Copa 2018

EUA voltam a sediar Copa anos após derrota que mudou Fifa e futebol no país

Oito anos atrás, os Estados Unidos viram escapar para o Qatar a chance de sediar a Copa de 2022, em um episódio que deu origem ao maior escândalo recente do futebol mundial.

As investigações de compra de votos pelo Catar, que ficaram conhecidas como Fifagate, terminaram com o indiciamento e prisão de vários cartolas do futebol, entre eles o brasileiro José Maria Marin, então presidente da CBF.

Mas tudo isso ficou para trás nesta quarta-feira (12), quando a coalizão de Estados Unidos, México e Canadá derrotou o Marrocos por 134 votos contra 65 e foi escolhida para sediar a Copa do Mundo de 2026. 

E tudo o que os EUA menos querem lembrar agora é do episódio. “Acho realmente que vai ser uma época emocionante para muitas pessoas”, diz Irwin Raij, sócio do escritório de advocacia O’Melveny e dono de uma participação no time Los Angeles Football Club, que faz parte da liga profissional americana.

“Quando você tem algo por que se orgulhar, você não foca no negativo. Podemos parar de falar sobre 2018, sobre 2022 e começar a falar em 2026. Estaremos na Copa do Mundo e promovendo o que tem de melhor no esporte”, afirma Raij, cujo time acabou de construir um estádio. 

“Essa decisão é o tijolo para algo tremendo. Talvez, no fim das contas, era assim que era para ser. Vai ser um tremendo significado para o futebol nos Estados Unidos”.

Stefan Szymanski, professor de gerenciamento esportivo da Universidade de Michigan, acredita que o anúncio vai ajudar a minimizar a decepção pelo fato de a seleção americana ficar de fora da disputa que começa nesta quinta-feira. 

“O desapontamento por não ter se classificado foi profundamente sentido. Agora, as pessoas vão achar que têm um futuro pela frente e uma meta com que trabalhar”, diz.

A promessa é de um novo impulso ao esporte, a exemplo do que aconteceu após a Copa de 1994, que ajudou a popularizar o futebol no país.

Uma nova geração de torcedores deve ser formada pela expectativa com a Copa de 2026, avalia Amy Bass, professora do College of New Rochelle e autora do livro “One Goal”, sobre um time de futebol formado por refugiados no Maine.

“Os americanos são muito bons torcedores. Todos aqueles jovens que passam as manhãs de sábado num campo de futebol, de alguma maneira, se conectaram com o que aconteceu em 1994”, diz. “Eles agora vão garantir uma nova geração para 2026, vão levar seus irmãos mais novos ou filhos com eles.”

Para o mundial de 2026, que deve ter 60 dos 80 jogos nos Estados Unidos, as expectativas de investimento em estádio e infraestrutura são mais moderadas. “Já houve muito investimento de maneiras diferentes”, questiona Szymanski.

“A pergunta é quem vai controlar o jogo daqui para a frente, os interesses comerciais que dão suporte à liga profissional ou se vai abranger uma demografia mais diversificada e inclusiva.”

Parte dos esforços da liga profissional americana para atrair mais torcedores foi a contratação de estrelas em fim de carreira para jogar em times locais, como o britânico David Beckham e, mais recentemente, o sueco Zlatan Ibrahimovic -ambos pelo LA Galaxy.

O esporte também atrai empresários americanos, como Stan Kroenke, atual controlador do inglês Arsenal, ou a família Glazer, do tradicional Manchester United. O italiano Roma também tem dono americano, o magnata James Pallotta.

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