Cuca cobra atitude do time dentro de campo contra o Palmeiras

Atitude. Nenhuma outra palavra resume melhor o que se espera do Coritiba, hoje, na partida das 20h30 contra o Palmeiras, no Palestra Itália. Depois da derrota para o Santos, o elenco foi colocado na parede por torcida, comissão técnica e diretoria, e após dez dias de treinamentos (a parada do Campeonato Brasileiro) o grupo ganha a chance de reabilitação na cidade que mais desconfia das possibilidades alviverdes na competição. Mas o técnico Cuca sofre com os problemas e desfalques, um deles de última hora.

Já sem poder contar com Allan, Reginaldo Nascimento, Marquinhos e Márcio Egídio, Cuca perdeu o volante Rodrigo Mancha, um dos jovens que formaria a base da equipe (ver matéria) no Parque Antártica. O jogador sentiu dores no tornozelo e, mesmo lesionado, treinou normalmente na terça, só reclamando após o trabalho. Ontem, ele foi vetado pelo departamento médico e nem seguiu para São Paulo com a delegação. ?São coisas que acontecem, mas temos que contar com a força do nosso elenco?, reitera o treinador coxa.

Este posicionamento de Cuca é o mais ouvido pelos lados do CT da Graciosa. O treinador articulou durante a intertemporada um reforço da unidade do elenco. Está claro para os atletas que, mesmo com a chegada de mais algum reforço, será a base já formada que seguirá com o Cori até o final do Brasileiro. E é deles que ainda se espera muito. ?Nós ainda não conseguimos dar confiança para a torcida. E eles cobram porque sabem da nossa qualidade?, reconhece o lateral Ricardinho.

Ainda mais em uma partida importante como a desta noite e com cinco jogadores fora. Cuca teve que mudar toda a espinha dorsal da equipe, recorrendo a mudanças de sistema e de posicionamento. Exemplo é Jackson, que sai da ala e volta ao meio-de-campo – e com a responsabilidade de ser o criador das jogadas e articulador dos contra-ataques do Coxa ao lado de Caio. Na sua posição, entra James, complementando a modificação tática do 3-5-2 para o 4-4-2.

A ausência de Mancha pode fazer com que Cuca tenha que rever seus planos. Com o volante, ele tinha a liberdade de movimen-tação que Nascimento dá, fazendo com que o time mudasse a forma de jogo sem precisar de alterações. Agora, ele tem duas opções de montagem da equipe: a mais provável conta com a entrada do também volante Silas; a outra seria a escalação do jovem Douglas Ferreira e a volta ao esquema com três zagueiros.

Mas, acima de tudo, Cuca e todos no Coritiba esperam atitude – para responder aos críticos e provar aos paulistas que o time não é o ?leão de zoológico? propalado pela imprensa local. ?O que a nossa torcida quer? Toque de calcanhar, chapéus? Não, eles querem a força de jogo, a vontade a todo momento. E se nossa equipe se aplicar e souber usar a nossa qualidade técnica, tática e física, temos condições de derrotar nossos adversários?, resume o técnico.

Novos talentos feitos em casa

James, Flávio, Vágner, Ricardinho, Peruíbe. São os cinco que darão sustentação a Douglas, os que formam a espinha dorsal do Coritiba na partida desta noite contra o Palmeiras. Em comum, eles têm o fato de serem jogadores criados nas categorias de base do Coxa. É mais uma prova do bom momento das divisões inferiores do clube – à exceção de Flávio, o ?veterano?, os outros quatro (e mais Rodrigo Mancha, que se lesionou, e Douglas Ferreira, que pode até começar jogando) são todos da última fornada de revelações alviverdes.

Alguns chegaram mais cedo ao time profissional. Com 18 anos, Ricardinho foi chamado por Paulo Bonamigo para ser o substituto do então astro Adriano, que tinha a mesma idade. Ele disputou finais do Paranaense e partidas decisivas do Brasileiro em 2003, mesmo ainda sendo jogador júnior. Ele firmou-se como titular apenas neste ano, quando Adriano foi negociado com o Sevilla.

Vágner foi o segundo. Ele foi recrutado pelo ?Delegado? Antônio Lopes na temporada passada e agora – titular absoluto – vê seus companheiros aparecerem no grupo principal. ?É interessante, porque isso aconteceu comigo ano passado e pouco tempo depois eu posso acompanhar outros garotos passarem pelo que eu passei?, diz o zagueiro. ?Mas isso não significa que eu estou velho?, avisa, aos risos.

Os garotos que aparecem nestas rodadas têm o apoio expresso do técnico Cuca e do presidente Giovani Gionédis. ?Temos que aproveitar a nossa base. Foi assim que montamos nossas equipes e conseguimos boas negociações para o exterior?, comenta o dirigente. ?Os meninos merecem. Eles estão muito bem, se aplicando nos treinos e vão ser aproveitados?, completa Cuca.

Os garotos, além de serem respaldados, podem aproveitar os exemplos do próprio grupo – o primeiro deles é Flávio, que começou no Coxa em 1997 e agora é o comandante da defesa. Reginaldo Nascimento, Luís Carlos Capixaba e Jackson são interlocutores freqüentes dos jovens, mas o ?tio? mesmo é Renaldo, 35 anos. ?Não sou tio coisa nenhuma?, reclama o centroavante, que diz estar rejuvenescendo com as companhias. ?Eu estou me sentindo ótimo. Eu corro tanto quanto a garotada, treino a mesma coisa que eles, então eu também sou um garoto?, finaliza.

Humberto é a novidade

Apesar das negativas eternas, o Coritiba contratou ontem o meia Humberto, de 26 anos, que estava no Torino, da Itália. O jogador, formado nas categorias de base da Ponte Preta, vem para repor o grupo, que perdeu Marquinhos na semana passada. O acerto ?relâmpago? impediu inclusive a apresentação oficial do jogador, que já está treinando no CT da Graciosa.

Humberto Daniel Soares Neto, nascido em 31 de outubro de 1978, teve a primeira experiência no futebol profissional na Macaca, em 97. Ele permaneceu em Campinas até 2000, passando depois por Caxias, Santo André e Internacional, e ano passado transferiu-se para o Torino. Ele disputou a Série B do campeonato italiano – o time de Turim conseguiu a vaga, mas dívidas com o fisco fizeram com que a Liga do Futebol Profissional excluisse o clube da primeira divisão.

O armador, que tem características semelhantes às de Marquinhos, passou pelos exames médicos e assinou contrato até o final de 2006. Agora, o Cori corre para registrar o jogador – a data-limite para inscrição de jogadores no Campeonato Brasileiro é o dia 23 deste mês.

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