Pela primeira vez desde 2006, a Inglaterra está nas quartas de final de uma Copa do Mundo. Ao melhor estilo inglês, com sofrimento, nos pênaltis (vitória por 4 a 3), após uma prorrogação arrancada aos 48min do segundo tempo pela Colômbia. No tempo normal, houve empate por 1 a 1.

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O time do artilheiro da Copa, Harry Kane, derrotou a equipe sul-americana, que estava desfalcada de sua maior estrela, James Rodriguez.

E Kane fez o seu, convertendo um pênalti aos 12 min do segundo tempo. Tem agora seis gols no torneio e se tornou, ao lado de Gary Lineker em 1986, o maior goleador inglês numa edição de Mundial.

O popular técnico inglês, Gareth Southgate, vinha tomando decisões contestadas, como deixar Kane, capitão da equipe, no banco. No jogo final da fase de grupos, poupou ele e outros sete jogadores e perdeu para a Bélgica, caindo na chave com menos campeões mundiais da Copa.

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A disputa evocou outros dramas ingleses –o país que inventou o futebol só foi campeão mundial uma vez, em 1966, e tem em sua história uma série de eliminações nos pênaltis.

As penalidades em Copas são uma sina desde 1990, quando caiu para a Alemanha, futura campeã mundial. Na Eurocopa de 1996, nova queda da marca da cal, de novo para os germânicos. No Mundial de 1998, na França, foi eliminada pela Argentina.

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Na Euro de 2004 e na Copa de 2006, caiu para a equipe de Portugal. A Eurocopa de 2012 rendeu mais um capítulo do drama dos pênaltis, quando foi eliminada pela Itália.

Para Southgate, um fantasma extra: ele foi o homem que perdeu o chute decisivo em 1996. Nesta terça, praticou o exorcismo ao som de “Three Lions”, música daquela mesma Euro-96 que a Fifa toca em homenagem ao time inglês nesta Copa.

Agora, os ingleses pegarão a Suécia e, se vencerem, podem acabar enfrentando a Rússia na semifinal –se a seleção anfitriã vencer a Croácia.

Será um verdadeiro clássico geopolítico, se ocorrer. Londres liderou uma campanha internacional contra Moscou depois que um ex-espião russo foi envenenado com a filha na Inglaterra.

Houve expulsões mútuas de diplomatas e as relações entre o Kremlin e Londres estão no pior momento desde a Guerra Fria. Southgate creditou o baixo comparecimento de ingleses a estádios russos justamente a temores de como seriam recebidos.

A Colômbia, por sua vez, caiu novamente sendo comandada pelo argentino José Pékerman. No Brasil, em 2014, ele perdeu as quartas contra os anfitriões. Antes, em 2006, comandava a Argentina que caiu nessa mesma fase para a anfitriã Alemanha.

Apesar do apoio maciço da torcida, majoritariamente pró-Colômbia entre os 44.190 pagantes que lotaram o Estádio Spartak, a equipe estava sem James, que se lesionou no jogo contra Senegal na semana passada.

O meia assistiu a derrota na beira do gramado, com o também barrado Borja. No campo, seus companheiros tiveram bastante dificuldades e apelaram à violência, levando 6 dos 8 cartões amarelos do jogo –inclusive o de Sanchez, no lance que levou ao primeiro gol inglês.

A partida começou com um visível domínio inglês, embora as chances de gol fossem bastante escassas. A Colômbia se defendia bem, mas não conseguia subir, concentrando as jogadas pelo lado esquerdo, com Quintero.

Aos 15 min, talvez a melhor chance inglesa aconteceu quando Kane cabeceou um cruzamento de Trippier por cima do gol. A partir dos 25 min, a Colômbia melhorou seu volume de jogo, ainda que sem efetividade nas finalizações.

O segundo tempo começou mais equilibrado, mas o pênalti convertido por Kane acabou desequilibrando a Colômbia, que fez 20 faltas –contra 11 dos ingleses, no tempo regulamentar.

Kane é o artilheiro da Copa, com seis gols, e se tornou, ao lado de Gary Lineker em 1986, o maior goleador inglês numa edição de Mundial.

A partida ficou truncada, e tudo indicava que os ingleses sairiam vencedores. A arquibancada colombiana ensaiou até xingamentos em uníssono à mãe do juiz.

Até que aos 48 min, Uribe acertou um belíssimo chute à distância, obrigando Pickford a fazer uma defesa igualmente cinematográfica.

No escanteio que se seguiu, o ex-palmeirense Mina subiu mais que os zagueiros ingleses e marcou o gol. O Spartak tremeu, e a Colômbia ainda aproveitou os dois minutos restantes de acréscimos para pressionar a Inglaterra.

Na prorrogação, os times ameaçaram de lado a lado, com mais empolgação do que técnica. Apoiada pela torcida, a Colômbia dominou os contra-ataques e parecia mais inteira fisicamente que a Inglaterra.

A melhor chance, contudo, ocorreu aos 9 min do segundo tempo da prorrogação quando Dier cabeceou um escanteio para fora.

Logo depois, veio a roleta-russa dos pênaltis. Henderson perdeu o terceiro pênalti, levando a arquibancada ao delírio, só para ser calada pelo erro seguinte de Uribe. A defesa de Pickford na cobrança de Bacca deixou tudo nos pés de Dier, que chutou forte e converteu.

Ao som de “Three Lions”, colocada a todo volume nos alto-falantes ao fim do drama, os ingleses desta vez puderam comemorar.

COLÔMBIA

Ospina; Arias (Zapata), Mina, Davinson Sanchez, Mojica; Barrios, Carlos Sanchez (Uribe), Lerma (Bacca), Cuadrado, Quintero (Muriel); Falcao. T.: José Pékerman

INGLATERRA

Pickford; Walker (Rashford), Stones, Maguire; Trippier, Henderson, Dele Alli (Dier), Lingard, Young (Danny Rose); Sterling (Vardy), Harry Kane. T.: Gareth Southgate

Local: Estádio Spartak, em Moscou

Juiz: Mark Geiger (EUA)

Cartões amarelos: Barrios, Arias, Sanchez, Falcao, Bacca (Colômbia); Henderson, Lingard (Inglaterra)

Gols: Harry Kane (I), aos 11min do segundo tempo; Mina (C), aos 47min do segundo tempo