Coritiba vai ter que ralar para garantir a vaga da Libertadores

Serão quinze dias de preocupação e de nova mobilização. Tudo porque o Coritiba conseguiu perder para o time mais fraco do campeonato brasileiro. Apesar de já ter 46 pontos, e de estar cada vez mais longe do rebaixamento, o Fluminense demonstrou ser uma equipe instável, tecnicamente frágil, fisicamente acabada e dependente apenas do talento de Romário. E com todos esses ?predicados?, o Tricolor das Laranjeiras teve mais vontade e colocou o Coxa em um labirinto.

Isso porque, mesmo mantendo a quarta colocação, o Cori perdeu três pontos “ganhos”, e agora terá que obrigatoriamente vencer os dois jogos que lhe restam no Couto Pereira (no dia 22, contra a Ponte Preta, e na última rodada, frente o Criciúma), e ainda arrancar pelo menos um empate nas partidas fora, contra Vitória e Fortaleza. Marcando sete pontos, o Coxa chegaria a 75 e garantiria matematicamente uma das vagas na Copa Libertadores.

O que ameniza a vida do Coritiba é a seqüência de confrontos diretos que os seus rivais têm. Ontem houve o jogo entre Internacional e Atlético-MG, e o time gaúcho também enfrenta São Caetano e São Paulo. O Azulão ainda joga contra o Goiás, que irá a Santos enfrentar o vice-líder do Brasileiro e a Belo Horizonte pegar o Galo. A maioria das combinações desses resultados facilita e tranqüiliza o caminho coxa. E tudo seria mais tranqüilo não fosse a soberba que tomou conta do time ao final do jogo de sábado, além das inúmeras falhas no ataque. O momento que exemplifica a auto-suficiência coxa no Maracanã aconteceu antes que a partida acabasse. Roberto Brum foi substituído para a entrada de Willians, e explicou o porquê em entrevista às rádios. “Eu saí para que o meu companheiro ganhasse o bicho”, afirmou.

Apesar da força da declaração, o técnico Paulo Bonamigo preferiu minimizar. “Os jogadores talvez acreditaram um pouco demais, mas ninguém esperava que acontecesse uma reviravolta”, disse. Para ele, o Cori fez boa atuação, mas pecou nas finalizações. “A gente desperdiçou muitas chances, até poderíamos ter definido o jogo logo depois de termos virado”, comentou.

Os jogadores mais experientes estavam desconsolados. E o retrato deles era Reginaldo Nascimento, que é o atleta há mais tempo no clube. “Se a gente está disputando alguma coisa, temos que mostrar serviço. E quem quer chegar a uma Libertadores não pode perder um jogo que estava na nossa mão. Temos que ver o que está acontecendo logo, senão vamos perder algo que está muito perto”, desabafou.

Parada

O elenco alviverde só volta aos treinos amanhã, às 16h, no CT da Graciosa. Também deve ser confirmada a intertemporada de sete dias em Foz do Iguaçu, que agora servirá mais para mobilizar o grupo do que para treinar. “É a hora de todo mundo se sacrificar, até deixar de lado nossas famílias, para atingir nosso objetivo”, explicou Bonamigo. Para a próxima partida no campeonato brasileiro, dia 22 (16h), contra a Ponte Preta, o Coritiba não terá quatro titulares: Adriano, com a seleção brasileira sub-20, Marcel, Maurinho e Odvan, os três suspensos.

Nem a torcida do Flu acreditou

Tanto se fez que o castigo veio. O Coritiba conseguiu perder para o fraquíssimo Fluminense de virada por 3×2, sábado, no Maracanã. Além de reabilitar o time carioca, que foge da zona de rebaixamento, o Coxa reabilitou Romário, que fez dois gols e foi o herói da partida. Com a derrota, o Alviverde parou nos 68 pontos e entra na reta final do campeonato brasileiro com a vaga para a Libertadores bastante ameaçada.

Paulo Bonamigo escalou o Coxa com a mesma formatação tática da partida contra o Corinthians. A esperança era Lima, que substituía Edu Sales. As torcidas organizadas do Flu viraram as faixas de cabeça para baixo, sinal de revolta pela péssima campanha.

Como previsto, o Fluminense partiu para cima. Aos cinco minutos, Rodolfo chutou em cima de Danilo e quase surpreendeu Fernando. E aos nove o goleiro alviverde derrubou Marcelo na área. Na cobrança, Romário foi displicente e Fernando defendeu. Mas, no rebote, o Baixinho usou de sua ?marra? para desviar e marcar o primeiro.

Superior tecnicamente, o Cori assumiu o controle tático da partida após sofrer o gol. Aos 26 minutos, em boa jogada tramada pelo meio, Lima recebeu livre mas burilou demais o lance e desperdiçou a melhor jogada coxa no primeiro tempo. E, aos 42, Marcão colocou a mão na bola na grande área – pênalti, que Marcel converteu, igualando a partida.

O Coritiba percebeu que tinha condições de vencer na volta do intervalo. Desde os primeiros instantes o domínio foi alviverde. As jogadas eram prioritariamente pela direita, aproveitando a boa fase de Maurinho. E, aos nove minutos, o lateral coxa foi seguro por Jadílson, que foi expulso. O goleiro tricolor fez outra intervenção aos 14, quando Souza colocou na cabeça de Marcel. Aos 25, Souza chutou forte, Kléber defendeu e Lima perdeu a chance no rebote. Na jogada seguinte, ele não perdeu. Souza tocou para Marcel, que deixou Lima à frente de Kléber -o toque foi preciso, e o Coxa virou o jogo.

Chegou a ser impressionante o controle tático do Cori, decorrência da sobra física alviverde e da falta de qualidade tricolor. As chances se sucediam, só que todas foram desperdiçadas. E o preço do descaso do Cori aconteceu aos 43 minutos: Odvan tentou tirar a bola e chutou em cima de Alex Oliveira, e a bola entrou mansamente no gol. Para consumar a tragédia, aos 47, Romário chutou da linha de fundo e Fernando aceitou. Para quem quer chegar na Libertadores, foi uma prova clara de incompetência.

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