Copa 2018

Especialista diz que “terremoto em gol do México” é evento comum

O Instituto de Investigações Geológicas e Atmosféricas do México afirmou neste domingo (17), por meio do Twitter, ter identificado um “terremoto não natural” na Cidade do México no momento em que Herving Lozano fez o gol da vitória da seleção do país contra a Alemanha, em partida da Copa do Mundo. 

Segundo o órgão, o tremor foi causado possivelmente pelos pulos ao mesmo tempo da multidão que assistia à partida na cidade. 

Mas é mesmo possível que a comemoração de um gol seja forte o suficiente para causar um terremoto?

Para George Sand França, 46, professor do observatório sismológico da Universidade de Brasília (Unb), sim, mas até a passagem de um caminhão é capaz de fazê-lo.

Toda e qualquer coisa que vibre e se propague no meio da terra pode ser classificada como um terremoto, esclarece o professor, embora associemos este nome àqueles tremores que causam mortes e destruição.

“Até eu pulando, se for perto de um instrumento de medição, faz que ele registre um tremor. Um caminhão passando gera um pequeno terremoto. Isso não é nenhuma novidade”, diz.

“Divulgam isso para ganhar um pouco de mídia e para ter uma divulgação. Se a gente medir nos jogos aqui no Brasil também vai acontecer isso”, completa.

Depois da divulgação, o instituto mexicano contemporizou a informação em seu site.

Num texto explicando como foi feita a medição do terremoto no momento do gol, afirmou que ao menos dois de seus aparelhos detectaram um movimento sísmico com aceleração de 37m/s² na Cidade do México, e que “esses eventos não são fortes. Só os equipamentos sismográficos sensíveis, e geralmente próximos, podem detectar o efeito do salto de uma multidão”. 

Além disso, disse que o movimento, imperceptível para as pessoas, não pode ser medido em magnitude, e por isso deve ser chamado de “terremoto artificial”. -a segunda palavra serve para atestar que não foi algo geológico. 

Bruno Collaço, sismólogo da USP,  também afirma que o termo “terremoto”, neste caso, deve vir acompanhado de “artificial”, porque não foi um evento de causas naturais.

Ele pontua, porém, que, diferentemente da passagem de um caminhão, cujas vibrações no solo só são percebidas se o aparelho para medição estiver bem perto, o terremoto mexicano foi detectado por mais de um sismógrafo, o que mostra que a dimensão do acontecido foi bem maior que a passagem de um caminhão. 

Segundo França, da Unb, o salto de milhares de pessoas juntas, no mesmo lugar, causaria, no máximo, um tremor de um ponto na escala Richter, usada para medir a potência de terremotos.

Para ser sentido pelas pessoas, sem a ajuda de aparelhos, há variáveis como proximidade com o epicentro do sismo e a profundidade em que este ocorre, mas, via de regra, o tremor deve ter ao menos três pontos na escala. 

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