantidos fazem parte do sistema defensivo e o setor de criação ficou deficiente. "Ainda trouxemos o Renaldo, que traz mais experiência na frente. Mas não é o suficiente. Falta a diferença. O time é apenas mediano. Temos um time que não vai cair, mas brigar pelo título fica complicado. E a culpa, na verdade, é da falta de dinheiro."

Sobre as declarações magoadas de alguns jogadores, que se sentiram ofendidos por terem sidos criticados aberta e publicamente, Campos foi direto. "Não tem isso de tristinho. Não temos a qualidade de um time campeão e vamos ter que trabalhar na superação. Não quero essa coisa de conversinha. Quem não estiver satisfeito, que pegue o boné e deixe a Vila."

Quanto à sua situação no comando, ele garantiu apenas uma coisa. "Tenho contrato e vou colocar o time em campo no domingo. Se tiver que sair, saio sem problemas, no mesmo astral de sempre. Vou ser o primeiro a saber, mas se a diretoria decidir por minha saída, vou embora na boa. Por enquanto, sigo no meu propóstio de não deixar o time cair".

Voltar ao topo