Coxa traz Almir e ganha Nascimento

As duas boas notícias do Coritiba ontem acabaram se interligando. A contratação do meia-atacante Almir e a renovação do volante Reginaldo Nascimento se unem pelo fato de os dois jogadores terem a mesma origem – a vitoriosa categoria de base do Matsubara. E sete anos depois de terem sido revelados pelo time de Cambará, eles se reencontram em outro alviverde – com mais tradição e com uma responsabilidade bem maior.

O mineiro Almir Soares Andrade, contratado ontem pelo Coritiba, nasceu em Lavras, mas a bem informada rede de olheiros do Matsubara o trouxe para o Paraná em 90. O jogador teve uma rápida passagem pelo Atlético-PR em 94, quando trabalhou com Sérgio Ramirez e Róbson Gomes (ambos trabalham no Cori). Em meados da década, ele começou um vaivém para o futebol japonês, entremeado por passagens rápidas mas bem-sucedidas no Palmeiras. A última equipe de Almir no Brasil foi o América de São José do Rio Preto.

Nas explicações do secretário Domingos Moro, Almir chega para suprir a ausência de Lúcio Flávio, que deixou o clube esta semana. “É um jogador que estávamos avaliando nos últimos dias, e que cremos que será muito importante na próxima temporada”, explica o dirigente. O meia-atacante, de 29 anos, assinou contrato de um ano, passou pelos exames médicos ontem e será oficialmente apresentado no dia 2, data da reapresentação alviverde.

Fica

Já Reginaldo Nascimento cumpriu o que prometera – uma renovação fácil. Apesar de uma proposta vantajosa do Bahia, o volante preferiu ficar em Curitiba, principalmente por causa do nascimento de sua filha Giovana, na semana passada. “Ele é um jogador importante e uma pessoa muito boa. Ficamos felizes em ver que ele manteve sua palavra e renovou contrato conosco”, elogia o secretário coxa.

Com isso, fica pendente apenas a renovação de Tcheco, que deve ficar para os últimos dias de 2002. “Mas temos certeza que a composição com o Malutrom vai sair, e que teremos o Tcheco conosco no ano que vem. Dessa forma, o Coritiba cumpre o que prometeu, que era manter ao máximo a base que fez uma bela campanha no brasileiro”, diz Moro. No balanço até agora, são três titulares que ficam (Edinho Baiano, Reginaldo Nascimento e Fernando) e três que saem (Lúcio Flávio, Pícoli e Da Silva).

Dois anos e meio depois, Picolli dá adeus ao Coxa

Cristian Toledo

Acabou. Com a mesma sinceridade que teve ao dizer que admitia deixar o Coritiba, o zagueiro Picolli despediu-se do clube na manhã de ontem, quando do último treinamento na primeira fase da pré-temporada. Há dois anos e meio no Alto da Glória, Picolli afirma que o ciclo dele terminou, e que é melhor sair. Seu provável destino é o futebol chinês.

Quando chegou no Cori, em julho de 2000, o zagueiro não imaginava ficar por mais de seis meses. Mas aquela Copa João Havelange era só o começo da relação dele com o clube. “Pois é. Fiquei esse tempo todo por aqui por causa das amizades que criei e pela alegria em defender o Coritiba”, conta Picolli. Vitimado por várias contusões, ele não conseguiu ter seqüência como titular – seu período mais importante no clube aconteceu neste ano, quando assumiu inclusive a tarja de capitão, quando da saída de Evair.

Mas os dramas de Picolli superam os momentos felizes. Foi no Coritiba que ele enfrentou o maior desafio da carreira, quando teve uma rara lesão no quadril. Ele ficou sete meses fora do futebol, e foi submetido a uma delicada cirurgia nos Estados Unidos. “Naquele momento eu fiquei mais feliz ainda em jogar no Coritiba, pois recebi o apoio de todos e o incentivo do torcedor. Eu era parado nas ruas por gente que me dava muita força”, relembra, emocionado.

Por isso a tristeza ao deixar o clube, mais ainda porque sai sem conquistar um título sequer. “Eu fico magoado em sair dessa forma, porque a coisa que mais queria dar ao Coritiba era um título”, afirma Picolli, que depois acaba fazendo uma crítica velada à estratégia alviverde. “Mais uma vez eu vejo a dificuldade em manter uma base. Se nós tivéssemos como segurar alguns jogadores, o trabalho seria mais fácil”, completa.

O ?nós? que Picolli fala se aplica, pois ele virou torcedor do Cori. “Não havia como não ser. Vou levar o Coritiba para onde eu for, porque minha família está muito ligada com a cidade e com a equipe”, diz o zagueiro, que até prefere evitar algumas rusgas. “Não quero levar problemas. Só vou me lembrar das coisas boas que tive aqui, porque é disso que é feita a vida”, avisa. Foi isso que ele falou aos jogadores ontem pela manhã. “Falei para eles que tudo o que fiz no clube foi por eles, e pedi desculpas pelo que fiz de errado”.

Aos 31 anos, ele deve correr o mundo atrás da independência financeira. “Ainda não estou sossegado. Preciso deixar minha família tranqüila”, explica. Por isso a preferência pelo futebol chinês, apesar de sondagens do Paysandu e de clubes do Japão e de Portugal. A única coisa que ele sabe é que vai acabar voltando. “Já estou pensando em comprar um apartamento aqui em Curitiba. Um dia eu apareço”, finaliza.

Mágoa

Apesar de não dizer, Picolli deixou o Coritiba triste – e não só por não ter ganho nada. Ele saiu chateado com opiniões internas, que imputavam-no a responsabilidade de derrotas capitais – principalmente contra Grêmio, na Copa Sul-Minas, e Gama, no Brasileiro).

Clube não perdoa e aciona Lúcio Flávio

Que o Coritiba não engoliu a negociação de Lúcio Flávio com o Atlético-MG, isso é claro. Mas ninguém esperava que a diretoria ameaçasse o jogador com um processo por abandono de trabalho – fato que ocorreu nos últimos dois dias. Ontem, Lúcio esteve no CT da Graciosa para se despedir dos já ex-companheiros.

Segundo o secretário Domingos Moro, Lúcio Flávio não poderia deixar o clube antes do dia 31 de dezembro, quando vence o contrato dele com o Coritiba. “É chato, porque nós temos um jeito de conduzir nosso clube e às vezes somos surpreendidos por atitudes inesperadas”, afirma o dirigente, atingindo com a crítica todos os lados envolvidos – o jogador e seu procurador Ney Santos, o Paraná Clube e o Atlético-MG.

Além de sair, Lúcio se apresentou em Belo Horizonte, e aí o mal-estar foi formado. A nota da assessoria do atleta não foi conclusiva, porque apontava um acerto entre Paraná e Atlético-MG para a viagem do meio-campista, sem dizer se o Coritiba foi consultado. “O Coritiba sequer foi informado”, diz Moro. As tentativas de contato com o jogador e com Ney Santos foram infrutíferas.

E por isso o Cori vai partir para um processo. “Tudo tem limite, e o presidente Giovani Gionédis não vai deixar o Coritiba ser tratado de uma maneira desrespeitosa”, afirma o secretário. Apesar disso, não há nenhuma possibilidade de Lúcio retornar ao Alto da Glória. “Não se pensa nisso, mas se pensa no respeito que o Coritiba merece”, resume o secretário. (CT)

Voltar ao topo