Há um vídeo de Cristian Pavón, 22, quando tinha dez anos. Após ganhar um torneio de Córdoba, sua cidade natal, ele foi perguntado como jogava.

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“Como Messi”, respondeu.

Doze anos depois, ele será titular da seleção argentina na Copa do Mundo ao lado do seu ídolo. A entrada de Pavón deverá ser a principal mudança da seleção para a partida contra a Croácia (21), em Nijni Novgorod. Um jogo decisivo para a equipe após o empate com a Islândia na estreia.

A entrada dele é uma vitória de dirigentes, torcedores e imprensa sobre os planos do técnico Jorge Sampaoli. Pavón atuou por 15 minutos na primeira rodada e quando o treinador o chamou para entrar, os 20 mil argentinos presentes no Spartak Stadium vibraram quase como um gol.

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A iniciativa de tentar jogadas individuais e de linha de fundo agradou à comissão técnica.

“Desde criança sempre quis jogar ao lado dele. Será um sonho. Estar na seleção é um momento único”, disse o atacante do Boca Juniors.

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“Ele” é Lionel Messi, claro.

A entrada de Pavón significa a perda de espaço de Ángel Di María, que sai do time após a atuação decepcionante diante da Islândia. Ironizado pelas contusões em momentos cruciais na seleção, o meia-atacante do PSG não jogou a final de 2014 por estar lesionado. Até Maradona fez piada sobre isso. Também na Copa América de 2015 teve problemas musculares durante a decisão. Foi uma das vítimas preferenciais de memes nas redes sociais, ao lado de Higuaín.

Mas é a saída de um jogador que era parte integral dos planos de Sampaoli. E para um substituto que até o ano passado era uma aposta do Boca Juniors, o clube mais popular da Argentina.

“Ele está muito bem. Nos oferece algo diferente em campo. É importante ter alguém como ele”, elogiou Messi.

Pavón foi às nuvens com ao saber das palavras do camisa 10. Ainda mais porque Messi pode indicá-lo para o Barcelona em uma transação de cerca de 20 milhões de euros (Cerca de R$ 95 milhões).

“Quando Messi me cumprimenta, fico nervoso. Não sei o que dizer para ele”, disse.

Poderia nem ter sido assim. Quando estava nas categorias de base do Talleres, de Córdoba, seu pai ficou desempregado e era preciso financiar uma viagem de 100 km todos os dias para treinar. Uma família de amigos se ofereceu para ajudar. Não fosse isso, teria parado.

É o tipo da sorte que Di María nunca teve na seleção argentina. Mas contra a Islândia, o meia-atacante chamado por todos de “Fideo” foi o único culpado pela atuação apática. Melhor para “el gordo”, apelido de Pavón, atacante do Boca apaixonado por doces e que pode virar a maior arma da Argentina para continuar viva na Copa do Mundo.

“Jogo pela esquerda ou pela direita. Onde precisar… Escuto algumas coisas e sei que as pessoas querem que eu jogue”, afirmou, ansioso, Pavón, nesta segunda (18) em Bronnitsi (55 km de Moscou) onde a delegação está hospedada para o Mundial.

Ídolo nacional há quatro anos ao fazer o gol da classificação da Argentina para as quartas de final da Copa, contra a Suíça, Di María percebeu que não tem mais o apoio popular. Este está com Pavón.