Coritiba precisa vencer para decidir a classificação em casa

São os noventa minutos mais importantes do Coritiba em 2004. Ao final da partida das 18h (19h em Curitiba), contra o Olimpia, no Estádio Defensores del Chaco, poderá se saber se o Coxa ainda tem chances de classificação na Copa Libertadores – e o que a equipe precisará fazer na última rodada do grupo 9.

Assunção, Paraguai – Em seu melhor momento na temporada, o time não faz contas, e joga por uma vitória simples, que já reacende as possibilidades de avanço para a segunda fase.

Até porque o Olimpia também está desesperado, com os mesmos quatro pontos do Cori e, da mesma forma, distante dos líderes Sporting Cristal (que tem 10 pontos) e Rosario Central (7). A diferença é que os paraguaios, em crise, jogam em casa, e tem maior obrigação da vitória. “Pode ter certeza, eles vão vir para cima desde o início do jogo”, comenta o colombiano Aristizábal, mais que calejado em torneios internacionais.

Por isso, apesar de necessitar desesperadamente da vitória, no contexto do jogo o Cori aparece como franco-atirador. Se conseguir os três pontos, a definição da vaga (ou da entrada na repescagem) vai para a partida da próxima terça contra o Sporting Cristal, no Couto Pereira. “Nós temos que aproveitar a vantagem de jogar em casa a última rodada”, comenta o capitão Reginaldo Nascimento. Nas frias contas, até mesmo um empate mantém as chances de classificação, mas aí seria necessária combinação de resultados.

Para ajudar, vem a fase ascendente do Cori, que cresceu após o primeiro tropeço na competição continental e agora chega encorpado – tanto para a partida desta tarde-noite quanto para a final do campeonato paranaense, contra o Atlético. “Nós estamos bem, mas podemos melhorar ainda mais. Claro que não vai existir a perfeição, só que nosso objetivo tem que ser a evolução constante, pois com isso vamos estar sempre jogando mais do que estamos jogando agora”, teoriza o técnico Antônio Lopes.

A idéia é conciliar o bom momento da equipe, que não perde há seis jogos (a última derrota foi justamente na Libertadores, para o Rosario), com a necessidade da vitória e o aproveitamento da pressão adversária. Nas palavras de Aristizábal, o resumo do Cori tem que ser “calma e inteligência”. “Não precisamos sair como loucos para o ataque. Quem tem que fazer isso é o Olimpia”, diz o atacante.

Seria um feito histórico. Na Libertadores de 86, o Coritiba não conseguiu vencer fora do País – longe de casa, a única vitória foi sobre o Bangu. E logo em um momento fundamental da equipe na competição. “É difícil, mas nós temos que acreditar. E nós temos que manter o pensamento na classificação, que é o nosso objetivo”, finaliza o goleiro Fernando.

Lopes esconde a tática para surpreender Olimpia

Antônio Lopes continua escondendo o jogo. Ele não falou de tática na semifinal do paranaense contra o Cianorte, recusou-se a comentar sobre o assunto antes da partida de hoje, e com certeza fará a mesma coisa na decisão do campeonato estadual.

Assunção, Paraguai – Conhecedor do futebol paraguaio (treinou o Cerro Porteño em 99), o comandante coxa sabe o que o Olimpia vai fazer, mas não escancara a própria estratégia.

Quando perguntado sobre o assunto, Lopes dá evasivas. “Não é o momento de falar em tática. É mais interessante a gente dizer que estamos prontos para o jogo”, afirma, para logo depois reafirmar a entrada de André Nunes no ataque e o retorno de Luís Carlos Capixaba ao meio-campo.. “O Capixaba é um jogador muito experiente, de técnica boa e que vai ser bastante útil. E o time está jogando bem com uma referência, e como o André evoluiu ele vai ter a possibilidade de começar jogando”, completa.

Antônio Lopes, entretanto, confirma que o time vai manter a mesma filosofia de jogo. “Às vezes você faz alterações, até pela necessidade. É o caso deste jogo contra o Olimpia, porque o Tuta não pode jogar a Libertadores. Mas a idéia é atuar da mesma forma, só mexendo as peças”, explica o treinador coxa, que não passa disso ao falar em tática.

Mas, nas conversas com os jogadores, principalmente os que já atuaram no Defensores del Chaco, vem a receita do Coritiba. “Eles jogam no ataque, e nós temos que ter cautela”, avisa Reginaldo Nascimento. “É uma partida de vida ou morte para eles. Se formos tranqüilos, podemos ganhar terreno aos poucos”, comenta Jucemar, que foi poupado dos últimos treinos para se recuperar das dores na panturrilha. “Eu sei que vou jogar com dor”, confessa o lateral.

Experiente em confrontos contra o Olimpia, Luís Mário fica no banco de reservas, mas tem entrada anunciada para o segundo tempo. “Esse é um jogo bom de jogar, e eu estou muito confiante. Vou jogar 45 minutos a toda”, afirma. Na última vez que ele enfrentou os paraguaios em Assunção, vitória do Grêmio por 2×0 e um gol dele. “Eles partem como loucos para o ataque e deixam muito espaço. Se soubermos ocupar esse terreno, temos tudo para vencer”, prenuncia.

