Dorival Júnior não renova contrato com o Coritiba

De maneira surpreendente, o técnico Dorival Júnior anunciou ontem, em entrevista coletiva, que as negociações com o Coritiba estão encerradas e que ele não fica no clube para o ano que vem.

Desgastado com uma série de fatores, que vão de críticas na imprensa até os xingamentos de “burro” nas arquibancadas, o treinador disse que seu ciclo no Alviverde está chegando ao fim e que o melhor, no momento, é anunciar a saída e deixar a diretoria bem à vontade para procurar um substituto para a próxima temporada.

Assim, o profissional fica no Alto da Glória e dirige o time nos quatro jogos restantes no Brasileiro e segue a carreira em outro lugar com o auxiliar-técnico Ivan Izzo e com o preparador físico Celso de Rezende.

A decisão, de acordo com Júnior, foi tomada na segunda-feira, mas a direção pediu para ele pensar melhor e até marcou um encontro para a semana que vem, mas ele preferiu ratificar a decisão e antecipou o aviso para os jornalistas presentes ao Couto Pereira.

Definição

“Eu não gosto de mentiras e conversas fora da realidade. Eu tive uma reunião na segunda-feira com a diretoria antes do meu empresário entrar para conversar com o Homero (Halila, diretor de futebol), o (Paulo) Jamelli (coordenador de futebol) e o doutor Jurandir (Marcondes Ribas Filho, integrante do G9). Liguei ao presidente (Jair Cirino dos Santos) e agradeci por tudo o que aconteceu dentro do Coritiba, disse a ele que até pelo desgaste natural eu agradeci o interesse numa possível renovação, pensei no lado do Coritiba, de deixar o clube à vontade para contatar outro profissional.”

Motivação

“Vou manter a minha motivação em busca do melhor trabalho possível até a última partida, quero deixar bem claro isso, não estou aqui contatando com nenhum clube do futebol brasileiro ou do exterior. Recebi 12 propostas durante o ano e em nenhuma delas eu abri negociação. Até o último dia do meu contrato vou dar dedicação total ao Coritiba, com toda força possível para que a gente possa buscar uma posição melhor.”

Futuro

“O ano que se abre ao clube é promissor ao extremo e a diretoria tem a possibilidade de planejar tudo isso, contatar os profissionais que achar conveniente e também os atletas para uma reposição. Enquanto não finalizar o campeonato eu não converso com ninguém. Não tive convite de nenhum clube brasileiro e achei que não deveria jogar essa situação para o fim da competição.”

Salário

“Não se falou em salário e não seria esse o motivo da minha permanência ou não. Todo trabalho tem um ciclo, um processo e, de repente, seria a hora do Coritiba tentar com um outro profissional essa sequência que eu tenho certeza que vai ser promissora.”

Até breve

“Não é um adeus. É um final de trabalho e apenas isso e eu vou até o último momento motivado ao extremo em busca da melhor colocação possível.”

Desgaste

“Até para a instituição seria importante uma mudança nesse momento e conversando com o presidente passei essa impressão. No primeiro instante, o presidente tentou me demover da idéia, mas seria conveniente a mudança para não haver um desgaste e termos que tomar essa atitude no campeonato regional. Seria ruim para mim e para o Coritiba. Eu sempre agi com toda a verdade e não estava me sentindo bem com aquilo que vinha acontecendo, com todo esse falatório que estava envolvendo essa situação e com inverdades lançadas por aí. Jamais o lado financeiro foi problema para que eu acertasse com o Coritiba. Existe um desgaste natural no futebol e voc&e,circ; tem que respeitar e seria conveniente para o Coritiba abrir o ano com um outro profissional.”

Vaias

“Crítica da torcida é natural, em todas as equipes eu vou ver isso. Estou acompanhando o Adílson (Batista, técnico do Cruzeiro) lá, vice-líder, e há cinco meses sendo xingado. A gente convive com isso no dia-a-dia, ainda que eu não entenda, mas é natural que venha acontecer. Muitos dizem que é a cultura do futebol brasileiro, mas eu coloco como a falta de cultura do brasileiro. O trabalho em si foi vitorioso em todos os aspectos.”