Coritiba reforça fora de campo para domingo

Um dos grandes reforços do Coritiba para o jogo de domingo contra o São Paulo (18h, no Morumbi) não vai estar em campo. Pela primeira vez na história do clube, uma psicóloga vai acompanhar a delegação alviverde em uma viagem – mais um passo do processo de motivação realizado nesta semana. Flávia Focaccia, de apenas 26 anos (e há três no Alto da Glória), terá a responsabilidade de coordenar o prosseguimento do plano programado pela diretoria.

A própria psicóloga, formada na Universidade Tuiuti e com especialização em programação neurolingüística, diz que não faz nenhum trabalho sozinha. “Cada um faz a sua parte, e eu estou tendo a ajuda de todos da comissão técnica, principalmente o (preparador físico) Cléber Hidalgo, que colabora muito comigo”, comenta.

Ela entrou em campo depois da iniciativa do secretário Domingos Moro. “A idéia foi dele. O Moro percebeu, na hora oportuna, que era a hora de realizarmos um trabalho motivacional”, conta Flávia. O mote do processo é a mobilização. “O objetivo é incutir na mente dos jogadores um pensamento positivo”, resume a psicóloga.

Nesse ponto, ela passa a ser a profissional indicada para trabalhar o elenco. Afinal, a psicologia trata justamente disso. “Eu quero que eles entendam que têm condições de se superar. E isso reflete-se diretamente no rendimento em campo”, explica Flávia, que reconhece que seu trabalho também precisa envolver os resultados do time. “Para ter confiança, eles precisa ter a força e acreditarem nas próprias qualidades.”

Para isso, o lema proposto por Moro encaixa-se perfeitamente, tanto que a psicóloga vestiu a camisa bolada pelo secretário coxa. “A frase ‘Eu acredito’ é muito forte. E ela já traz elementos positivos, o que é ótimo”, elogia. Para ela, o elenco alviverde é emocionalmente preparado, mas o tamanho do campeonato brasileiro realmente atrapalha. “A competição é muito longa, e é natural um desgaste”, pondera.

E é essa a razão do trabalho “intensivo” acontecer somente agora. “Um trabalho desses realizado durante todo o brasileiro não ia surtir efeito. Agora, os atletas estão sentindo que é possível atingir o objetivo, eles voltaram a acreditar neles”, explica. E o fato de um jogador acreditar no outro reforça a união do elenco. “Aqui não se fala a palavra ‘eu’. Falamos só em ‘nós'”, garante.

E Flávia faz esse trabalho porque acredita no elenco e porque realiza um sonho pessoal – e de seu falecido avô, João Batista Focaccia, que foi um dos sócios mais antigos do Cori. “Ele sempre quis que um dos netos trabalhasse no Coritiba. E quando eu descobri que havia a psicologia do esporte, percebi que tinha encontrado o meu caminho no trabalho”, afirma.

E poder seguir com a delegação alviverde para São Paulo representa a confirmação de que o trabalho é bem feito. “Ela já está conosco há um bom tempo, e o trabalho dela sempre nos ajudou”, comenta o técnico Paulo Bonamigo. “Para mim, é um momento especial, é uma sensação diferente. É a prova que o trabalho que a gente faz aqui é profissional, e que se respeita muito o que está sendo feito”, finaliza Flávia.

Uma parceria controvertida

Psicologia e futebol brasileiro fazem um casamento tempestuoso desde seu “início”. Em 1958, João Carvalhais foi recrutado na companhia metropolitana de ônibus de São Paulo, e quase entrou para a história pela porta dos fundos: ele concluiu que Garrincha não teria condições sequer de dirigir um ônibus. Sorte que Vicente Feola não levou o caso muito a sério.

No final da década de 70, o Guarani inovou ao contratar o professor João Serapião de Aguiar para trabalhar com os jogadores. Serapião auxiliou na conquista do título brasileiro pelo Bugre, e segue trabalhando no futebol, ainda ligado ao time paulista e a Osvaldo Alvarez, que o trouxe nas duas oportunidades em que comandou o Atlético.

Nos anos 80, a “democracia corintiana” trouxe o psicólogo Paulo Gaudêncio e o psicanalista Flávio Gikovate para o centro das decisões. Foi ouvindo os dois profissionais que o então dirigente Adílson Monteiro Alves optou por vender Sócrates para a Fiorentina. Mais recentemente, no Atlético, Suzi Fleury foi recrutada para auxiliar Geninho na mentalização do elenco rubro-negro.

Danilo se recupera e pode mudar toda a defesa

O mistério deve ficar para domingo. O técnico Paulo Bonamigo testou novas formações e pode colocar em campo um Coritiba com um forte esquema defensivo para enfrentar o São Paulo no domingo. Com Danilo liberado antes do previsto, o treinador pensa em colocar três zagueiros de ofício, possivelmente sacrificando Ceará, e optando pela segurança e pela experiência.

Sentindo que Odvan não estava se dando bem como zagueiro ?caçador?, Bonamigo o efetivou como líbero. “Ele está atuando bem por ali, e até mostrou maior velocidade no último treino”, comenta o técnico. Assim, Edinho Baiano foi jogar na esquerda e Reginaldo Nascimento foi deslocado para a direita. “Eu quero uma atenção ao Kléber, que joga com muita velocidade pela esquerda”, justifica o treinador.

E Bonamigo fez outra observação – que, por sinal, gostou. Ele colocou Danilo, definitivamente liberado (um raio-x mostrou que o osso do nariz fraturado já está recuperado), na direita, e recolocou Reginaldo Nascimento na sua posição de origem. “Eu fico com uma equipe consistente e com muita experiência na defesa”, explica o técnico alviverde.

Dessa forma, sairia Ceará, que foi muito criticado após a derrota para o Santos. Em seu lugar, ficaria Jackson, formando a dupla pela direita com Edu Sales. A intenção é criar jogadas ofensivas pelo setor, já que pela esquerda a ?companhia? de Adriano seria Souza, que teve sua escalação confirmada ontem por Bonamigo.

No ataque, Edu Sales joga apesar de ter fraturado um osso da mão esquerda. “Ele pode colocar uma proteção e ir para o jogo sem problemas”, diz o médico William Yousef. Bonamigo confia muito em Edu, até porque uma das melhores atuações dele no Cori foi justamente no Morumbi, contra o Corinthians.

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