Crise sem fim. Grêmio Maringá ameaçado de despejo

Apesar de estar preso em Curitiba, o presidente do Grêmio Maringá, Aurélio Almeida, ainda dá ordens no clube. Na última quarta-feira, ele demitiu, por telefone, o massagista Zelão. Ontem, a crise teve um desdobramento mais grave: a ameaça de despejo do Estádio Willie Davids, por utilização de um imóvel público com intenções comerciais.

O secretário de Esportes e Lazer da Prefeitura de Maringá, Mário Verri, afirma não poder ceder um imóvel público para exploração comercial, numa referência a forma como o clube forma suas categorias de base, cobrando taxa de R$ 3.800,00 dos atletas. “Também não fomos informados de que fariam um alojamento no estádio”, justifica.

Depois de assumir o Grêmio, em setembro de 2002, pagando R$ 190 mil pelos direitos federativos do clube, Aurélio Almeida publicou anúncios em diversos jornais, em nome do escritório Império do Atleta, do qual é dono. Neles, oferecia oportunidade para interessados em jogar futebol – a taxa cobrada (frise-se) era informada. Inscreveram-se 92 candidatos a craque, vindos de vários estados. Oitenta deles estão alojados no Willie Davids.

Os juvenis e juniores do Grêmio ainda não disputaram torneios oficiais – e, talvez, não disputem: os responsáveis pelas categorias de base, por atraso nos salários, pediram demissão.

Para Mário Verri, os jovens tornaram-se outro problema para a Prefeitura. “Aumentou o consumo de água e comprometeu o abastecimento. A Secretaria do Meio Ambiente teve que abastecer as caixas com caminhões pipa”, afirma o secretário, que quer restringir o uso do estádio somente para jogos e treinos.

Em seu parecer sobre o caso, o Departamento Jurídico da Prefeitura de Maringá pede também que o Grêmio transfira para outro local sua sede administrativa.

Como Aurélio chegou ao Grêmio

No mês de setembro do ano passado o empresário Aurélio Almeida apareceu nas manchetes. Ele oferecia um espaço para “futuros talentos? do futebol, desde que estes pagassem para ficar em Maringá. Ele assumira o clube em 2001, depois de arriscar a sorte em Prudentópolis, Toledo e Ponta Grossa.

O principal negócio do empresário era negociar jogadores, se possível com o exterior. Anos antes, ele intermediara uma excursão do Coritiba ao México, e naquela viagem abriu-se a possibilidade de Veiga e Flávio ficarem por lá, em negociações posteriores. Animado, Almeida passou a montar uma estrutura – o Império do Atleta – para dominar todo o processo.

Sua primeira experiência (o Prudentópolis) morreu na casca, já que outros empresários assumiram o clube. Aurélio Almeida partiu então para Toledo, assumindo a equipe local. Mas o clube não tinha calendário, e o empresário acertou um acordo com o Ponta Grossa, criando o Império Toledo-Ponta Grossa, que jogou a Série C do Brasileiro em 2001. Depois da eliminação, Almeida foi convidado para assumir o Grêmio Maringá.

Demissão

O massagista Zelão, que estava acumulando também o cargo de preparador físico, foi demitido por ter discutido com um funcionário de confiança do presidente do clube. Sua saída deixa o treinador Hugo Mattos na condição de ser toda a “comissão técnica” do time.

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