Coritiba suspende negócios e cancela até amistoso

A notícia caiu como uma bomba para os incautos ouvidos dos dirigentes de futebol. E agora não há como recuperar o rombo, porque a TV Globo conseguiu reduzir sensivelmente o valor do pagamento pelos direitos de transmissão do campeonato brasileiro deste ano. A redução quase foi pela metade, e isso arrasa os planos dos clubes em tentar reforçar suas equipes. No caso do Coritiba, a mudança dos valores deve encerrar as contratações de vulto.

“Dependemos da televisão”. A frase do secretário Domingos Moro quando perguntado sobre novas aquisições de jogadores resume o sentimento não só do Coritiba, mas de outras equipes. Afinal, a grande maioria dos 26 clubes que vão participar do Brasileiro sofre com dificuldades financeiras. As do Cori são conhecidas – uma delas, a pendência com o empresário José Antonio Martín, quase fez o clube ser suspenso pela FIFA.

Por isso, a diretoria promete para os próximos meses o lançamento de um projeto que seria um divisor de águas na história do Coritiba. “Ou recuperamos o clube de uma vez ou seremos enterrados junto com ele”, confessou o presidente Giovani Gionédis, no jantar de confraternização do movimento CoriAção, segunda-feira. O plano reúne a expectativa do apoio dos torcedores com elementos de um clube-empresa, já que a medida provisória assinada pelo presidente Fernando Henrique obriga os clubes a mudarem suas razões sociais.

Mas, enquanto isso, não há outra alternativa. Com a redução drástica nos valores da televisão, o Coritiba breca seus ímpetos. Se dependesse do ritmo empregado nos últimos dias, a torcida poderia ver com a camisa do clube ao menos mais dois reforços conhecidos – o goleiro Wagner (do Botafogo) e o atacante paranista Márcio, já que ambos foram sondados pelo Cori. Mas as pedidas dos clubes já haviam freado as negociações, e agora ficou muito mais complicado.

Destes dois, apenas Wagner ainda pode pintar no Alto da Glória, mas mesmo assim com chances remotas. Pessoas ligadas ao futebol alviverde garantem que até mesmo o goleiro Marco Antônio, destaque do Iraty nesta temporada, não seria contratado porque pediu um salário fora dos padrões atuais. Claro que, para quem acabou de contratar Lúcio Flávio, isso parece incoerente, mas é justamente por isso que o Cori tem dificuldade em acertar com outros atletas.

Reflexo

Outra promoção que ficou pelo caminho devido à redução das cotas de TV foi a do amistoso internacional contra o Toluca, do México. Apesar de os empresários que estão trazendo a equipe para o Brasil terem confirmado o jogo na sexta, ontem a diretoria coxa anunciou que a partida não será realizada. Segundo dirigentes, o valor inicial da promoção seria de oitenta mil reais, dinheiro que o clube não disporia no momento.

Passageiro da alegria alviverde

Um jogador diferenciado. É assim que o técnico Paulo Bonamigo, os dirigentes e a torcida se referem a Lúcio Flávio, que foi a principal contratação do Coritiba para o campeonato brasileiro. Da confirmação da vinda até hoje, o meio-campista percebeu o frisson que sua transferência da Vila Capanema para o Alto da Glória causou. De um lado, os coxas comemoram; de outro, os paranistas reclamam. Após os primeiros dias de treino, o jogador, nesta entrevista à Tribuna, fala do que sentiu até agora.

Paraná-Online

 – Como foram os primeiros dias como jogador do Coritiba?

Lúcio Flávio

– Foi uma recepção boa. Nos primeiros contatos que tive durante os treinamentos, sempre me deixaram bem à vontade. Espero que seja assim durante todo o tempo que eu permanecer no Coritiba.

Paraná-Online

– Já se coloca muita pressão em você, por ter sido a principal contratação da equipe. Como você administra isso?

