Coritiba vence o Criciúma na raça

Coritiba apagou a má impressão deixada na última quinta-feira, no pífio empate com o Vitória, no Couto Pereira, vencendo na raça o Criciúma por 3 a 2, em pleno Heriberto Hulse. Com os três pontos, o time reconquistou o quarto lugar na tabela de classificação, empurrando o Tigre para a quinta colocação. Três dos cinco gols do jogo foram originados em cobranças de penalidades.

Antes da partida, o preparador físico Robson Gomes fez as vezes de motivador do grupo e o efeito foi sentido prontamente. Aos 12 segundos de jogo, o Coritiba abriu o marcador, quebrando uma marca no campeonato brasileiro deste ano. Lira cruzou da esquerda, a zaga deu rebote e Ceará soltou o petardo, abrindo o marcador e se consagrando como o autor do segundo gol mais rápido da história dos campeonatos brasileiros. O primeiro é de Nivaldo, que na vitória do Náutico por 3 a 2 sobre o Atlético Mineiro, em 89, marcou aos sete segundos a favor do time recifense. “Foi uma oportunidade única. Nunca tinha visto um gol tão rápido”, orgulhou-se o lateral coxa-branca.

Atrás no marcador e jogando com o apoio maciço da torcida, o Criciúma partiu para cima do alviverde, que passou a sobreviver de contra-ataques. No entanto, mesmo com maior posse de bola, os catarinenses pouco assustavam e Fernando dava conta do recado, quando solicitado.

A chance mais viva do Criciúma na primeira etapa aconteceu aos 32 minutos, quando Leonardo recebeu na entrada da área e encobriu Fernando. Mas o solícito Roberto Brum conseguiu tirar da risca usando a cabeça.

Já no final da etapa inicial, a máxima “quem não faz, leva” acabou favorecendo o Coritiba. Após cobrança de escanteio de Tcheco, aos 45 minutos, Odvan subiu sem marcação e ampliou a vantagem para 2 a 0.

Apesar da vantagem no placar, o técnico Bonamigo garantiu fazer alguns acertos no vestiário. “O time tem que marcar mais na frente, para dar mais chance de agredir o adversário”, alertou.

Pênaltis

Com a dica do treinador, a equipe voltou marcando mais no meio-de-campo, mas não pôde evitar o revés aos 8 minutos. Em um lance na área, a bola tocou no braço de Danilo e o árbitro assinalou pênalti. “Não foi intencional. A bola bateu no meu pé e depois no braço”, lamentou o zagueiro após o compromisso. Na cobrança de Paulo Baier, Fernando caiu para o lado certo e fez a defesa. No entanto, o bandeira Flávio Lúcio Magalhães assegurou que Fernando havia se adiantado e o árbitro Romildo Corrêa mandou voltar a cobrança. “Não avancei, apenas me movimentei na diagonal. Mas os árbitros estão sendo muito cobrados nesse aspecto”, disse Fernando após a partida. Na segunda tentativa, aos 12 minutos, Paulo Baier converteu e diminuiu a diferença.

Aos 25 minutos, foi a vez do Coritiba ser favorecido com a marcação de um pênalti, de Léo Oliveria sobre Edu Sales. Marcel cobrou com precisão e marcou mais um para o Coxa.

O Alviverde ainda comemorava quando o árbitro Romildo Corrêa marcou mais uma penalidade a favor do Tigre. Paulo Baier, artilheiro e capitão da equipe, não decepcionou a torcida e diminuiu novamente a diferença.

Empolgado com a possibilidade de empate, o Criciúma partiu para a pressão e a defesa alviverde começou a brilhar, se desdobrando na raça e garantindo a vitória fora de casa. Destaque para o zagueiro Odvan, melhor em campo. Aos 38 minutos, Fernando salvou a pátria em um chute à queima-roupa de Tico e sacramentou a vitória. “Foi a vitória da raça”, resumiu o lateral-esquerdo Lira, que foi expulso no último minuto de jogo.

Vitória deixa saldo de vários desfalques

Os jogadores do Coritiba não esconderam o alívio depois do compromisso da tarde de ontem. Após a avalanche de críticas recebidas pela fraca atuação diante do Vitória, no meio de semana, a vitória fora de casa contra um time em franca ascensão deu novo ânimo ao alviverde. “Depois de empatarmos em casa, tínhamos que compensar vencendo fora. E conseguimos”, declarou o atacante Marcel, que assim como seus companheiros fez questão de saudar a torcida coxa-branca que foi até Criciúma.

A bela atuação no campo adversário fez o volante Roberto Brum destacar a necessidade de o time buscar o equilíbrio nos desempenhos dentro e fora de casa. “Estamos jogando com mais raça fora de casa. Temos que jogar assim também perto da nossa torcida. Ela merece”, disse Brum, destacando o prazer de jogar no Heriberto Hulse. “Como a torcida fica próxima, parece que está dentro. Deixa o jogo mais quente”, diz o “senador”.

