Atlético-MG x Athletico: Furacão soube sofrer, mas também soube ganhar

Atlético-MG x Athletico
Richard, Igor Rabello, Nikão e Erick em um bom retrato de Atlético-MG x Athletico. O Furacão segurou o Galo, venceu e saiu da zona de rebaixamento. Foto: Pedro Souza/CAM

Se fosse possível prever o que aconteceria em Atlético-MG x Athletico antes de a bola rolar, nem mesmo os torcedores mais otimistas desenhariam o cenário da noite desta quarta-feira (18) no Mineirão. Jogando com inteligência, o Furacão venceu o líder do Campeonato Brasileiro por 2×0 e chegou aos 21 jogos não só fora da zona de rebaixamento, mas chegando à décima posição.

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A vitória afirma a recuperação rubro-negra e permite pensar em um resto de competição bem mais tranquilo. O técnico Paulo Autuori acertou em cheio na estratégia para o jogo, contando também com as boas atuações de Thiago Heleno, Christian, Nikão e Fernando Canesin, este o melhor em campo em Belo Horizonte.

Atlético-MG x Athletico: os times

Em parte pela sequência que virá (Santos, duas vezes o River Plate e o Palmeiras nas próximas duas semanas), em parte para tentar mudar um pouco a cara do Athletico, Paulo Autuori montou um time diferente para encarar o Galo. Sem Márcio Azevedo até o final do ano, Abner seria o lateral-esquerdo. No meio, Richard e Fernando Canesin foram escolhidos para começar jogando. Wellington e Léo Cittadini, referências do ano passado, vivem má fase. Era bastante válido testar outros atletas.

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Na frente, Carlos Eduardo foi preservado. Sentiu dores musculares e ficou em Curitiba para o jogo contra o Santos. Para tentar manter o perfil ofensivo que deu certo nas vitórias sobre Fortaleza e Goiás, Autuori escolheu Reinaldo. E o contra-ataque em velocidade seria a principal arma rubro-negra diante de um Atlético-MG com um rosário de desfalques pela covid-19 e que tinha muita gente para atacar e poucos para defender.

O jogo

Mal o jogo começou e um dilúvio desabou sobre Belo Horizonte. Aquela chuva tão forte que parece neblina, sabe? E aí não há gramado, não há drenagem, não há nada que resista. Os dois times erravam muitos passes, não havia jogador que não escorregasse. E para o Furacão o que se abria inicialmente era o jogo baseado em Reinaldo, que poderia levar vantagem sobre Taílson.

O posicionamento do Athletico no primeiro tempo. Canesin articulando pela direita, Nikão mais centralizado e Reinaldo aberto pela esquerda. Arte: Tactical Pad

A bola ficava mais com o Galo, o que era natural. O Athletico chegava pouco, sempre pela esquerda, mas não ameaçava Everson. Na primeira vez que o contra-ataque saiu pela direita, Fernando Canesin (que se movimentava bastante por ali, enquanto Nikão ficava mais pelo meio) e Renato Kayzer criaram a melhor oportunidade rubro-negra até então.

E o jogo pela direita com Canesin se mostrou o caminho. Em outra avançada rápida, o meia fez jogada de ponta e rolou para Christian, que estava livre no meio da área. O Furacão saía na frente explorando as falhas da marcação mineira. E elas iriam aumentar, por conta da pressão que os donos da casa tentavam fazer. E em outro contra-ataque Nikão seguiu sem marcação até chutar – e o desvio na zaga completou o serviço para o primeiro tempo de Atlético-MG x Athletico terminar com vantagem paranaense por 2×0.

A análise de domínio de jogo do Sofascore nos 46 minutos iniciais. O Galo ficou quase o tempo todo dominando. Mas com dois avanços certeiros o Furacão abriu vantagem. Fonte: Sofascore

Etapa final

Com duas trocas, incluindo a entrada do ex-Furacão Nathan, o Galo começou o segundo tempo tentando atacar ainda mais. Consciente de que poderia até ampliar por conta dos buracos defensivos dos donos da casa, o Furacão ia naquele embalo do “saber sofrer” de Paulo Autuori. Todo no seu campo, o Rubro-Negro se fechava e esperava um contra-ataque. As chances foram aparecendo – Nikão chutou uma para fora, Richard escorregou quando apareceu sozinho na área.

Apesar de se manter com grande posse de bola, o Atlético-MG ameaçou pouco o gol de Santos até os 17 minutos. Aí o camisa 1 rubro-negro precisou trabalhar nos arremates de Jair e Nathan. E o Athletico ficava ainda mais recuado – no momento em que Wellington substituía o lesionado Richard. Os visitantes marcavam com duas linhas de quatro bem próximas, atrás da intermediária de defesa. Após ótima atuação, Fernando Canesin saiu exausto e Léo Cittadini o substituiu.

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Na reta final da partida, Autuori sacou Kayzer, Reinaldo e Nikão para colocar Guilherme Bissoli, Fabinho e Zé Ivaldo. O zagueiro entrava para formar um cinturão defensivo para parar os donos da casa. E funcionou. Sem ser pressionado, o Athletico conquistou a vitória mais importante de 2020, um jogo daqueles que pode mudar a história de uma temporada.