Coxa a postos para o duelo de domingo

Vai ficar para a hora do jogo a definição sobre Roberto Brum. O volante sequer treinou ontem e o departamento médico pediu tempo para o técnico Paulo Bonamigo. Como um pouco de mistério não faz mal a ninguém, o treinador vai esperar até quando puder pelo jogador, apesar de já ter avisado que Pepo será o substituto. De resto, continua tudo como está: o Coritiba enfrenta o Paraná amanhã às 16h, no Pinheirão, com a base que foi bem-sucedida nos dois primeiros jogos do campeonato paranaense.

Roberto Brum ficou no departamento médico realizando tratamento intensivo para recuperar-se da pancada que levou. “Ficou um edema muito grande, e ele está sentindo muitas dores no local”, resume o médico Walmir Sampaio. Mesmo com as dores, o médico aposta em uma recuperação rápida. “Ele melhorou muito nas últimas horas e como o jogo é no domingo, ele tem boas chances de jogar”, afirma.

Além de ouvir as considerações dos médicos, Bonamigo também teve sua conversa com Roberto Brum, considerado por ele uma das peças-chave do atual time alviverde. “Eu gosto de conversar para sentir do atleta como ele está”, justifica o treinador, que confia na participação do “Senador” no clássico, o que permitiria a ele contar com todos os titulares no Pinheirão amanhã.

Com a base montada, o treinador usou o tempo do treino de ontem para outros assuntos. Se quando a bola rolou foi realizado um trabalho técnico, antes ele conversou com o elenco por quase trinta minutos. Ele não quer que os jogadores entrem na ?onda? de favoritismo, natural para quem está na liderança isolada da competição. “Eu treinei o Paraná e sei o quanto a equipe se agiganta jogando em casa. As camisas são tradicionais e é difícil prever um favorito”, afirma Bonamigo.

O técnico alviverde também alertou os jogadores da responsabilidade que eles terão no clássico. “Não podemos esquecer que o Coritiba precisa da vitória para conquistar uma vaga na Copa do Brasil. As duas situações (paranaense e Copa do Brasil) são importantes. Temos a nossa responsabilidade assim como o Paraná também tem, independente do momento das equipes”, diz Bonamigo.

Além disso, há o fator financeiro, inevitável para uma equipe que necessita de receitas. “Nós queremos manter esse calendário e para isso precisamos da vitória”, explica o volante Reginaldo Nascimento. “Se quisermos a vaga, precisamos conseguir a vitória. E espero que ela venha nos noventa minutos regulamentares”, finaliza o meia Tcheco.

Regras ?especiais? revoltam os jogadores do Alviverde

“Palhaçada.” Este foi o resumo feito pelos jogadores do Coritiba sobre as normas especiais divulgadas pela Federação Paranaense de Futebol para o clássico de domingo contra o Paraná, jogo que vale pelo paranaense e pela Copa do Brasil. Se algum jogador for expulso na prorrogação, este terá que cumprir suspensão automática na próxima partida do campeonato estadual, contra o Cascavel, na quarta.

Em resumo, esta é a principal ?novidade? do jogo, já que todos sabem que haverá prorrogação e pênaltis (se for o caso) se a partida terminar empatada no tempo normal. Apesar disso, a situação indignou os alviverdes. “A gente fica sabendo dessas coisas e não acredita. Isso comprova que, com qualquer resultado que acontecer, os dois times serão prejudicados. Mas como foi confirmado, não temos mais nada a fazer, senão jogar”, admite, resignado, o técnico Bonamigo.

Para os jogadores, entretanto, a reação foi mais forte. “A impressão que se tem é que eles fazem tudo para deixar as coisas mais difíceis”, diz o volante Reginaldo Nascimento. “A prorrogação só vale para a Copa do Brasil e se o jogador for expulso vai ter que cumprir no paranaense. É ridículo, porque uma coisa não tem nada a ver com a outra”, completa o jogador.

Mas a reação mais iracunda é a de Tcheco, que joga contra o Paraná pela segunda vez vestindo a camisa coxa. “Isso é mais uma palhaçada desses dirigentes. Eles estão misturando os campeonatos. Isso não existe. Mas nós teremos que tomar cuidado e aceitar, porque é isso que nós temos que fazer”, desabafa o meio-campista.

Matador com nome e sobrenome

Comandantes precisam ter nomes pomposos, ou pelo menos compostos. E o principal destaque do Coritiba neste início de campeonato paranaense não foge à regra. Edu Sales, recém-chegado ao Alto da Glória, já é um dos ídolos da torcida e uma das esperanças de vitória na partida de amanhã, contra o Paraná, no Pinheirão. Ao lado dele, mais quatro jogadores, que marcaram ao todo dez gols, a artilharia mais pesada da competição.

Edu vem mantendo a média de um gol por partida em três jogos, sendo dois no paranaense. Além disso, se destaca pelas jogadas de velocidade e pela facilidade em driblar. Essas características não são surpresa para quem o ouviu no dia de sua apresentação no Coritiba, mas nunca se espera mais que retórica nesses momentos. Cumprindo o que prometeu, Edu Sales é hoje o líder do ataque alviverde.

Alguns já estão arriscando até comparações com Liédson, último atacante ídolo da torcida, que hoje está no Corinthians. Edu prefere não falar sobre isso, mas sabe que já está caindo nas graças da torcida. “Todo jogador quer ser ídolo e eu fico muito feliz em ter o apoio dos torcedores”, comenta o atacante, que não gosta muito de se autovalorizar. “Acho que o mais importante é que a equipe está jogando bem e ganhando”, resume.

Edu também é elogiado pelos bons passes, coisa que era rara nas últimas duplas de ataque do Coritiba. Quando Marquinhos e Da Silva jogavam juntos, poucas tabelas eram vistas. Agora, ele e Marcel (que é o artilheiro alviverde no paranaense, com três gols) atazanam as defesas adversárias com rápidos toques e precisos deslocamentos. “O entrosamento vem naturalmente e a gente já está se entendendo bem”, avalia Edu Sales.

Mais atrás, eles têm o apoio dos dois meio-campistas, que receberam do técnico Paulo Bonamigo a orientação de ajudar bastante o ataque. Isso faz com que Tcheco e Lima tenham marcado dois gols cada um. “O time está muito bem e as jogadas estão aparecendo”, diz Lima, que atua agora em sua função original. “Quando o Coritiba tem a posse de bola, o Lima pode se juntar aos atacantes e fazer o papel de terceiro jogador naquele setor”, explica Bonamigo.

Completando a artilharia coxa, Marco Brito está no banco de reservas pronto para jogar. O ex-jogador do Fluminense já marcou um gol e é um dos destaques nos treinamentos e não se preocupa em ser um suplente. “Quem decide é o Bonamigo, e a prova do acerto dele é que o Coritiba está ganhando”, afirma. Edu Sales, como bom ?comandante?, diz que todos estão prontos para ajudar. “A gente tem consciência de que se der uma brecha, tem jogadores de qualidade para entrar. E quem ganha é o Coritiba”, finaliza.

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