Treino

O último trabalho do Coritiba foi o reconhecimento do gramado do Defensores del Chaco. O técnico Antônio Lopes realizou um trabalho leve – constante nessa viagem para o Paraguai, já que ele teme novas contusões. Por isso, os jogadores só treinaram em um período, e tiveram o dia para descansar.

Estádio traz boas e más recordações para Aristizábal

Assunção – ?Não, Ari, para a direita!?. Pode até parecer, mas este não é um lamento do técnico Antônio Lopes para um arremate (ou mesmo para um posicionamento) do atacante colombiano Aristizábal. É uma reclamação pessoal, uma conversa do jogador com ele mesmo no meio do treinamento de finalizações. No momento-chave do Coritiba na Libertadores, Ari volta a um estádio que traz ao mesmo tempo boas e más recordações.

Jogar no Defensores del Chaco faz o atacante retornar a 2001. O jogo era Paraguai e Colômbia, pelas Eliminatórias da Copa de 2002. ?A gente precisava vencer por cinco gols de diferença para chegar na repescagem?. Aristizábal fez a sua parte, e marcou três – mas a sua seleção ficou no 4×0, e não participou da Copa do Mundo. ?Foi estranho, porque jogamos bem e não nos classificamos?, conta.

Talvez para evitar que outras decepções aconteçam, Ari treina forte. Tanto que um prosaico trabalho de chutes a gol vira uma batalha entre ele e os goleiros Fernando e Douglas, que vieram ao Paraguai. ?Ele fica louco quando a gente defende?, brinca o goleiro titular do Cori. Quando falha, o atacante grita e reclama de si mesmo. ?É engraçado ver ele fazendo isto. Mas é a prova do profissionalismo, porque ele quer melhorar sempre?, diz Luís Mário, que geralmente acompanha o colombiano nos treinos.

Depois de três defesas de Fernando, Aristizábal anuncia. ?Até agora eu treinei para você. Agora eu vou treinar para mim?. Não dá outra – ele domina, balança o corpo para um lado e chuta para o outro. Gol, e os goleiros não têm o que fazer. Quem aprendeu isso na semana passada foi Adir, do Cianorte. Após levar o 100 (gol de Ari no Brasil, ele virou para os repórteres de rádio e lamentou. ?Fazer o quê? Não tem como defender?, disse, resignado. (CT)

Lesões desfalcam time do Olimpia

Assunção

– As contusões estão atrapalhando o Olimpia. O técnico Carlos Kiese ainda não confirmou a equipe que enfrenta o Coritiba. O zagueiro Cáceres é a grande ausência do “Decano” para o jogo desta tarde-noite.

Cáceres, titular da seleção paraguaia, lesionou-se justamente na partida dos ?albirrojos? contra o Brasil, quarta passada. O titular – e novo líder da defesa – passaria a ser Zelaya, mas este torceu o tornozelo e pode não enfrentar o Coxa.

Com isso, entraria Villalba na zaga, mas o jogador pode ter que entrar na lateral direita, porque Del Campo teve uma contratura muscular na coxa direita e é dúvida. Kiese chega a trabalhar com a hipótese dos dois titulares desfalcarem a equipe, com Villalba atuando na direita e Fretes formando a defesa com Franco.

Do meio para a frente, a equipe será a mesma que empatou no sábado com o Cerro Porteño (resultado que deixou a equipe na quarta posição do campeonato paraguaio). O destaque é o uruguaio Orteman, que voltou ao time titular no sábado após longo tempo afastado e foi o melhor em campo ao lado do goleiro Aceval.

Uma semana decisiva

São Paulo –

A Libertadores da América tem 11 jogos na semana. Apenas três envolvem clubes brasileiros, mas todos com definições importantes. Além do Coritiba, amanhã o São Paulo recebe o Alianza Lima no Morumbi para tentar garantir a classificação em 1.º ou 2.º lugar do grupo 4. Basta um empate para ser o primeiro. Mas o São Paulo também pode ser eliminado, na combinação de resultados.

Na quinta-feira, o São Caetano, com quatro pontos, ao lado de The Strongest e Peñarol, verá sua situação melhorada caso aconteça o que a lógica indica: vitória em casa contra o Peñarol, combinada com vitória do América, do México.

Há uma enorme possibilidade que brasileiros se encontrem na segunda fase. Os confrontos entre Santos x Cruzeiro; São Paulo x São Caetano são factíveis.

COPA LIBERTADORES DA AMÉRICA
1ª FASE – 5ª RODADA
Local: Defensores del Chaco (Assunção)
Horário: 18h (19h em Curitiba)
Árbitro: Gustavo Méndez (URU)
Assistentes: Roberto Silvera (URU) e Walter Rial (URU)

OLIMPIA
X
CORITIBA

OLIMPIA
Aceval, Del Campo (Villalba), Zelaya (Villalba), Franco, Aquino, Orteman, Enciso, Quintana, López, Palacios, Caballero. Técnico: Carlos Kiese

CORITIBA
Fernando, Jucemar, Miranda, R. Nascimento, Adriano, Márcio Egídio, Ataliba, L. C. Capixaba, Igor, André Nunes, Aristizábal. Técnico: Antônio Lopes

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