Copa 2018

Carpatália vence a “subversiva” Copa dos países inexistentes

A Copa já terminou.

Não a da Rússia, que começa nesta quinta-feira (14) com a partida entre os anfitriões e a Arábia Saudita. A Copa que se encerrou foi a dos países inexistentes, aqueles que ainda não são reconhecidos pelo restante da comunidade internacional. Após dez dias de campeonato em Londres, a subversiva taça foi entregue no sábado à Carpatália.

Territórios separatistas e minorias étnicas disputam desde 2014 a sua própria Copa para atrair atenção às causas que defendem. Esperam que o restante do globo finalmente lhes inclua no mapa-múndi.

A organização é feita pela Conifa, a Confederação de Associações de Futebol Independente —“uma alternativa à norma geopolítica”, segundo a descrição da rede árabe Al Jazeera. “Nós queremos mostrar que a identidade das pessoas é importante”, disse Paul Watson, chefe do comitê organizador, ao canal. “Nossa visão flexível de identidade é mais adequada ao mundo moderno do que aquela existente.”

A Conifa foi fundada em 2013 e conta hoje com 47 membros, apesar de por enquanto nenhum deles representar a região da América do Sul.

A Carpatália, que venceu o campeonato nos pênaltis, é um território de minoria húngara no oeste da Ucrânia. O Chipre do Norte, que perdeu na final, é a porção turca do Chipre. Também jogou bola a Abcásia, território no leste do mar Negro — eles venceram ali em 2016 e decretaram um feriado nacional para celebrar. Segundo a Sky Sports, 2.500 entusiasmados espectadores assistiram à final neste ano.

Outras seleções, no entanto, penaram para chegar até ali. A Al Jazeera relata, por exemplo, que o time da Matabelelândia, um território localizado no oeste do Zimbábue, não conseguiu arrecadar o orçamento de R$ 100 mil para viajar ao Reino Unido. Seis jogadores da Cabília, berberes do norte da África, não puderam receber o visto.

As disputas geopolíticas, que devem rondar toda a Copa da Rússia a partir de quinta-feira, estiveram presentes também na Olimpíada de 2016. A medalha de judô para Kosovo, por exemplo, serviu para lançar luz em suas reivindicações nacionais. O país, que foi ao Rio como uma seleção oficial, ainda não é reconhecido nem mesmo pelo Brasil.

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