Apesar da vitória, o árbitro Romildo Corrêa não passou incólume às críticas. Danilo se queixou da marcação do primeiro pênalti e Fernando lamentou o fato de o árbitro ter pedido para Paulo Baier repetir uma cobrança, que havia sido defendida no primeiro lance. “Faz parte do jogo passar por cima de dificuldades com a arbitragens. E conseguimos, isso é o que importa”, disse Odvan, que foi um leão em campo.

Desfalques

Nem tudo foi festa na partida de ontem. O técnico Paulo Afonso Bonamigo perdeu peças importantes para o compromisso de domingo, contra o Fortaleza, no Couto Pereira. O zagueiro Danilo e os atacantes Marcel e Edu Sales estão suspensos, pois tomaram o terceiro cartão amarelo. Lira, expulso, também terá de cumprir suspensão. Além deles, Ceará, com uma pancada no tornozelo, e Tcheco, com um problema no joelho, podem engrossar a lista de desfalques.

Em contrapartida, o Coritiba terá o retorno do lateral-esquerdo Adriano, que estava defendendo da seleção brasileira sub-23 na Copa Ouro – o Brasil perdeu a final para o México por 1 a 0, com o gol de ouro. Outros jogadores que têm boa chance de voltar são Jackson e Lima. Os dois estavam entregues ao departamento médico. Como a próxima partida é daqui a uma semana, há grande possibilidade de o treinador contar com eles.

Só dívidas abalam Gionédis

Não é fácil ser presidente do Coritiba. Ao confirmar para uma dezena de microfones a informação divulgada quarta-feira na Tribuna de duas novas notificações da Justiça, o presidente Giovani Gionédis parecia abalado. No melhor momento dentro de campo nos últimos tempos, o Cori segue penando com os problemas financeiros, e buscando recursos onde for possível.

Nos últimos casos, Gionédis tem consciência que o Coritiba vai ter que arcar as conseqüências dos atos de gestões anteriores. No caso do pedido de R$ 42 mil do ex-supervisor Roberto Silva na Justiça do Trabalho, há um agravante: o funcionário tinha um salário na carteira, e recebia o triplo ?por fora?, e o fato foi arrolado no processo. A dívida com o Real Madrid (US$ 49 mil pelo empréstimo de César Prates) sequer era conhecida pela atual diretoria.

Para completar, ele manifestou o descontentamento com a exposição da parceria com o empresário Juan Figger. O acerto está feito, mas Gionédis ainda não se sente confortável para falar do assunto. Nesta entrevista, o presidente coxa fala dos recentes problemas do clube e confirma a existência de um ?plano B? no caso de o Coritiba S/A empacar na Comissão de Valores Mobiliários.

Paraná-Online

– Ao tomar conhecimento das primeiras penhoras de renda no ano passado, o senhor disse que não se abateria, mas que o clube tinha uma surpresa por dia. O senhor ainda é surpreendido?

Gionédis

– Tinha parado. A questão trabalhista não surpreende, pois já tínhamos conhecimento do projeto. Mas essa história do Real Madrid realmente ninguém conhecia. E é uma dívida internacional, envolve a Fifa, envolve a credibilidade do Coritiba, atrapalha muito. Olha, é difícil, mas vamos enfrentar. Contra tudo e contra todos, se Deus quiser vamos conseguir sanear o clube.

Paraná-Online

– Já está em andamento um ?plano B? de busca de recursos, caso a emissão de ações do Coritiba S/A não vingue?

Gionédis

– O que eu posso dizer para a torcida que o clube-empresa já é uma realidade, está operando, embora não esteja emitindo ações. Mas nós não desistimos, tanto que entramos com um recurso na Comissão de Valores Mobiliários. Se nós tivéssemos desistido do ?plano A?, não teríamos recorrido. Não posso falar muito, porque há um sigilo sobre o caso. Se não tivermos sucesso na CVM, e eu acredito que teremos, nós temos um ?plano B?, vamos lançá-lo, só não posso falar porque temos que esperar o julgamento do recurso.

Paraná-Online

– Como anda a parceria com Juan Figger?

Gionédis

– Não posso entrar em detalhes, estamos ainda em negociações. O Coritiba tem interesse em fazer uma parceria com um grande agente internacional reconhecido. A notícia surgiu, e a presidência até ficou chateada com a forma que houve o vazamento. Não era para acontecer como aconteceu. São pré-negociações, não há nada fechado, e eu já vi casamentos serem desfeitos no altar. Enquanto não estiver assinado, não se comenta.

Paraná-Online

– E as notícias sobre negociações de jogadores?

Gionédis

– Não são verdadeiras. Nas conversas com o Figger, nunca falamos sobre isso. Nossa idéia de trabalho com ele é diferente do que foi feito no futebol paranaense. Temos idéias novas, mesmo que o Figger seja um profissional. É uma coisa nova, e não terá nada a ver com a venda de qualquer jogador.

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