O Paraná contra o Brasil: nossos confrontos com a seleção brasileira

O Belfort Duarte ainda não tinha o segundo anel construído. E Rinaldo marca Pelé sob o olhar de Armando Marques. Foto: Arquivo GRPCOM

Ainda no embalo de seleção brasileira, tema dos dois últimos posts (esses aqui, sobre a geração de 1982 e a final da Copa de 2002), a “memória de segunda” recorda fatos que talvez não sejam muito conhecidos do torcedor. Meus companheiros historiadores conhecem de cor e salteado, mas mesmo eu não sabia de tantos detalhes. São os jogos amistosos entre o escrete canarinho e times ou seleções paranaenses.

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Isso mesmo. Muitos lembram do confronto da seleção brasileira com a seleção paranaense em 1978. Mas ao todo são seis jogos – quatro do time olímpico, dois do time principal – contra representantes do futebol paranaense. Saiba como foram esses jogos entrando comigo na máquina do tempo!

Athletico 4×3 Brasil

Antes do Pré-Olímpico de 1968, na Colômbia, que valia vaga para a Olimpíada da Cidade do México, a seleção brasileira fez três jogos amistosos no Paraná. O primeiro foi no então Belfort Duarte, hoje Couto Pereira, contra o Athletico, num domingo, 4 de fevereiro de 1968. O time comandado por Antoninho tinha Cláudio Deodato, que depois veio jogar no Furacão, e Tião, por longo tempo volante do Corinthians.

Foto: Reprodução/Biblioteca Nacional

Mas as estrelas mesmo estavam do lado rubro-negro, com Bellini fazendo sua estreia, além de Dorval, Zé Roberto e Nílson Borges. E o Athletico venceu a seleção brasileira por 4×3. China abriu 2×0 para o time olímpico, mas Milton Dias e Alfredo empataram para o Furacão. Toninho recolocou o Brasil na frente, mas novamente Milton Dias e Zé Roberto sacramentaram a virada rubro-negra.

Foto: Reprodução/Biblioteca Nacional

Ferroviário 1×3 Brasil

Três dias depois do jogo com o Athletico, a seleção brasileira olímpica encarou o Ferroviário na Vila Capanema. Antoninho testou outros jogadores – inclusive mais conhecidos, como Raul Marcel, o eterno reserva de Leão no Palmeiras; Manoel Maria, ainda na Tuna Luso mas que logo estaria no Santos; e Dé, o Aranha, que estava no Bangu mas depois viraria lenda do futebol carioca.

Foto: Reprodução/Biblioteca Nacional

Sem Gilberto Tim – sim, o preparador físico, mas à época ainda jogador -, o Ferroviário fazia a estreia do zagueiro Gibi e tinha Brando como capitão e principal nome. O Brasil venceu o amistoso por 3×1. Dé e Lauro abriram vantagem para a seleção. Nilzo diminuiu para o Boca Negra, mas Toninho fechou o placar naquele 7 de fevereiro de 1968.

Foto: Reprodução/Biblioteca Nacional

Combinado Londrina/União 4×2 Brasil

Fechando a passagem pelo Paraná, no dia 11 de fevereiro de 1968 a seleção brasileira encarou um combinado de Londrina e União Bandeirante no estádio Vitorino Gonçalves Dias. E era talvez a melhor geração de jogadores formados no Norte do Estado. Em campo estavam Ado, que dois anos mais tarde seria tricampeão do mundo; Lidu, que naquele 68 iria para o Corinthians e faleceria num trágico acidente no ano seguinte; Pescuma e Paquito, que virariam ídolos no Coritiba; Gauchinho, lendário centroavante londrinense; e Nondas, um ponteiro que jogou muito no União.

Foto: Reprodução/Biblioteca Nacional

E aí não teve jeito. Vitória por 4×2, com gols de Lidu, Paquito, Carlinhos e Nondas para o combinado, e Manoel Maria e China para a seleção brasileira, que passaria pelo Pré-Olímpico, mas seria eliminada na primeira fase na Olimpíada.

