Azar do Inter e do Sport

Coxa reprisa defeitos da temporada e perde o último jogo em casa na temporada

Willian fura a bicicleta e Iago fica olhando. Tecnicamente, o jogo tá bem resumido nessa imagem. Foto: Hugo Harada

Dois gritos foram ouvidos com força depois do final de Coritiba 0x1 Vitória, ontem, no Couto Pereira. Com mais volume, pois falado por mais torcedores, era o grito de “vergonha”, porque o Coxa teve uma atuação abaixo da crítica, parte pelos erros táticos de Paulo César Carpegiani, parte pelo péssimo rendimento técnico. E com menos volume, mas totalmente perceptível, era o grito de “Grêmio”, vindo da área reservada à torcida do time baiano, onde havia mais gente contra o Internacional que propriamente a favor do Vitória.

Estranho jogo este em que os maiores interessados não estavam em campo. Por mais que o Vitória dependesse do resultado para escapar do rebaixamento – e o risco do Leão agora é mínimo -, quem realmente estava interessado via o jogo pela TV. Em Recife, a turma do Sport, que tinha tudo para um ano tranquilo e foi acumulando erros que o levaram ao perigo total na última rodada do Campeonato Brasileiro. E, claro, em Porto Alegre, onde o Internacional achava que um jogo de outro time resolveria o rosário de trapalhadas cometidas pelo clube neste ano, e onde certamente houve foguetório no gol de Marinho.

Por sinal, o gol foi um capítulo a parte. Talvez o único lance realmente bonito do jogo de ontem. Marinho recebeu de Victor Ramos pela direita e saiu driblando todo mundo. Passou por Juninho, deixou Yan Sasse para trás, teve calma para deixar Nery Bareiro na saudade, ainda fintou Walisson Maia antes de finalizar. Um dos mais bonitos gols do Brasileirão, um improvável herói para a salvação do Vitória – inegavelmente Marinho é um dos destaques do segundo turno do campeonato.

Tanto que a tática do Vitória é “joga no Marinho pra ver se ele resolve”. Mesmo assim, o Coritiba não conseguiu segurar o atacante. Este foi o primeiro dos erros táticos do Verdão. Paulo César Carpegiani diz ter alertado o time, mas claramente o Coxa estava desarrumado. Não tinha meio-campo, era um amontoado de atacantes e um vazio onde os baianos tinham espaço para jogar.

Carpegiani, experiente e de contrato renovado, certamente sabe que empilhar homens de frente não adianta nada se não houver uma articulação. Mesmo assim, ele não mudou a forma do Cori atuar, tanto que Juan só entrou no quarto final do jogo e de lateral-esquerdo, enquanto Iago (depois Vinícius), Kléber, Leandro e Kazim não conseguiam ter a posse de bola.

A derrota veio por conta das falhas do Coxa e de um gol de antologia de Marinho. Se atrapalhou o Internacional e o Sport Recife, é da vida. O que ficou claro é que o rendimento alviverde ontem não foi muito diferente do tempo em que a equipe flertou com o rebaixamento, e simboliza que mesmo livre da degola, houve mais erros do que acertos no Alto da Glória em 2016.