Coritiba garante vantagem e só pensa na Copa do Brasil

No final das contas, foi um passatempo. Para a torcida, que se divertiu ao ver sua equipe enfrentando um amontoado; para os jogadores, que puderam inclusive reduzir o ritmo de jogo, – e para o técnico, que avaliou alguns suplentes. Mas o mais importante é que com a vitória sobre a Adap por 2×0, sábado, no Couto Pereira, o Coritiba conquistou por antecipação a primeira fase do campeonato paranaense. Agora, todas as vantagens nas fases seguintes deságuam no Alto da Glória. O primeiro adversário será o oitavo colocado nesta fase.

A seqüência do paranaense aponta cinco jogos eliminatórios – um nas quartas-de-final, dois nas semifinais e dois na final. Em todas essas séries o Coritiba terá a vantagem do empate (ou de dois resultados iguais) e de jogar a partida decisiva no Couto Pereira. Além disso, o Cori completou no sábado a sua oitava vitória seguida na temporada – sete delas no campeonato estadual.

E, apesar do placar baixo, a partida foi a mais fácil de ser vencida. Quando imprimiu um ritmo normal de jogo, o time massacrou a Adap, tendo nove chances reais de gol em apenas vinte minutos de partida. Percebendo que o adversário era muito fraco (e sem qualquer noção tática), o Cori reduziu o ritmo, e na primeira chance com ?rotação baixa? o gol saiu.

Aos 26 minutos, Edinho Baiano tomou uma bola na defesa e partiu. Só na intermediária ofensiva ele foi marcado, mas o capitão coxa passou facilmente e tocou para Lima, que chutou fraco, mas colocado, abrindo o placar -com a devida colaboração do goleiro França. O gol não mudou o jeito do Cori jogar: devagar, meio desinteressado, o que irritava o técnico Paulo Bonamigo. Apesar disso, era enorme a diferença entre as duas equipes.

E foi isso que fez o Coritiba fechar a vitória. Aos 13 minutos do segundo tempo, Adriano recebeu passe de Willians, livrou-se de dois marcadores e chutou fraco – França ajudou de novo, e o lateral-esquerdo marcou seu segundo gol no time profissional. Dali em diante (e depois de uma penalidade em Adriano não marcada por Sueli Terezinha Tortura), o Cori abdicou de vez do jogo, e até deu espaços para a Adap chegar. Nessas oportunidades, os jogadores de Campo Mourão conheceram uma muralha chamada Fernando, que fez quatro ótimas defesas. Foi até justo – dessa forma, cada coxa em campo deu sua cota para o primeiro grande passo da equipe rumo ao título estadual.

Para a estréia na copa, Bona quer mais motivação

No sábado podia. A vitória de 2×0 sobre a Adap deu ao Coritiba as vantagens para a seqüência do campeonato paranaense, mas mostrou uma equipe que visivelmente se poupava (mais ainda no segundo tempo), já pensando no jogo de quarta, contra o Ituano, no interior de São Paulo. O técnico Paulo Bonamigo também constatou o problema, e trabalha a partir de hoje a retomada da motivação.

Para o treinador coxa, um fator decisivo para a ?baixa rotação? coxa no segundo tempo foi o desgaste das últimas partidas. “A gente veio de uma viagem cansativa de Cascavel e jogamos logo no sábado. O cansaço é natural”, explica. Alguns jogadores também confessavam estarem esfalfados. “No final do jogo eu já estava inclusive com dores no tornozelo”, diz Tcheco.

Mas não foi só isso. “É, a equipe reduziu demais o ritmo. Quero ver com eles o que aconteceu. Não quero tirar conclusões sem falar com eles”, diz Bonamigo. “A vitória foi boa, mas quem viu o jogo percebeu que nós fomos mal”, resume o goleiro Fernando. “O calor também atrapalhou, mas atrapalhou para as duas equipes”, completa o lateral Ceará, acabando com uma possível tese de explicação.

Por tudo isso, Bonamigo admite jogar contra o Paranavaí (provavelmente no sábado), no Noroeste do Estado, com uma equipe mista. “Realmente podemos pensar de outra maneira para a partida, dando um descanso para alguns jogadores. Mas vai depender muito do que acontecer em Itu”, comenta o técnico. Ele preferiu não avaliar individualmente os jogadores que entraram no sábado (em especial Erick e Marco Brito).

Mas o técnico não deixou de dizer que gostou da aplicação do elenco nesta primeira fase do paranaense. “Eles nunca deixaram de ter vontade e motivação para conseguirem as vitórias”, elogia. Bonamigo também adquiriu maior confiança no grupo, já que apenas Edinho Baiano, Edu Sales e Fernando jogaram as oito partidas do Cori na temporada. “Não somos apenas onze, mas sim um elenco de quase trinta jogadores em que o Bonamigo pode confiar”, diz Roberto Brum, que não enfrentou a Adap.

Só que agora a competição é outra, e o adversário tem mais qualidade. “Vamos jogar com uma equipe forte. O interior paulista revela muitos jogadores, e às vezes aparecem alguns desconhecidos para nós, mas que são decisivos em jogos como esse”, avalia Tcheco. “Será um jogo de marcação e de ataque. É uma característica diferente das partidas contra os times do interior do Paraná”, completa Bonamigo.

E para este jogo o treinador poderá contar com todos os titulares, fato que não ocorre desde a partida contra o Paraná, no início do mês. A tática de ?segurar? jogadores que estavam cansados e forçar cartões amarelos aos pendurados deu certo – o exemplo mais claro é o de Edinho Baiano, que entrou em campo sábado sabendo que jogaria apenas meio-tempo, e acabou virando meio-campista graças à incompetência tática da Adap.

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