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Coritiba 1×2 Brasil

O único jogo de um time paranaense contra a seleção brasileira principal aconteceu em 13 de novembro de 1968. E o Coritiba foi o adversário, num jogo que movimentou os bastidores de Curitiba – Pelé (que fez seu único jogo pela seleção na cidade) e seus companheiros tiveram mais compromissos fora do que dentro de campo. O amistoso valeu também como entrega das faixas ao Coxa pelo título paranaense daquele ano.

Foto: Reprodução/Biblioteca Nacional

Na seleção, ainda comandada por Aymoré Moreira, jogaram os futuros tricampeões Félix, Carlos Alberto Torres, Gerson, Rivelino, Jairzinho, Tostão e Paulo César Caju – além do Rei, claro. E também Nilo, lateral alviverde, que entrou no segundo tempo. No Coxa, que atuou com a camisa da Federação Paranaense, uma equipe em transição para o grupo que entraria na história na década seguinte. O jogo teve vitória brasileira por 2×1, gols dos cruzeirenses Dirceu Lopes e Zé Carlos contra o tento alviverde de Passarinho.

Foto: Reprodução/Biblioteca Nacional

Seleção Paranaense 0x1 Brasil

Era 1978, preparação para a Copa do Mundo. Cláudio Coutinho teve tempo para treinar a seleção brasileira, e o primeiro estágio teve amistosos contra equipes regionais. Em 22 de março, foi a vez do nosso escrete. Foi outro evento em Curitiba – teve até uma palestra de Coutinho sobre táticas no teatro Guaíra, vejam vocês. Em campo, a base da Copa do Mundo: Leão, Toninho, Oscar, Amaral, Edinho, Toninho Cerezo, Zico, Rivelino, Reinaldo e Dirceu foram titulares na Argentina.

Foto: Reprodução/Biblioteca Nacional

Na seleção paranaense, nomes da nossa história, como o goleiro Altevir, Cláudio Marques (jogando na lateral-esquerda), Nivaldo e Aladim. O jogo foi duro, com o Brasil tendo tremendas dificuldades – uma prévia do que aconteceria meses depois. A vitória só veio aos 44 minutos do segundo tempo, num gol de cabeça de Nunes. “Muita pompa, pouco futebol”, vaticinou o Diário do Paraná.

Foto: Reprodução/Biblioteca Nacional

Coritiba 0x2 Brasil

Em 1984, a seleção brasileira olímpica de novo se preparou em Curitiba. Antes do Pré-Olímpico, em um amistoso com a Romênia no Couto Pereira, com vitória por 3×0. E antes da Olimpíada de Los Angeles o amistoso foi contra o Coritiba, em 21 de junho, também no Alto da Glória. Treinada por Jair Picerni, o Brasil ainda tinha jogadores de vários clubes – nos Jogos Olímpicos, a base foi do Internacional porque o time já estava eliminado do Campeonato Brasileiro. A partida foi a preliminar do jogo do elenco principal, comandado por Edu Coimbra, contra o Uruguai, jogo que teve vitória brasileira por 2×0.

Foto: Reprodução/Biblioteca Nacional

Por uma dessas coincidências do futebol, a seleção que encarou o Coxa tinha quatro jogadores que depois defenderiam o clube – o volante Suca, os meias Toninho Cajuru e Gilmar Popoca e o centroavante Chicão. Do lado alviverde, Dirceu Krüger já montava a base do time campeão brasileiro de 1985. Estiveram em campo quatro titulares (Tóbi, Lela, Índio e Edson) e cinco reservas (Jairo, Gerson, Vavá, Marco Aurélio e Aragonés, este com pouca participação) daquela campanha. O jogo terminou 2×0 para a seleção brasileira, gols de Albeneir e Gilmar Popoca.

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