O que não faz uma vitória. O ambiente do Coritiba mudou da água para o vinho. A vitória de 1 a 0 sobre o Figueirense, na segunda-feira, fez o clima de descontração tomar conta da reapresentação da equipe, ontem à tarde, no CT da Graciosa.
É bem verdade que foi uma vitória magra, contra um adversário que ainda busca um lugar ao sol e com o desempenho aquém do apresentado nas outras partidas. Mas a conquista da primeira vitória no campeonato brasileiro, na quinta tentativa, valeu como a retirada de um fardo das costas dos jogadores. “A série de maus resultados nos colocou sob uma pressão tão grande que estávamos pecando pela ansiedade. Na preleção, fui bem claro: tínhamos que ganhar nem que fosse com gol de “bunda”, disse o técnico Bonamigo à Tribuna.
Não foi preciso tanto. O gol de Marco Brito foi de pé direito e nasceu numa jogada individual de Adriano, trabalhada pelo meio de campo e que contou com colaboração do zagueiro Cléber, que desviou a bola para Brito. O que pode ser uma prova de que, finalmente, a sorte está voltando ao Alto da Glória. Nos primeiros compromissos do Alviverde – contra Flamengo, Internacional, Juventude e Cruzeiro – o treinador deixou o gramado com o sentimento de injustiça engasgado na garganta. “Estávamos jogando bem, mas desperdiçando as chances criadas e sendo castigados em lances de desatenção. Contra o Figueirense o time não fez uma partida, mas conseguiu o resultado. Nesse momento, é o que mais necessitávamos”, disse o treinador.
De fato, a conquista da primeira vitória no campeonato brasileiro vai servir como um estimulante para o time. Apesar de o elenco tentar manter o discurso otimista, era flagrante a preocupação dos campeões estaduais, que fizeram uma campanha irrepreensível no paranaense. Com o desencanto, o técnico Bonamigo acredita que a equipe vai deslanchar na competição, mesmo tendo pela frente, na próxima rodada, ninguém menos que o Atlético Mineiro, em Belo Horizonte, que divide com o Cruzeiro a liderança na competição. “Quando enfrentamos adversários mais poderosos, o time cresce de forma considerável. Um exemplo foi na partida contra o Cruzeiro, que jogamos de igual para igual e por pouco não vencemos”, diz Bonamigo, referindo-se ao placar de 4 a 3 a favor dos mineiros.
Odvan assinou, treinou e estréia contra o Paraná
Gisele Rech
O clima de descontração criado pela conquista da primeira vitória do Coritiba no campeonato brasileiro foi perfeito para a apresentação do zagueiro Odvan, que iniciou ontem os trabalhos no CT da Graciosa. De riso fácil, o candidato à xerife do Alviverde disse logo de cara, ao vestir pela primeira vez a camisa do Coxa. “Fiquei bonito com essa camisa!”.
Contratado até o final do ano, o zagueiro que já defendeu a seleção brasileira, é conhecido por não dar espaços na área, especialmente devido ao seu porte físico avantajado. “Na hora do trabalho, não perdôo nem minha mãe se ela entrar na área”, afirmou em tom de brincadeira.
Mas a diversão acaba por aí. Consciente do principal motivo que o trouxe ao Alto da Glória – sua experiência de mais de 10 anos – Odvan assume com naturalidade a responsabilidade de ser um dos líderes da garotada do Coxa. E pretende utilizar a experiência vivida no início da carreira, com a camisa do vasco da Gama, para cumprir o trabalho dado a ele. “Quando cheguei no vasco, tive como mestre o Mauro Galvão, que me ensinou muita coisa. Espero que eu possa fazer isso com os jogadores mais jovens, que tem muito a dar pelo que vi ontem (segunda), na partida contra o Figueirense”, disse o pé-quente, que pôde acompanhar dos camarotes do Couto Pereira a primeira vitória do Coxa na competição. “Espero que seja a primeira de uma série. Estou aqui para ajudar e quero continuar minha carreira campeã.”
De fato, apesar de não ser uma unanimidade – quando seu nome surgiu nos bastidores, não o pouparam de críticas, Odvan tem uma carreira recheada de títulos, especialmente com a camisa do Vasco: foi bicampeão brasileiro, bi do Torneio Rio-São Paulo, campeão da Libertadores, campeão da Mercosul e bicampeão carioca. Pela seleção brasileira, Odvan foi campeão da Copa América de 99 e coleciona 15 convocações.
O último clube defendido pelo zagueiro foi o Botafogo, até dezembro do ano passado. No início do ano ele esteve prestes a acertar com o clube chinês, mas o negócio não era o esperado. “Enquanto não estava jogando, estava treinando pela manhã e pela tarde, na praia, com o auxílio de um preparador físico”. Talvez por isso os resultados de seus testes físicos foram positivos. No entanto, a torcida alviverde terá de esperar para vê-lo atuando. Como a CBF só volta a dar expediente amanhã, não haverá tempo hábil para registrá-lo para o jogo contra o Galo. “Por um lado é bom, pois terei duas semanas para recuperar o ritmo de jogo e estrear com a corda toda contra o Paraná”, conclui.