Coritiba sofre, mas vence o Bahia

O técnico Paulo Bonamigo, perguntado durante a semana passada, confessou que não se importaria tanto com uma má atuação caso o Coritiba vencesse os jogos. E foi isso que aconteceu no sábado: o time não rendeu, sofreu para segurar os contra-ataques do Bahia e teve noventa minutos de dificuldades. Mas e daí? O Coxa venceu, deu um passo importantíssimo para chegar à Libertadores e ainda teve Marcel atingindo um recorde histórico de gols. Além do mais, termina a rodada na 3.ª colocação.

O atacante foi o mais festejado após o jogo. Apesar de ainda sofrer com o isolamento, Marcel mostrou eficiência em duas cabeçadas mortais (em dois belos cruzamentos de Alexandre Fávaro e Djames), que fizeram dele o maior artilheiro do Coritiba em uma única edição de campeonato brasileiro. “Eu fico muito feliz com isso, e sei que só pude conseguir essa marca com a ajuda dos meus companheiros”, comemorou.

Bonamigo também festejava a marca de Marcel e a retomada da ?tradição? coxa de definir jogos em jogadas de bola parada – o gol de Danilo também saiu em uma cobrança de falta de Fávaro. “Nós tivemos qualidade nesse tipo de lance e conseguimos marcar os gols”, diz o técnico. “Em um campeonato complicado como esse, quem tem uma jogada forte nas bolas paradas está na frente dos outros”, completa o volante Roberto Brum.

Mas o treinador coxa tem consciência da má atuação da equipe. “Nós mais uma vez nos superamos na base da vontade. Na parte técnica, nós realmente tivemos dificuldades”, comenta. Apesar dos gritos insistentes, o time não aproveitou os espaços que tinha nas laterais. “A gente tinha que buscar as jogadas pelos lados, e depois fechar pelo meio”, explica.

E houve tanta superação que Danilo tentou voltar em campo com o rosto ensangüentado e o nariz quebrado, fruto de um soco desferido pelo zagueiro baiano Valdomiro. “A fratura está estabilizada, mas ele vai ter que ficar duas semanas fora”, conta o médico William Yousef. “Um cara desses tem que ser banido do futebol”, reclama Marcel, que também teve desentendimentos com Valdomiro, e chegou a agredir o zagueiro.

Danilo é, portanto, o primeiro desfalque do Cori para o jogo de quarta, contra o São Caetano, no estádio Anacleto Campanella. Além dele, há preocupação com Ceará, que deixou o jogo com indisposição estomacal. Em contrapartida, Adriano, Reginaldo Nascimento, Odvan e Souza voltam após cumprir suspensão no jogo de sábado.

Quintal

O secretário Domingos Moro garantiu no sábado que não há nenhuma outra negociação em andamento no Coritiba além da de Tcheco, que deve voltar ao clube caso se confirme a vaga na Libertadores. “Nós podemos pensar em contratações, mas dependendo do cenário”, disse. Ele refutou a possibilidade de jogadores ligados ao empresário Juan Figger jogarem no Alto da Glória. “No Coritiba só joga quem tem identidade com o clube, e não é o caso de alguns jogadores citados. E se o Coritiba se tornar um quintal de empresários, eu vou para o jardim”, finalizou.

Marcel vira herói e bate legendário Zé Roberto

Era para ser com sofrimento. Em uma partida complicada, o Coritiba penou para conseguir a vitória sobre o Bahia, sábado, no Couto Pereira. Os alviverdes contaram de novo com a eficiência nas bolas paradas e na qualidade de Marcel, que marcou dois gols e chegou a 17, passando a ser o maior artilheiro do clube em uma única edição do campeonato brasileiro, vencendo a marca de Zé Roberto, que fez 16 em 1973.

O Coritiba entrava em campo (e estreava sua nova camisa, a comemorativa aos 94 anos) desfalcado de Adriano, Reginaldo Nascimento, Odvan e Souza, e sabendo que a vitória poderia valer muito na luta por uma vaga na Copa Libertadores da América. Do outro lado, o Bahia tentava vencer pela primeira vez fora de casa no campeonato brasileiro – e, para isso, tinha que brigar contra seus próprios defeitos, como a defesa, a mais vazada da competição.

O time baiano começou a partida dominando as ações ofensivas. O Cori tinha dificuldades para sair jogando, porque Lula Pereira orientou sua equipe a avançar a marcação. E no primeiro arremate a gol o Bahia abriu o placar: aos cinco minutos, Possato cruzou da esquerda e colocou na cabeça de Didi, que venceu Fernando.

A resposta coxa veio logo. Na vontade, Ceará sofreu falta de Ramos – aos 11 minutos, Alexandre Fávaro cobrou e Marcel, aproveitando a bobeada de Emerson, cabeceou com estilo, empatando o jogo e terminando com um jejum de cinco jogos sem marcar. Mesmo empatando, o Coritiba (que assumira o controle tático da partida) sofria com as estocadas do Bahia. Aos 18, Jean Carlos quase marcou o segundo. Logo depois, foi a vez de Ceará quase surpreender Emerson com um cruzamento fechado.

Dali em diante, o Coxa partiu para o ataque. Aos 25, Lima se atrapalhou com a marcação baiana e perdeu boa chance. Aos 33, Willians quase acertou a cabeçada. Os espaços apareciam pelas laterais, principalmente com Lira, que apoiava com qualidade pela esquerda. Para segurar o ímpeto alviverde, o Bahia abusava das faltas e da cera, parando o jogo.

Aproveitando a indisposição de Ceará, Paulo Bonamigo colocou Maurinho e pediu para que ele e Lira forçassem as jogadas pelas laterais. Apesar da intenção coxa, a primeira chance do segundo tempo foi do Bahia, com Ramos quase marcando. E aos 10 minutos, a defesa coxa vacilou na cobrança de falta ensaiada e Valdomiro marcou o segundo gol do Bahia.

Precisando de maior força de ataque, o treinador alviverde colocou Edu Sales no lugar de Lima. Mas o Coritiba seguia tendo problemas para chegar ao ataque, piorados com o recuo em massa do Bahia. Só restavam as bolas paradas – e, aos 17, Alexandre Fávaro acertou de novo o cruzamento, e Danilo encobriu Emerson, empatando a partida.

Na última alteração do Coxa, Djames entrou no lugar de Fávaro -sangue novo, mas também com qualidade nas bolas paradas. E, aos 36, ele cobrou escanteio na cabeça de Marcel, que venceu Emerson e virou o jogo. Ainda houve tempo para a expulsão de Valdomiro, que pagou pela agressão de Didi em Danilo, que teve que sair de campo com a boca e o nariz sangrando. Mais uma prova da disposição coxa pela vitória, fundamental para o caminho coxa rumo à Libertadores.

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