Coritiba avalia o empate da estréia

No final das contas, a estréia do Coritiba no supercampeonato paranaense vai entrar para a história pelo lado pitoresco do atraso na chegada a Prudentópolis – e pelo incrível caminho traçado, que começava em Ponta Grossa, ia a Irati e só depois chegava ao local da partida, aumentando em muito a distância percorrida. De resto, ficou o empate e a obrigação maior de um resultado positivo contra o Atlético, no clássico de domingo, às 16h, no Couto Pereira.

Apesar de ser um Atletiba, a partida de domingo tem um componente especial – e decisivo – para o Coritiba: é a única partida que fará no Alto da Glória, pois na última rodada da primeira fase o Cori vai a Maringá enfrentar o Grêmio. Assim, com apenas um ponto, não há outro resultado possível senão vencer o clássico – com tudo que ele representa e significa no futebol paranaense.

Até por isso, deliberadamente, os jogadores e o técnico Paulo Bonamigo não falavam sobre a partida de domingo até enfrentarem o Prudentópolis. “Não podíamos nem pensar no Atletiba se não jogássemos primeiro. Agora é a hora de colocarmos todas as nossas atenções para o Atlético, porque necessitamos vencer”, explica o zagueiro Picolli. Além da obrigação de vencer pela situação da tabela, o Cori ainda luta para quebrar o jejum – no domingo, completam-se exatos setenta dias da última vitória coxa, que aconteceu no dia 10 de março, na goleada de 4 a 0 no Joinville, pela Copa Sul-Minas.

A intenção inconfessada de Bonamigo era acabar com a seca de vitórias contra o Prudentópolis, pois a equipe viria com outra motivação para enfrentar o Atlético, além de reduzir a carga de pressão que envolve o elenco desde o fracasso na competição regional. Não deu, e a pressão aumentou. “O empate até que foi interessante pela circunstância do jogo, mas nos obriga a conseguirmos um resultado melhor contra o Atlético”, resume o meia Sérgio Manoel.

Por isso, ontem foi dia de observações. Enquanto os jogadores ganhavam uma folga maior (treinaram apenas pela manhã, e reiniciaram a concentração às 21h), a comissão técnica preparava a `espionagem’ – não só sobre o Atlético, mas também sobre o Maringá. Por sinal, o Grêmio fez sua parte na quarta, já que o técnico Ivair Cenci assistiu à partida entre Cori e Prudentópolis. “Foi um jogo de muita marcação, e serviu para que avaliar bem os dois times”, disse.

Bonamigo destaca arma da equipe: a garra

Se às vezes faltou técnica, ninguém pode dizer a mesma coisa em relação à vontade dos jogadores. A garra apresentada em Prudentópolis foi tomada como o principal ponto positivo para o técnico Paulo Bonamigo e para o elenco. Para muitos, essa já foi uma evolução significativa em comparação ao que se via nos tempos de Joel Santana. E, para encarar o clássico contra o Atlético, todos sabem que vontade é fundamental. Mas não é tudo.

As dificuldades de jogar no interior já haviam sido avisadas por Bonamigo, que não se surpreendeu com o que aconteceu. “Não houve mais violência do que eu esperava. Aconteceu um jogo muito forte, e que acabou com dois expulsos”, diz o treinador coxa, que não deixou de elogiar a arbitragem de Henrique França Triches. “Ele teve pulso durante todo o jogo, e não se intimidou com as pressões.”

E Bonamigo aprovou também a reação do time que jogou à marcação, às faltas e até algumas provocações do adversário. “Eu alertei os meninos que eles não poderiam revidar possíveis agressões. Eles iriam apanhar e não iriam reclamar, e foi o que aconteceu. Ao mesmo tempo, lutaram o tempo todo”, explica. A vontade dos jogadores não se dissipou nem com o imbróglio da viagem até Prudentópolis. “Sempre havia alguém no ônibus falando para não nos desviarmos do jogo”, conta o zagueiro (e capitão) Pícolli.

Passada a primeira rodada, espera-se uma outra característica de jogo no clássico. “Agora teremos um adversário de maior qualidade, que vai jogar, e que naturalmente abrirá mais espaços”, professa Bonamigo, que por isso quer evolução na equipe. “Claro que teremos que mostrar algo mais, principalmente na frente e na marcação”, afirma. “Nós sentimos que melhoramos, principalmente no primeiro tempo, mas contra o Atlético a história é outra”, resume Pícolli. (CT)

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