O Coxa não aproveitou o ?privilégio? de ser o primeiro adversário do Santos pós-Robinho. Mesmo sem o novo galáctico do Real Madrid e vários titulares, o time paulista explorou as falhas gritantes do sistema defensivo coxa-branca para vencer por 2 x 0, ontem, na Vila Belmiro. O Alviverde, assim, segue sua sina: não consegue engrenar e volta à famigerada ?zona do agrião? do Brasileiro, agora em 13.º lugar.
Além de Robinho, o Santos não tinha jogadores importantes como os zagueiros Halisson e Ávalos, o lateral Paulo César os meias Zé Elias, Bóvio, Giovanni e Diego. O equilíbrio que os desfalques insinuavam até apareceu nos primeiros minutos, quando o Coxa chegou com perigo em duas oportunidades. Isso só até aos 7 minutos, quando a zaga dormiu pela primeira vez e observou o jovem Geílson fazer 1 a 0.
Mesmo com três zagueiros, a defesa alviverde batia cabeça e falhava no posicionamento. O meia Ricardinho já havia perdido boa chance quando Wendel apareceu livre – mas impedido – e rolou para Geílson marcar novamente.
Para piorar, antes de metade do primeiro tempo o técnico Cuca perdeu o zagueiro Alan e o meia Marquinhos, contundidos. Douglas Peruíbe e James entraram na equipe. O Coxa continuou apático, sem criatividade e falhando muito na defesa. Comportamento que irritou bastante o técnico Cuca. ?Não tivemos um pingo de vergonha. Eles (os jogadores) têm obrigação pelo menos de correr?, esbravejou ao fim da primeira etapa.
A bronca nos vestiários surtiu efeito e o Coritiba voltou um pouco mais organizado. Jackson, que após a saída de Marquinhos deixou a ala e foi para o meio-campo, começou a aparecer e dar um pouco de criatividade ao Alviverde. O Coxa chegou a manter a posse de bola por mais tempo e dominar as ações. Mas agora os erros surgiram na hora do arremate final.
E, como era previsível, o avanço deu liberdade para os contragolpes do Peixe, todos desperdiçados por Geílson.
A evolução por pouco não resultou em gol quando o zagueiro santista Luís Alberto cabeceou para trás e a bola tocou no travessão. Aos 39 minutos, o lateral Ricardinho teve boa oportunidade em falta próxima à área, mas escorregou bem na hora da cobrança e chutou completamente torto. Prova definitiva de que nada daria certo para o Coritiba.
Time sentiu a responsabilidade
Já virou tradição: quando dá pinta de que pode engrenar, o Coritiba fraqueja e não consegue se aproximar do pelotão de elite do Brasileiro. Desde a sexta rodada o Alviverde empaca em posições intermediárias da tabela – ou a ?zona do agrião?, para usar termo adotado por Goivani Gionédis. ?É a mesma história do ano passado. Quando chegamos perto dos 50% de aproveitamento, perdemos e caímos na tabela?, lamentou o presidente.
Gionédis disse que, antes da partida, o elenco foi cobrado para que vencesse na Vila Belmiro. ?O Santos estava sem seis ou sete jogadores, e com a vitória subiríamos umas três posições. Talvez o peso desta responsabilidade tenha feito o time jogar tão mal?, provocou.
O técnico Cuca, que no intervalo acusou o time de não se aplicar em campo, também foi duro na entrevista após a partida. ?A atuação me deixou preocupado. Talvez nossa equipe não seja tão forte como imaginávamos?, disparou. O treinador elogiou apenas a atuação dos pratas-da-casa que entraram durante a partida – James e Douglas Peruíbe – e criticou o árbitro Carlos Eugênio Simon. Cuca reclamou de impedimento no segundo gol santista e de um pênalti não marcado em favor do Coxa.
Para o atacante Renaldo, o Coritiba entrou em campo apático e desconcentrado. ?Melhoramos um pouco no segundo tempo. Mas aí não dava mais tempo?, observou.
Menos mal que Cuca terá 11 dias para corrigir os erros da equipe. O Coxa volta a campo em 8 de setembro para enfrentar o Palmeiras, no Parque Antarctica.
Suspense
Depois do jogo, Gionédis fez mistério ao anunciar que dará uma entrevista coletiva amanhã. ?Temos coisa boa para divulgar à torcida?, falou, sem passar maiores detalhes. Especula-se que o presidente revelará algum investimento com o dinheiro das recentes negociações de atletas.
Música do Coxa faz 16 anos
?Oh, Glorioso, como é bom te ver campeão de novo.? A música que não sai da cabeça dos torcedores do Coritiba completa hoje 16 anos de lançamento. Não é nem o hino oficial, mas basta ter jogo do Alviverde no Alto da Glória para a cidade tocar a música, seja nas aparelhagens de som, seja nas buzinas de automóveis. Uma felicidade só para Francis Night, que compôs a obra Coritiba, eterno campeão.
?Me sinto o músico mais feliz do mundo por ter composto uma música que a torcida do Coritiba guarda no coração?, diz o músico. Para ele, ter feito o ?hino? é como se ele tivesse conquistado um Oscar. ?Agradeço a essa torcida maravilhosa por ter feito dessa canção um grande hino em homenagem ao Coritiba?, diz Night.
A música foi lançada originalmente em 29 de agosto de 1989 para homenagear o título nacional de 1985 e dois dias após a conquista do estadual daquele ano. A primeira gravação está no álbum ?Coritiba campeoníssimo 1989 – Brasil 1985?. Como o clube não tinha um hino, a música foi a número 1 dos torcedores até o concurso de 1997 que elegou a música oficial. Mesmo assim, a canção de Francis Night continua nos corações e mentes do coritibanos.
CAMPEONATO BRASILEIRO
Súmula
Local: Vila Belmiro (Santos-SP)
Horário: 18h10
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (FIFA-RS)
Assistentes: Altemir Hausmann (FIFA-RS) e José Javel Silveira (RS)
SANTOS X CORITIBA
Santos
Saulo; Flávio, Rogério, Luís Alberto e Wendel; Fabinho, Elton, Ricardinho e Léo Lima; Douglas e Geílson (Basílio). Técnico: Gallo
Coritiba
Douglas; Vagner, Flávio e Allan; Jackson, Rodrigo Mancha, Luís Carlos Capixaba, Marquinhos e Ricardinho; Alcimar (James) e Renaldo. Técnico: Cuca


