Conjunto faz o Coritiba subir

A vitória sobre o Fluminense, anteontem, foi a segunda do campeão paranaense no campeonato brasileiro. É verdade: usando a base e a estrutura da equipe que passou invicta pela competição estadual, que para muitos daria vexame no Nacional, o Coritiba reverteu a tendência de queda na classificação e recolocou o time entre os primeiros da tabela. Sem sua referência técnica, o meia Jackson, os comandados de Bonamigo apostam na superação e na manutenção de um esquema usado há mais de um ano. O próximo desafio dessa equipe acontece no domingo, contra a Ponte Preta, no estádio Moisés Lucarelli.

Mas, dentre todas as formações que o Cori usou nesses quatorze meses da “era” Bonamigo, o mais eficiente (em resultados) foi o que venceu o campeonato paranaense. Aquela formação não perdeu um jogo sequer e conquistou o título que não vinha para o Alto da Glória desde 1999. O destaque era a força ofensiva, que teve Marcel como artilheiro da competição e Edu Sales e Lima logo depois.

Durante o Brasileiro, a formação foi se alterando. Odvan foi contratado e ganhou a vaga de titular, e Jackson chegou para ser o comandante da equipe dentro de campo. E com eles o Cori conseguiu ficar sete jogos invicto, mudando em parte a sua estrutura tática: com dois alas ofensivos (Jackson e Adriano), o meio-campo passou a ser mais decisivo que o próprio ataque. Mas Jackson sofreu uma luxação -ele continua em tratamento, e a promessa do departamento médico é de colocá-lo em condições no jogo do próximo final de semana, contra o Criciúma.

Com isso, volta o esquema ?antigo?, já que Ceará retornou à ala direita. “Do jeito que está, o time é igual ao do Paranaense”, confessa Bonamigo. De fato, a estrutura é a mesma, e há apenas duas alterações de peças: Danilo é o zagueiro pela direita, no lugar de Fabrício, e Lira ocupa a vaga de Adriano, que está com a seleção brasileira sub-23 no México. Os outros nove titulares estavam na base campeã estadual.

E, como em um passe de mágica, a mudança tática fez o ataque coxa renascer. Há sete jogos a equipe não marcava três gols, e contra o Flu os destaques foram justamente Edu Sales e Marcel, que atazanaram a defesa carioca. “Acho que foi uma das minhas melhores atuações com a camisa do Coritiba”, reconhece Edu, que garante não ter se abatido com as críticas. “Existe cobrança e é normal que isso aconteça. Soubemos assimilar o que foi dito e nos recuperamos.”

E, com isso, o Coritiba se reaproxima dos primeiros colocados – e volta a ficar sob os holofotes. “É melhor que seja assim do que ficar lá atrás na classificação”, confessa o goleiro Fernando. Para Bonamigo, o importante á a atitude. “O time jogou com seriedade, e isso é muito bom. Como ganharam bem do Corinthians, o ego poderia inflar, eles poderiam rebolar em campo, mas eles mostraram que estão crescendo no momento certo”, finaliza.

Além de Jackson, o Cori tem mais um desfalque para o jogo de domingo em Campinas: o volante Roberto Brum, que no segundo minuto da partida contra o Fluminense levou o terceiro cartão amarelo.

Tcheco garante que fica no clube

Ninguém mais que Tcheco poderia falar alguma coisa sobre uma possível negociação para o exterior. E o meio-campista do Coritiba confirma o que a diretoria alviverde já dizia: não sai do Alto da Glória até o final de seu contrato. Apesar de sondagens que o Malutrom recebe e de possíveis negociações em andamento, o jogador – que detém 50% de seus direitos – bateu o pé. E o Cori está se preparando para fazer uma proposta de compra da metade pertencente ao Malutrom.

Segundo Tcheco, não há nenhuma proposta concreta para ele deixar o Coritiba. “Se houvesse alguma coisa, eu seria a primeira pessoa a dizer”, garante. No contrato do jogador, que tem vencimento em 31 de dezembro, há uma cláusula que permite sua negociação para fora do país, desde que ele consinta com o acerto que possa ser feito pelo Malutrom ou pelos seus procuradores.

Nos últimos dias, surgiram notícias que clubes da França e da Arábia Saudita sondaram o Malutrom, além da possibilidade do Cruz Azul (do México) contratar Tcheco. No caso do time mexicano, a contratação do meia colombiano John Restrepo inviabilizaria, em tese, a ida do jogador coxa.

Munido dessa informação, o Coritiba tenha amealhar recursos para comprar 50% dos direitos de Tcheco. O vendedor em potencial seria o Malutrom – as diretorias se entendem bem, e tanto o presidente Juarez Malucelli quanto o presidente de honra Joel Malucelli são torcedores coxas (Joel foi presidente do Cori entre 95 e 97). Se não houver acerto, o Cori pode tentar comprar a parte de Tcheco. Mas há tempo, porque o jogador jura que fica até dezembro. “Contrato existe para ser cumprido. Vou ficar”, resume.

Nasce um novo cobrador

Há pouco tempo, se Marcel pedisse para bater uma falta, até o técnico Bonamigo ficaria cabreiro. Afinal, o centroavante coxa não treinava durante a semana, e ninguém sabia se a bola pararia no gol ou no terceiro anel do Couto Pereira. Agora, o artilheiro é uma importante arma nas bolas paradas, e o gol contra o Fluminense foi a prova disso. É o fruto de três semanas de treinamentos.

Tudo começou com uma intromissão de Marcel na partida contra o São Caetano. Nos primeiros minutos do jogo, ele se arvorou a cobrar uma falta e quase abriu o placar. “Quando ele bateu, eu fiquei surpreso. Não sabia que ele tinha essa patada”, confessa Paulo Bonamigo, que de imediato ordenou que o centroavante passasse a treinar chutes de bolas paradas.

Marcel passou a ser um dos batedores oficiais do Cori, ao lado de Tcheco, Alexandre Fávaro e Edu Sales. Nos jogos contra Santos e Corinthians, ele assustou os goleiros com fortes chutes de meia distância, e contra o Fluminense Kleber acabou sendo a vítima.

Ao marcar contra o Flu, Marcel chegou ao oitavo na competição, mantendo a artilharia da equipe e se aproximando mais dos goleadores do Brasileiro. “Treino diariamente as cobranças de falta com o Tcheco”, comenta o centroavante.

E, apesar de não ter sido chamado para a seleção sub-23, que está no México, Marcel segue pensando alto. A imprensa do eixo Rio-São Paulo registra o nome do jogador coxa como possível convocado nas próximas chamadas de Ricardo Gomes.

Disputa

Com os gols marcados contra o Fluminense, o centroavante Marcel chegou aos 18 na temporada. Na lista de artilheiros do futebol paranaense, ele encosta no atleticano Ilan, que marcou 19 (13 deles no Brasileiro). O atacante coxa foi o goleador do campeonato estadual, com dez gols. (CT)

Voltar ao topo