Dagoberto está livre e pode ir para qualquer clube

O depósito, em juízo, de R$ 5,46 milhões realizado ontem na conta da Caixa Econômica Federal pôs fim à novela envolvendo Dagoberto e Atlético. No escritório da Massa Sports, pertencente aos seus agentes esportivos, o atacante deu uma entrevista para elucidar pontos que teriam ficado obscuros durante a sua trajetória no Rubro-Negro.

A seguir, trechos da entrevista concedida por Dagoberto, que não confirmou a sua ida para o São Paulo.

Imbróglio judicial e Petraglia

Graças a Deus, hoje está acabando uma novela que me chateou. Eu sempre honrei a camisa do Atlético, nunca havia pensado em sair do clube, mas o tempo me mostrou que eu tinha que fazer isso. Ganharam 250 dias para me deixar afastado, para me humilhar no CT. Fui humilhado dentro do Atlético.

A volta que eu tive foi uma vergonha. Mas isso devido a uma pessoa.

Ao Atlético devo muito, com certeza, mas o Petraglia é uma coisa que acabou com tudo o que eu tinha. Sou profissional e mereço respeito e ali não tive isso por parte dele e de outros subordinados a ele. Infelizmente, aconteceram coisas que o Petraglia queria que acontecesse – essa reviravolta com todo mundo me xingando, cuspindo. Ele conseguiu destruir uma coisa que tinha tudo para ser perfeita. Estou feliz por acabar com essa escravidão e triste por sair do Atlético desse jeito.

Sempre deixei bem claro. O meu problema não foi a torcida e não foi o Atlético. Foi uma pessoa lá dentro. Hoje está saindo um peso muito grande das minhas costas.

O Petraglia foi a pior coisa que aconteceu na minha vida.

Futuro, São Paulo e negociações

Tenho que pensar no dia de hoje. Eu estava sendo impedido de jogar futebol e o meu maior sonho é jogar. Hoje posso voltar e escolher o que é melhor para mim. O São Paulo é um sonho. Quem não quer jogar no São Paulo, no Inter, no Santos. Tenho conversas com alguns clubes, pois sempre deixei claro que o meu objetivo é jogar no futebol brasileiro. Tenho que ver o que é melhor para mim.

Jet Ski e fisioterapia

Voltamos dos EUA para fazer fisioterapia. No CT tiveram problemas e tive que ir para a PUC, mas em termos de atleta profissional, ela não tinha estrutura suficiente. Depois voltei para o Atlético, mas não tive progresso no tratamento. Agora é muito fácil falar que eu estava andando de jet ski e jogando bola em Santa Felicidade (acusações do clube do porquê a fisioterapia não surtia efeito no jogador).

Cirurgia nos EUA

Se o Mário Celso não liberasse para operar nos EUA, eu não iria. As coisas são mal explicadas. Tudo tem que ter o aval dele (Petraglia).

Quando a relação com o clube começou a ruir

A coisa andou para o lado errado quando vi que não estava sendo valorizado. Uma coisa para ser boa tem que ser boa para os dois lados.

E lá não é assim.

Torcida e xingamentos

Você vê que por causa de uma pessoa uma história foi por água abaixo. Era só ele me valorizar. Fiquei chateado. O que aconteceu (xingamentos e cuspidas) ficou para trás, não tenho raiva de ninguém. Saio e tenho certeza que vou deixar saudade e vou ficar morrendo de saudade da torcida. Para o resto da minha vida vai ficar gravado o lado bom e ruim.

Já faz parte do passado

O Atlético confirmou ontem o fim do vínculo desportivo de Dagoberto, após pagamento da multa rescisória de 5,46 milhões. A única pendência que ainda persiste é referente ao vínculo trabalhista.

Por ter rescindido o contrato de trabalho antes do término -29 de março de 2008 – Dagoberto terá que pagar uma indenização, conforme estabelece o artigo 480 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Atualmente o valor é de R$ 233 mil.

De acordo com o vice-presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, Diogo Fadel Braz, o clube vai notificar Dagoberto para o pagamento dessa dívida, pois o prazo venceu na última segunda-feira.

Ainda tramita na Justiça o recurso do Atlético para o prolongamento do contrato do jogador por mais 98 dias. Caso a decisão judicial seja favorável ao clube, ele terá que arcar com o restante da multa rescisória: R$ 10,92 milhões.

Empréstimo

De acordo com o advogado de Dagoberto, Fernando Barrionuevo, o valor da multa contratual foi obtido através de um empréstimo pessoal. Ele foi possível porque o jogador já havia obtido a carta de fiança, que fora recusada na semana passada pela Justiça trabalhista. O advogado garantiu que o depósito não foi bancado por nenhum clube de futebol.

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