Pedi ajuda nas redes sociais pra escolher quatro das decisões Atletiba no Campeonato Paranaense. Pela escolha dos torcedores, começo esta série com dois posts, entrando no mesmo horário. Aqui, vamos falar da conquista do Athletico sobre o Coritiba em 1990. Uma decisão recheada de personagens, com reviravoltas emocionantes e a estrela de Dirceu, para sempre o carrasco do Furacão.

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Na quarta-feira (5), dia da finalíssima do Paranaense, completam-se trinta anos daquela final, mas qualquer torcedor do Athletico que tenha 40 anos ou mais lembra de cada detalhe. E os mais jovens, que não viram ao vivo ou nem tinham nascido, reverenciam Dirceu sempre que ele aparece na Arena da Baixada como treinador. É uma identificação tão grande que poucos lembram que o Carrasco também defendeu o Paraná Clube.

Naquele título de 1990, o Furacão fez valer a expressão “rubro-negro é quem tem raça”. A campanha até chegar à final do Campeonato Paranaense foi repleta de percalços, com troca de treinador e reformulação de elenco, mas terminou em um Atletiba dos mais emblemáticos da história do clássico. E na história que certamente Dirceu não se cansa de contar.

Turbulências

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O Athletico iniciou o Campeonato Paranaense com Borba Filho como treinador e um elenco que tinha Kita como destaque. Ele chegou com festa no aeroporto Afonso Pena – afinal, tinha defendido o Flamengo e fora o herói da Internacional de Limeira no título paulista de 1986. Mas o elenco tinha remanescentes importantes dos anos anteriores: Marolla, Odemílson, Carlinhos.

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Também chegou Heraldo, campeão estadual em 1983 e que no rival Coritiba conquistara o título brasileiro de 1985. Mas o time não embalou, a ponto de ficar em segundo lugar em seu grupo na primeira fase, atrás do Operário. Borba deixou o clube e Zé Duarte foi contratado. Ele deu força para André e Dirceu e apostou no talento de outro veterano: Gilberto Costa, que foi o cérebro daquele time.

Gilberto Costa, marcado por Pachequinho, foi o cérebro do Athletico que conquistou o título paranaense. Foto: Arquivo Placar

Atletiba de ida

Numa quarta-feira à noite, 1º de agosto de 1990, o Couto Pereira não recebeu o público esperado para o Atletiba de ida da final do Campeonato Paranaense. Os ingressos tiveram o preço reajustado (‘majorado‘, diriam os cronistas da época). Havia também uma guerra de bastidores. O Coritiba não aceitava que o Athletico jogasse por dois empates – por ter melhor campanha no hexagonal final -, e ameaçou partir para o tapetão.

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Na ida, o Coxa buscou o ataque, enquanto o Furacão jogava com cautela. Marcava muito no meio, tinha uma sólida dupla de zaga com Leonardo e Heraldo, além de Odemílson (o Minotauro), Valdir, Cacau e o próprio Gilberto Costa na sustentação defensiva. O objetivo era principalmente anular Tostão, o principal jogador adversário. E na única jogada que o camisa 10 alviverde teve espaço, ele deixou Ronaldo Lobisomem em condições de abrir o placar.

Nas páginas do Correio de Notícias, o empate de Dirceu no jogo de ida. Foto: Reprodução/Correio de Notícias

É nesse momento que Dirceu começa a escrever sua história. Entrou em campo no lugar de Kita para tentar recuperar a vantagem do empate para o Athletico. E foi conseguir na última jogada. O goleiro coxa Gerson pegou a bola com a mão fora da área. A falta técnica foi marcada, um ‘escanteio de mangas curtas’. Ideal para Gilberto Costa colocar a bola na cabeça do Carrasco, que fechou o jogo em 1×1.

Atletiba da volta

Domingo, 5 de agosto de 1990. Mais um Atletiba decidindo o Campeonato Paranaense. Mas aquele entraria para a história de várias maneiras. Dirceu apresentou as cartas logo no início do jogo. Com cinco minutos, ele desviou o cruzamento de Carlinhos e abriu o placar para o Athletico.

Dirceu festeja, enquanto Berg, João Pedro, Gerson, Paulo César e Hélcio lamentam. Foto: Arquivo Placar

A resposta coxa foi rápida, e Pachequinho empatou. Aos 15 minutos, estava 1×1, resultado que ainda dava o título para o Athletico. Mas no final do primeiro tempo, um escanteio cobrado por Serginho surpreendeu Marolla, que soltou nos pés de Berg. O jovem zagueiro do Coritiba virava o jogo. Seria ele o herói do Atletiba?

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Não. Na etapa final, ele seria o protagonista de um dos lances mais famosos destes 96 anos de clássico. O gol do título paranaense do Athletico não contou com a participação de nenhum jogador rubro-negro. A rigor, só na cobrança de lateral de Odemílson. A bola foi para área. Serginho desviou para trás. Jorjão tirou das mãos de Gerson, que ia para a jogada. E Berg cabeceou para o gol. Sem goleiro, a bola entrou mansa na meta. Um lance que marcou a carreira de vários jogadores. Que emociona os atleticanos até hoje. E que, mesmo sem participar dele, fez Dirceu virar Carrasco para sempre.

Pra lembrar, um poster da revista Placar do Athletico campeão paranaense. E um detalhe: na legenda, André e Rizza estão trocados. Foto: Arquivo Placar

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