Coritiba e Fluminense se acertam e Brum fica

E a novela acabou. Depois de uma semana de tensão, críticas e muitas conversas, Coritiba e Fluminense se acertaram e Roberto Brum finalmente pode se considerar jogador alviverde. Ele permanece no Alto da Glória por mais um ano, mesmo tempo em que Badé e Ricardo Malzoni ficarão no Rio de Janeiro, por empréstimo. Segundo o lado coxa, foi o negócio dos sonhos.

A demora no acerto se deveu ao interesse dos cariocas em ter Malzoni em definitivo. “Eles realmente queriam isso, mas nós nunca faríamos um negócio que prejudicasse o clube”, disse o secretário Domingos Moro, que garantiu que o Cori não queria negociar Malzoni, fato que levou a torcida à loucura. “Aqui não trabalham empresários de futebol, e sim pessoas que gostam do Coritiba”.

Esse ponto da negociação foi o mais difícil de ser vencido. A diretoria do Fluminense parecia irredutível, mas também entrou no negócio o interesse do Cori. O presidente Giovani Gionédis bateu o pé disse que o clube não iria se desfazer de Malzoni – e foi o que aconteceu. “Esperamos agora que o Ricardo mostre no Fluminense tudo o que se espera dele, e que o levou às seleções brasileiras de base”, disse Moro.

Com isso – e com a pressão inevitável para o fechamento do negócio, os dois clubes se acertaram. “Foi um bom negócio para o Coritiba e também para o Fluminense”, resumiu Domingos Moro. Os vínculos dos três jogadores estão fixados, sendo que Badé teve apenas a parte que pertence ao Cori (30%) fixada. Se algum dos três jogadores for negociado antes do final do empréstimo, as duas equipes terão participação nos lucros.

Com o negócio, Ricardo e Badé ganham a grande chance de suas carreiras. “Eles estavam já pensando nisso”, disse um jogador do Cori que conversou com os dois jovens. O lateral-esquerdo, de 19 anos, não seria utilizado por Bonamigo no campeonato brasileiro, e por isso dá um salto do quase esquecimento para ser o possível titular na função, já que Paulo César foi negociado. E Malzoni vai chegar no Rio de Janeiro com uma alta valorização. A ?campanha? feita pelos torcedores do Cori pela permanência do atacante – ou pelo menos que ele não fosse liberado em definitivo -aumentou o interesse dos cariocas, que já era grande devido às passagens dele pela seleção brasileira.

Por isso, os dirigentes do Coritiba festejaram ontem o desfecho do negócio. “É a prova do interesse que essa direção tem pelo clube. Conseguimos manter o Roberto Brum, que era considerado imprescindível, e temos agora dois jogadores no Fluminense, numa parceria muito boa”, finalizou Domingos Moro.

Roberto indicou dupla coxa

“Eu nem gosto de novela.” Foi assim que o volante Roberto Brum preferiu falar sobre a negociação envolvendo sua permanência no Coritiba. O jogador, que agora fica por mais um ano no clube, viveu dias diferentes do que ele já vivera em Curitiba. Ele, que sempre foi elogiado e tornou-se rapidamente um ídolo da torcida, teve que encarar o fato de ser o pivô de uma história complicada, que tinha como outro protagonista o xodó do clube, o atacante Ricardo Malzoni.

E foi justamente o volante que ‘indicou’ Ricardo e Badé para entrarem no negócio. “A minha participação foi pequena, mas realmente foi direta. Eu fiz o mínimo, sendo justo com o Fluminense. Eu indiquei dois jogadores de nível, que poderiam ser importantes para o Flu. O Badé vai suprir a ausência do Paulo César e o Malzoni é um atleta conhecido pelas passagens na seleção”, contou Brum.

Ele garantiu não ter-se preocupado com a possibilidade de deixar o Cori. “Sabia que a negociação estava sendo feita por dois profissionais de alta qualidade e que enobrecem o futebol, que são o David Fischel (presidente do Fluminense) e o Giovani Gionédis (presidente do Coritiba)”, elogiou. Apesar disso, ele tinha consciência que ontem era a data-limite para o fim do negócio, e se não acontecesse o desfecho esperado, ele teria que voltar para as Laranjeiras. “Era natural, mas eu sempre confiei nos dirigentes do Coritiba”, completou.

Por isso, ele agora desfruta da tranqüilidade de estar acertado com o Cori. E não se inibe com uma possível pressão da torcida coxa, que não gostou da entrada de Malzoni no negócio. “Eu adoro os nossos torcedores, e sei que eles gostam de mim. Não fosse por isso, e por gostar do Coritiba, que eu sempre disse que queria ficar no clube, inclusive saindo antecipadamente do Fluminense. Vou me doar ao máximo no Brasileiro para ajudar o Coritiba”, finalizou o `senador’, cada vez mais fazendo jus ao apelido. (CT)

Cori quer o torcedor como acionista

O Coritiba anuncia para até o final de setembro o seu projeto de clube-empresa. Os estudos já estão em fase de estudos sob trabalho de um grupo que se reporta diretamente ao presidente Giovani Gionédis. Esse trabalho teve início no início do ano, quando a nova diretoria assumiu, com imensos compromissos financeiros, remanescentes das administrações anteriores. “Não me preocupo com o risco do Coritiba cair para a segunda divisão. Meu medo é o clube acabar”, disse diversas vezes Gionédis, ao perceber que os problemas do clube eram maiores do que ele imaginava.

Por isso o “Cori-empresa” é, na verdade, uma aposta arriscadíssima, pois já será criado com uma grande dívida a ser administrada. Quando falou sobre o assunto, o presidente alviverde avisou que “ou o plano dá certo, ou vamos ser enterrados com o clube”. A explicação para essa preocupação dos dirigentes é a decepção de idéias anteriores, como a frustrada negociação com a Koch Tavares, no final da década passada.

E como as empresas de marketing esportivo estão arredias por enquanto, o Coritiba baseará seu projeto no que considera o maior patrimônio do clube. ‘Nosso parceiro será o torcedor. É ele que vai ajudar o clube a se recuperar’, disse o secretário Domingos Moro, um dos entusiastas do plano. ‘Tenho certeza que depois várias empresas vão se interessar em uma parceria com o Coritiba, mas elas não farão parte do lançamento do projeto’, completou.

E para o Cori, é bom que haja, a partir de agora, um maior acompanhamento dos meios competentes. ‘Precisamos salvar o futebol, e para isso temos que contar com gente honesta’, disse Gionédis. O exemplo está no próprio clube, que tem hoje uma dívida superior a R$ 30 milhões, e que quase teve suas atividades suspensas pela FIFA há três semanas, devido a uma ação judicial movida por um empresário de futebol. Transformar-se em empresa acaba sendo, no final das contas, a última saída para o Coritiba.

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