Coritiba torce pelos rivais contra adversários diretos

Torcedor de futebol é, também, um ?secador?. E isso é normal, já que além de empurrar sua equipe para as vitórias, o apaixonado quer ver seus rivais pelas costas, perdendo sempre. Às vezes, a desgraça do outro é mais divertida que a própria glória. Um exemplo: a eliminação do Atlético no campeonato paranaense foi mais comemorada que qualquer gol que o Coritiba fez contra o Malutrom. Só que, no Brasileiro, a história é um pouco diferente.

Nesta ?rodada? de meio de semana, que iguala todas as equipes em número de jogos, o Coritiba vai ficar só acompanhando e torcendo. Se estudar a tábua de classificação, o torcedor verá que o jogo entre Goiás e Ponte Preta não influi. Mas as outras duas partidas sim: Atlético x Santos, hoje, e Paraná x Criciúma, amanhã. São dois rivais históricos enfrentando adversários diretos na tabela.

Se o torcedor pensar com o coração, não deverá ter muitas dúvidas – ele será santista na Baixada e catarinense no Pinheirão. Com as vitórias dos visitantes, o coxa pode continuar brincando com os amigos que torcem para Atlético e Paraná, ganhando mais uns dias de gozação. Mas se a razão for mais forte, o negócio é bandear para o outro lado. Com os paranaenses vencendo, o Coritiba consolida a quarta posição (à frente do Criciúma) e se mantém perto do Santos. E agora?

Para os jogadores, não há muito em que pensar. Importante, nesse momento, é a manutenção do quarto lugar e a aproximação dos primeiros lugares (perdendo, o Santos fica a apenas três pontos do Cori). Mas, para alguns, os rivais não precisam ganhar. “Dois empates servem, não é?”, brinca o meia Tcheco. Nem tanto – empatando, o Criciúma se iguala e o Santos abre uma vantagem que não se tira em um jogo.

Por isso é que Reginaldo Nascimento assume a liderança da ?torcida organizada?, mesmo que isso atrapalhe o amigo lateral do Santos (e xará) Araújo. “Ele que me desculpe, mas o melhor para o Coritiba é que o Atlético vença”, comenta o volante coxa, que também aposta no rival tricolor. “Sou Paraná desde pequeno”, resume o jogador, que percebeu que teria que torcer para os ?inimigos? no início da semana. “Quando vi a tabela notei a coincidência”, conta.

Se o elenco não esconde as contas e a torcida, o técnico Paulo Bonamigo prefere olhar para o próprio lado. “Eu torço para o Coritiba. Se nós fizermos a nossa parte, não vamos precisar nos preocupar com os adversários”, comenta. Preocupado com o jogo contra o Fortaleza, domingo, o treinador pensa na melhora da equipe – e garante não estar nem aí para os resultados do meio de semana. “Precisamos evoluir ainda mais, corrigir o que erramos no primeiro turno. Essa é a minha responsabilidade”, finaliza.

Ceará “The Flash” saboreia e comemora fama repentina

Começa o jogo. Edu Sales toca para Lira, ele passa por Paulo Baier, cruza para a área, a bola passa por todo mundo e Ceará chuta forte para marcar o primeiro gol do Coritiba contra o Criciúma. Para ler a última frase em voz alta, você gasta em média nove segundos, apenas três a menos do que o Cori para marcar o segundo gol mais rápido da história dos campeonatos brasileiros.

Ceará, portanto, coloca seu nome no panteão da maior competição do futebol nacional. “É emocionante saber disso. Quando li no jornal, fiquei feliz. É uma coisa que vou contar para os filhos, netos…”, comenta o lateral, falando sobre seu gol relâmpago – o primeiro com a camisa do Coritiba. “Além de ser um gol rápido, teve a emoção de ser meu primeiro no clube”, reconhece.

Uma vitória para o jogador, que passou por um drama na temporada. A lesão no púbis o tirou do futebol por mais de três meses, estancando a ótima fase que vivia no campeonato paranaense. “Tenho que agradecer o fato de ter voltado no mesmo nível que tive no Paranaense”, afirma Ceará, que foi o principal ?assistente? do Cori na conquista invicta do campeonato estadual.

E, com a seqüência de jogos, Ceará volta à velha forma. Se ainda não participou com passes dos últimos gols do Cori, conseguiu mais. “A gente nem imagina que essas coisas vão acontecer. Quando marcou um gol, ele se torna bastante importante na vitória e até na história do campeonato”, confessa o lateral. E, se alguém perguntar a ele o que se pode fazer em doze segundos, a resposta é rápida. “Dá para marcar um gol”.

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