Avaí x Paraná: Rogério Micale e o dilema do “cobertor curto” do Tricolor

Avaí x Paraná
Thiago Alves tenta o passe. Naquele momento, Avaí x Paraná ainda era tricolor, mas os catarinenses viraram a partida. Foto: R.Pierre/Agif/Folhapress

Acho que é a terceira ou quarta vez que eu uso a palavra “carência” em manchetes – como nesse Avaí x Paraná. Mas a derrota tricolor de virada para os catarinenses por 2×1, nesta sexta-feira 13, em Florianópolis, só reforçou a sensação de que Rogério Micale terá muito trabalho para tirar do elenco paranista mais do que ele já apresentou na Série B do Campeonato Brasileiro.

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Tentando mudar o jeito do time jogar, o técnico percebeu que para cobrir a cabeça, ele se obriga a deixar os pés para fora do cobertor. E essa definição do cobertor curto é crucial para entendermos a situação do Paraná Clube, que sofre com a falta de opções confiáveis, principalmente para mudar o panorama das partidas.

Avaí x Paraná: as mudanças

Rogério Micale fez a sua primeira ‘intervenção’ na escalação do Paraná Clube. Foi a entrada de Karl no meio, ao lado de Jhony e Higor Meritão. Era uma mudança profunda, pois saía um extrema (Marcelo começou a última partida, contra o Confiança) e entrava um volante. Essa troca implicava em um novo posicionamento do meio-campo e do ataque. Mas como isso iria acontecer?

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Tentando proteger mais o meio-campo, Micale queria que Renan Bressan tivesse liberdade total para jogar. Era uma preocupação do treinador, expressada desde sua chegada à Vila Capanema. Se de um lado tirava a incumbência defensiva, ele perdia companhia na frente, e para isso o meia teria que contar com boas jornadas de Thiago Alves e Léo Castro, os atacantes paranistas na Ressacada.

Bola rolando

O Tricolor voltava a jogar no 4-1-4-1 – Jhony entre as duas linhas, e Renan Bressan como ‘falso 9’. E funcionou logo no início. Dando um passo atrás dos pontas, o camisa 10 teve espaço para finalizar no ângulo e abrir o placar. Havia a clara intenção de fazer o jogo voltar a passar pelo meia, que só cercava na saída de bola do Avaí enquanto o resto do time pressionava muito.

Em vantagem, o Paraná tinha uma estratégia clara: fechar bem a defesa e sair em velocidade com Thiago Alves e Léo Castro. “Meritão, joga nos pontas!”, gritava Rogério Micale. Como o time catarinense sofria com a falta de jogadores contaminados com covid-19, o trabalho tricolor era tranquilo, e ainda dava para arriscar, como no chute do próprio Meritão que acertou a trave.

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Sem a pressão de correr pelo resultado, e vendo as dificuldades dos donos da casa, o Paraná Clube seguia o resto do primeiro tempo sem maiores sustos. Mas Rômulo acertou um chute de longe e empatou o jogo – Alisson outra vez falhou nesse tipo de jogada. E Micale mexeu logo no intervalo, colocando Bruno Xavier no lugar de Léo Castro.

A etapa final

Apesar de uma postura agressiva no início do segundo tempo, o Tricolor errava muitos passes e com isso perdia a possibilidade de controlar o jogo. Renan Bressan produzia, mas não tinha apoio. Como o Avaí pouco tentava, a partida ficava muito no meio-campo e sem qualidade. Era a hora de acelerar. Pressionado, o time catarinense não resistiria.

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Só que aconteceu o contrário. Philipe Maia acertou uma cabeçada no ângulo, mas para o próprio lado. Como bem apontou a Renata Mendonça na transmissão do SporTV, o Leão da Ilha marcara o gol sem ter uma finalização sequer na etapa final. Avaí x Paraná tinha vantagem de novo dos donos da casa. Só então o treinador tirou Jhony e colocou Bruno Gomes.

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Com o desenho tático que Allan Aal usava, o Paraná partiu para buscar o empate. Mas logo Micale botou mais gente na frente, sacando Karl e colocando Gabriel Pires como volante e Guilherme Biteco na vaga de Thiago Alves. Até Wandson reapareceu. Peças, como sempre foi dito, que não são diferentes do tempo do antigo treinador. Como o atual técnico disse, não dá para fazer milagre. E o Tricolor perdeu uma ótima oportunidade de subir na classificação da Segundona.