Londres 2012

De virada, Brasil perde para a Rússia no vôlei masculino

A seleção brasileira masculina de vôlei começou a disputa da decisão da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres com uma grande atuação nos dois primeiros sets, mas sofreu um apagão no fim do terceiro, viu a Rússia se impôr em quadra e sofreu uma amarga virada por 3 sets a 2 (19-25, 20-25, 29-27, 25-22 e 15-9), ficando com a prata, assim como quatro anos atrás, em Pequim.

Os brasileiros haviam vencido os russos por 3 a 0 na fase de grupos do torneio nos Jogos de Londres e tiveram dois match points na terceira parcial hoje. Porém, como haviam alertado o técnico Bernardinho e seus comandados, a final poderia ser diferente do duelo do último dia 31, e acabou sendo.

A medalha de prata deste domingo foi a terceira do Brasil no vôlei masculino, mas talvez a mais amarga. Em Los Angeles-1984, a seleção ainda não tinha construído um histórico de vitórias neste esporte e jogou na casa do adversário, os Estados Unidos, que contavam com uma grande geração. Em Pequim-2008, os brasileiros não tinham o mesmo favoritismo de quatro anos antes, quando ganharam o ouro.

Desta vez, a equipe de Bernardinho chegou a Londres desacreditada após um modesto sexto lugar na Liga Mundial – a pior campanha do país no torneio em 14 anos. Mas as boas atuações na Earls Court Arena e as eliminações de favoritos como a Polônia e, principalmente, os EUA nas quartas de final recolocou a seleção na condição de grande candidata ao ouro.

Com a prata, o Brasil desperdiçou a oportunidade de se juntar à seleta lista de maiores vencedores da modalidade entre os homens, que tem no topo Estados Unidos e União Soviética, com três conquistas cada.

Além disso, deixou de igualar o feito alcançado pela URSS nos Jogos da Cidade do México (1968) e de Moscou (1980) de ser campeão no masculino e no feminino. Após uma prata e dois bronzes, a Rússia foi campeã pela primeira vez após o fim do Estado socialista.

O grande destaque da vitória russa de hoje foi o central Dmitriy Muserskiy, de 2m18 de altura e que a partir do terceiro set foi improvisado como oposto. A mudança deu certo, e ele foi o maior pontuador da final, com 31. Os 27 pontos de Wallace de pouco valeram para o time de Bernardinho.

A derrota representou uma dura despedida da seleção para o líbero Serginho e o ponta Giba, que já confirmaram que não vestirão mais a ‘amarelinha’. Ricardinho e Rodrigão não anunciaram, mas dificilmente completarão o próximo ciclo olímpico.

O domínio brasileiro na decisão ficou nítido desde o começo. A equipe de Bernardinho abriu 5 a 1 nos primeiros minutos e foi para os tempos técnicos obrigatórios vencendo por 8 a 5 e 16 a 11. Os europeus não tiveram forças para reagir e perderam por 25 a 18.

A segunda parcial também não foi de maiores problemas para os agora tricampeões. Em uma boa sequência de saques de Sidão e depois Wallace, o Brasil abriu 8 a 4. A Rússia ainda encostou na segunda parte do set, ficando apenas um ponto atrás, mas a reação parou por aí. A seleção brasileira então voltou a aumentar a diferença e fechou em 25 a 17.

 

O técnico Vladimir Alekno então começou a mexer de maneira desenfreada, fazendo improvisações como a de Muserskiy como oposto e Maxim Mikhaylov como ponta, o que deu certo. O início do set foi favorável aos russos, os brasileiros reagiram na metade e chegaram na parte final em vantagem, tendo dois match points. No entanto, a seleção europeia reagiu e venceu por 29 a 27.

 

A Rússia continuou melhor no quarto set, sacando e atacando bem, e passou a ser mais confiante que o adversário. A parcial foi apertada no começo, mas sempre favorável aos europeus, que foram se desgarrando aos poucos e fizeram 21 a 14. O Brasil ainda tentou reverter a situação e anotou alguns pontos em sequência, chegando a 22 a 19, mas foi derrotado por 25 a 20.

Com o moral nas nuvens, os russos não deram a mínima chance para os brasileiros, que permaneceram atrás no placar o tempo todo. A equipe de Alekno, treinador que mudou a história do jogo com alterações táticas, comemorou o ponto final duas vezes. Na primeira ocasião, com placar de 14 a 8, a arbitragem interrompeu a festa russa em quadra para marcar uma invasão por baixo. Na segunda, porém, não teve jeito: os brasileiros bloquearam um ataque para fora.