Lúcio Flávio

– Eu procuro administrar bem isso, porque só o fato de jogar no Coritiba já é uma responsabilidade grande. Ao longo do meu trabalho e das partidas é que nós vamos ver. Tenho certeza que o apoio que o grupo está me dando desde o início será fundamental, principalmente em uma competição tão disputada como é o Brasileiro.

Paraná-Online

– O Lúcio que chega no Coritiba mudou muito em relação àquele que iniciou a carreira no Paraná?

Lúcio Flávio

– Minhas características não mudaram nada. Meu comportamento e principalmente minha personalidade são os mesmos. Trabalhei da mesma forma desde que comecei a jogar, e isso não será diferente no Coritiba.

Paraná-Online

– Você sente que é uma peça importante no reerguimento do Coritiba?

Lúcio Flávio

– Esse foi um dos pontos que fizeram com que eu preferisse jogar no Coritiba, porque nos últimos anos a equipe não atravessou por bons momentos, e tem uma dívida com o seu torcedor, ainda mais em relação ao campeonato brasileiro. Acho que por isso nosso grupo precisa ter uma boa relação com a torcida, pois temos que contar com o apoio de todos durante a competição e principalmente jogando no Couto Pereira.

Paraná-Online

– O que você sente desse elenco? O Coritiba estaria preparado para chegar entre os oito primeiros do Brasileiro e até pensar em título?

Lúcio Flávio

– Acredito que temos condições, mas temos que trabalhar forte se quisermos chegar a algum lugar. Um grupo que quer alguma coisa precisa pensar da mesma forma, e percebi isso já no primeiro contato com os meus companheiros. Se o título brasileiro já está no nosso estado, temos que mantê-lo por aqui.

Bonamigo começa moldar time para o Brasileiro

Cristian Toledo

Enquanto a equipe B do Coritiba arrumava as malas para viajar a Campo Mourão, sábado, o técnico Paulo Bonamigo colocou em campo pela primeira vez o time considerado titular para o campeonato brasileiro. Com a renovação de Da Silva e a contratação de Lúcio Flávio, ele iniciou em definitivo a preparação para a estréia – marcada para o dia 11 de agosto, enfrentando o Vitória, em Salvador.

Na verdade, Bonamigo não conseguiu montar a equipe por completo, porque Sérgio Manoel continuava entregue ao departamento médico, recuperando-se de uma tendinite no pé esquerdo. De resto, eram titulares – e o imediato de Sérgio, o lateral Adriano, ainda disputa uma vaga com o meio-campista. A formação inicial contou com Fernando; Juninho, Pícolli e Edinho Baiano; Reginaldo Nascimento, Reginaldo Araújo, Adriano, Roberto Brum e Lúcio Flávio; Genílson e Da Silva.

Esse time já mostrou (apesar de um certo desentrosamento, principalmente de Lúcio Flávio) o que se esperava dele – rapidez nas saídas para o ataque e muita qualidade no meio-campo. Mas ainda faltaram detalhes, que acabaram sendo sentidos no ataque. Apesar dos bons treinos que vêm realizando, Da Silva e Genílson não se acertaram e, conseqüentemente, ficaram em branco durante o trabalho.

No decorrer do coletivo (contra o time C), Bonamigo realizou alterações que deixam claros alguns de seus pensamentos para o Brasileiro. A primeira mudança deve ser uma constante, basicamente nos jogos realizados no Alto da Glória. O treinador sacou o zagueiro Juninho e colocou Alexandre Fávaro. “Haverá situações em que eu não vou precisar contar com três zagueiros e dois volantes. Então eu posso trazer o Nascimento para a defesa e jogar apenas com o Brum de volante”, explicou o treinador.

Logo depois, Lima entrou no lugar de Genílson, aumentando a mobilidade da equipe. Mesmo assim, os gols não aconteceram, mas Bonamigo aprovou o trabalho. “Nós estamos começando para valer o nosso planejamento tático da equipe, depois do trabalho físico que eles fizeram com o Róbson (Gomes, preparador físico). A melhora da equipe será gradativa”, analisou o treinador coxa.

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