O desejo que Paulo Nobre, presidente do Palmeiras, revelou no início do mês de comprar o estádio Allianz Parque, em São Paulo, esbarra no posicionamento da construtora WTorre. “Acho muito difícil vender 100% da operação, para não dizer impossível”, afirmou Rogério Dezembro, CEO da construtora, ao jornal O Estado de S.Paulo. O executivo acrescenta que não houve proposta do Palmeiras. “Não podemos comentar o que não existe. Não houve nada concreto”.

continua após a publicidade

No momento, o interesse principal da construtora é encontrar um parceiro, um fundo de investimento ou empresa do ramo de esportes e entretenimento para acelerar o amadurecimento do negócio.

continua após a publicidade

Dezembro afirma que a venda não teria “lógica econômica” para o Palmeiras. A construtora detém os direitos de exploração do estádio até 2044 e o clube aumenta a sua participação nos lucros da arena progressivamente até se tornar dono do estádio no final de 30 anos. O total da bilheteria dos jogos é destinada ao Palmeiras. “Para o clube, não seria um bom negócio (comprar a arena). Por qual motivo ele iria mobilizar capital para comprar um negócio que ele já tem?”

continua após a publicidade

Especialistas em marketing esportivo afirmam que uma operação de compra seria complexa, principalmente pela dificuldade de definição do valor do estádio e pelo acordo de concessão por 30 anos. Outro complicador é o aumento do endividamento do Palmeiras com Paulo Nobre.

Em dois anos de funcionamento, o Allianz Parque se consolidou como uma arena multiuso com a realização de shows e os jogos do Palmeiras. Já foram 2,8 milhões de espectadores. Nas 18 partidas que fez em casa, a imensa maioria no Allianz Parque, o Palmeiras arrecadou quase R$ 38 milhões de renda bruta – o segundo colocado, o Corinthians, tem R$ 28 milhões. A taxa de ocupação é 75% com média de público de 31.545. O clube que mais se aproxima desse índice também é o rival Corinthians, com 66%.

A empresa conseguiu vender os “naming rights” do estádio, que ajudou a resgatar a autoestima do palmeirense. Depois de lutar contra o rebaixamento em 2014, na abertura da arena, o time está perto de conquistar o Campeonato Brasileiro, segundo título consecutivo em dois anos. Por causa desses feitos, seis clubes já consultaram a construtora interessados em adotar o mesmo modelo.

A relação com o Palmeiras, no entanto, tornou-se difícil e, por isso, Paulo Nobre cogitou a compra. Entre os atritos estão o direito de venda dos assentos e o estado do gramado após os shows.