Corinthians desafia o Santos

Sete meses depois, o Morumbi novamente será palco de grande show. Os protagonistas são os mesmos, a competição se repete e a situação dos times é semelhante. Hoje às 16h, pelo campeonato brasileiro, o afinado Santos do técnico Emerson Leão encara o desafinado Corinthians, de Geninho. Assim como na decisão do Nacional de 2002, o time da capital precisa vencer, agora para abafar a crise que se instala no Parque São Jorge. Já que para o rival santista, até o empate na época valia o título (ganhou por 3 a 2) pode ser considerado grande resultado, já que, em caso de derrota do Cruzeiro, deixa os Meninos da Vila na liderança da competição.

A orquestra de Leão estará desfalcada dos maestros Diego e Robinho, além dos carregadores de piano Alex e Paulo Almeida, todos servindo a seleção sub-23. Mas a sintonia deve ser a mesma, já que os substitutos mantiveram bem o ritmo quando solicitados, vencendo Bahia (4 a 0) e Coritiba (3 a 1). Do outro lado, um Corinthians buscando acertar o tom, mas também com ausências Kléber e Pingo, machucados, e Moreno, Anderson e Leandro, suspensos e ameaçado. Com campanha de altos e baixos, uma derrota pode ocasionar mudanças. E o técnico Geninho é o grande candidato a dançar. “Estou tranqüilo, tenho diálogo aberto com o Citadini (Antonio Roque, vice-presidente de futebol), e em nenhum momento até agora fui cobrado pela diretoria. Inclusive segunda-feira, trocamos muitas idéias e gargalhadas”, afirmou o treinador. Porém, não se ilude e sabe que corre risco de perder o emprego. “No futebol, a verdade de hoje é a mentira de amanhã”, declarou, com ditado que aprendeu com Antonio Pimenta Machado, presidente do Vitória de Guimarães, clube de Portugal no qual trabalhou.

No repertório do Corinthians, a aposta é na força do ataque, segundo mais positivo da competição, com 32 gols, e nas bolas paradas, com Rogério e Jorge Wagner. O meia terá mais uma chance para mostrar seu bailado ensaiado e coreografado há quase duas semanas. Para isso, precisa marcar o seu primeiro gol no brasileiro. “Tomará que nosso ataque sobressaia sobre a melhor defesa”, afirmou Geninho, apostando todas as suas fichas em Liédson, artilheiro do time com 10 gols, que ganhou a confiança da torcida corintiana após marcar gols em clássicos. No duelo das semifinais do Paulista, contra o Palmeiras, fez dois e na decisão, contra o São Paulo, um. “Em clássicos, a repercussão é maior, mas quero ajudar, afinal, não resolvo sozinho”, disse o atacante.

Já os Meninos da Vila apostam na velocidade, principalmente nas investidas do lateral-esquerdo Léo, no rápido toque de bola e na forte marcação.

Quem estiver presente no estádio hoje verá, ainda, alguns coadjuvantes querendo roubar a cena: no Santos, o meia Jerri, de 20 anos, substituto de Diego, garoto habilidoso, de toques refinados; no Corinthians, outro jovem, o lateral-esquerdo Vinícius, de 19 anos, que inicia uma partida como titular pela primeira vez, prometendo não desafinar na festa. As torcidas prometem entrar no clima, com hinos e coreografias.

Leão descarta favoritismo

O técnico Emerson Leão tem muito respeito e nenhum medo do Corinthians, adversário de hoje, às 16h, no Morumbi. Não acredita que a ausência dos jogadores convocados para a seleção sub-23 possa dar vantagem ao adversário. “Acredito muito nesse grupo novo que formamos. Fizeram sete gols em dois jogos e isso precisa ser respeitado.”

Se pede respeito ao seu time, Leão descarta um possível favoritismo baseado em estatísticas. Afinal, o Santos venceu os cinco últimos jogos contra o Corinthians (12 gols a favor e cinco contra) e é o time com melhor desempenho no brasileiro, em jogos fora de casa. O aproveitamento é de 61%, resultante de três vitórias, dois empates e uma derrota. “Tudo isso é bom, mas não garante uma vitória. Nós estamos na frente deles na tabela, eles buscam subir e nós pensamos em manter a nossa posição, mas o jogo é igual. Qualquer um pode vencer, são dois grandes times.”

Hoje, Leão define o time. A dúvida é se Elano (que se recupera de uma lesão no ligamento medial colateral do joelho direito) volta ou não. “Fizemos um minicoletivo apenas para ver a sua reação. Se ele não sentir nenhuma dor, volta ao time. Se não der, joga o Reginaldo Araújo”, diz o técnico santista. A volta de Elano é certa, apesar da precaução de Leão. Pereira também está escalado. “Contra o Bahia, eu pedi para o Pereira levar o terceiro cartão amarelo e ele me obedeceu. Por isso, ele volta ao time, apesar de o Preto ter jogado muito bem contra o Coritiba.”

Pereira se lembra como foi difícil conseguir o terceiro amarelo e fala de sua preocupação para o jogo de hoje. “Demorei para cobrar uma falta e nada de o juiz me dar o amarelo. Só chutei quando ele resolveu me punir. Contra o Corinthians, a grande preocupação é o Liedson. Ele é baixinho, mas se coloca muito bem em campo. Se eu estiver na marcação dele o André Luis fica marcando a bola e vice-versa.”

Léo preferiu falar em crise do Corinthians, mas mostrando respeito ao adversário. “Eles não estão bem, a crise está rondando o time deles, mas tem muito jogador bom no Corinthians, além do treinador.”

Voltar ao topo