Pedi ajuda nas redes sociais pra escolher quatro das decisões Atletiba no Campeonato Paranaense. Pela escolha dos torcedores, começo esta série com dois posts, entrando no mesmo horário. Aqui, vamos falar da conquista do Coritiba sobre o Athletico em 1972. Uma decisão com muitos craques, ídolos históricos da dupla e um herói eterno: Dirceu Krüger, autor do gol do título.

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Já disse, quando da morte do Flecha Loira, que se o Coritiba fosse uma pessoa, seria Dirceu Krüger. A conexão entre ele e o clube foi tão intensa e tão duradoura que não é simples contá-la em poucas palavras. Desde sua contratação junto ao Britânia, em 1966, até o adeus, em 25 de abril do ano passado, Krüger uniu sua história ao Coxa, e se tornou o símbolo maior alviverde.

Além de craque, Krüger era um abnegado. E por conta disso superou todos os desafios da carreira. O maior em 1970, quando um choque com o goleiro Leopoldo, do Água Verde, o deixou à beira da morte. O drama de mais de dois meses de internação comoveu a cidade – a ponto de o presidente do Athletico, Lauro Rêgo Barros, ter mandado rezar uma missa pela recuperação do ídolo do rival.

Recomeço

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Demorou para Krüger voltar a jogar. E quando retornou, ele já não era mais o titular absoluto do Coritiba. Com um elenco que até hoje é considerado o melhor da história do clube, a disputa no ataque não era fácil – Leocádio, Hélio Pires, Tião Abatiá, Paquito, Reinaldinho, Rinaldo e um jovem Dirceu, que explodiu para o futebol naquele tempo. Krüger, que usava uma proteção no abdome para jogar, alternava períodos como titular e outros como reserva.

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Naquele Campeonato Paranaense de 1972, foi assim. Uma competição dominada pela dupla Atletiba desde o início. No turno, com uma campanha épica, o Furacão foi o primeiro colocado, ganhando do Coxa no saldo de gols. Veio o octogonal decisivo e aí a vantagem foi alviverde. Os dois campeões de fase iriam decidir o Estadual em ida e volta – com o estádio Belfort Duarte dividido igualmente nas duas partidas.

Atletiba de ida

Após uma maratona de 42 partidas, Athletico e Coritiba foram para o primeiro jogo da final do Paranaense. Numa quarta-feira, 30 de agosto de 1972. De um lado, Jairo, Hermes, Cláudio Marques, Nilo, Hidalgo, Krüger, Zé Roberto. De outro, Picasso, Alfredo Gottardi, Júlio, Sérgio Lopes, Buião, Sicupira, Nílson Borges. O Furacão tinha seu melhor time na época, superior inclusive ao campeão de 1970. O Coxa com a equipe que meses depois conquistaria o Torneio do Povo.

Na capa do Diário da Tarde de 30 de agosto de 1972, a chamada da primeira partida da final. Foto: Reprodução/Biblioteca Nacional

O jogo foi equilibrado, como se podia imaginar. E decidido no lance de Leocádio, que ganhou a linha de fundo e cruzou para Krüger marcar. Era ainda o primeiro tempo do primeiro Atletiba, mas ali se decidiu o Campeonato Paranaense.

Olho no lance: Krüger vence Picasso e marca o gol do título do Coritiba. Foto: Reprodução/Biblioteca Nacional

Atletiba da volta

Num domingo frio e chuvoso (naquela semana a temperatura tinha chegado a -5ºC!), o segundo Atletiba da final do Paranaense tinha um Coritiba jogando pelo empate e o Athletico precisando vencer. O Coxa não tinha Dirceu, que estava na Olimpíada de Munique, e Hidalgo, que tinha se machucado. O Furacão contava com a volta de Paulo Roberto, entrando no lugar de Liminha.

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Consagrado como o time que atacava e goleava, naquele 3 de setembro de 1972 o Coritiba jogou na defesa. Bloqueou o meio-campo e tentou impedir que Sérgio Lopes acionasse Buião, Sicupira e Nílson. Fito Neves, que entrou no lugar de Hidalgo, jogou ao lado de Dreyer, com Leocádio e Krüger também ajudando na recomposição defensiva.

Bola na área do Coxa e Jairo, com a camisa 46, saí pra espalmar. Foto: Reprodução/Biblioteca Nacional

O lance mais emocionante foi na reta final do jogo, quando Nilo salvou em cima da linha e Sérgio Lopes, com o gol aberto, chutou por cima. O gol não saiu e o Coritiba foi campeão paranaense. Na invasão de campo, a maior festa da torcida foi para Dirceu Krüger, um jogador da cidade, que driblara a morte e voltava para chegar ao alto da glória.

O Coritiba campeão: em pé, Pescuma, Jairo, Hermes, Fito, Cláudio Marques e Nilo; agachados, o massagista Oswaldo Sarti, Leocádio, Dreyer, Hélio Pires, Zé Roberto e Krüger. Foto: Reprodução/Biblioteca Nacional

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