Copa 2018

Portugal enfrenta patrício ‘pai’ de Cristiano Ronaldo em mata-mata contra Irã

Isolado em um canto do campo do centro de treinamento Saturno, em Kratovo, a 40 km de Moscou, o técnico de Portugal Fernando Santos parece pensativo, enquanto assiste ao aquecimento dos seus jogadores.

Na roda de bobinho, um bem humorado e sempre competitivo Cristiano Ronaldo ameaça discutir com o zagueiro Pepe quando perde uma das rodadas. Na brincadeira séria, o jogador precisa, com rapidez, recuperar a bola antes do décimo toque de um dos companheiros.

Na véspera do mata-mata antecipado contra o “Irão”, como pronunciam os portugueses o nome do Irã, os portugueses vivem um clima de alegria e tensão. A vitória pode levá-los à primeira colocação do grupo. Uma derrota seria a volta para casa, prematura e diante de um patrício –e, por sinal, um grande conhecedor do futebol português e de Cristiano Ronaldo.

Carlos Queiroz, técnico do Irã, dirigiu Portugal na Copa de 2010, na África do Sul, e revelou uma série de portugueses, entre eles Luís Figo, Rui Costa e Vitor Baía.

Em seus trabalhos para a Federação Portuguesa de Futebol, Queiroz venceu o mundial Sub-19 em 1989 e o Sub-20 em 1991. Como técnico principal, passou por times dos Estados Unidos e um ano no Real Madrid, em 2003 e 2004. Foi assistente no Manchester United, quando o clube inglês ganhou a Liga dos Campeões em 2002/2003.

Ao norte do Canal da Mancha, em Old Trafford, Queiroz era considerado um pai por Ronaldo. Foi o atual treinador do Irã, então auxiliar de Ferguson em Manchester, que ajudou a lapidar o craque, quando ele mudou de Portugal para a Inglaterra.

Nesta segunda (25), a matemática que envolve a partida em Saransk é simples. Portugal, para não se preocupar com o resultado do jogo entre Espanha e Marrocos, também às 15h, se classifica com o empate ou vitória. Um triunfo simples do Irã o coloca nas oitavas de final do Mundial.

Os asiáticos podem ser até o primeiro do Grupo B, se a Espanha não vencer Marrocos em Kaliningrado.

Queiroz, nascido em Moçambique, mas radicado em Portugal desde o início da sua vida profissional, tem sido muito amistoso com a seleção de seu país. Antes mesmo de a competição começar, divulgou uma nota desejando boa sorte ao time de Portugal.

Sobre Cristiano Ronaldo, o técnico do Irã tem uma reflexão crítica em relação à participação do craque na Copa de 2010. Para Queiroz, Cristiano hoje é um jogador completamente diferente daquele que ele comandou na Copa do Mundo da África. “Aqui ele está em sua plenitude. Lá, não tive essa sorte. Temos dias melhores, mas outros piores”, afirmou o técnico português.

Há oito anos, a seleção lusa caiu nas oitavas por 1 a 0 para a Espanha. Logo depois daquela campanha, Queiroz disse que Cristiano havia sido capitão português cedo demais.

Caso Portugal seja eliminado, Queiroz, além de fazer história com o Irã, equipe que nunca passou da fase de grupos em quatro participações, continuará sendo o único técnico português a ter classificado a própria seleção de Portugal para uma fase de mata-mata da Copa do Mundo.

É o sétimo mundial que Portugal participa. Em três vezes (1966, 2006 e 2010) passou da fase de grupos. Fora Queiroz na África do Sul há oito anos, conseguiram o mesmo feito os brasileiros Otto Glória, há 52 anos, e Scolari, em 2006, no Mundial da Alemanha.