Às vezes, o excesso de negativas representa uma verdade que precisa ser resguardada. E foi o que aconteceu na mais rumorosa negociação do futebol paranaense na temporada.
Depois de quinze dias de conversas, e de um sem-número de declarações fugidias, o Coritiba apresentou oficialmente Lúcio Flávio, meio-campista que pertence ao Paraná Clube, e que é a mais ambiciosa contratação coxa para o campeonato brasileiro. O Cori também apresentou o atacante Fernando Mello, que estava no futebol grego.
“Essa negociação é um marco para o nosso futebol, porque representa a força dos dois clubes que têm a grandeza de sentarem-se à mesa e negociar”, disse o secretário Domingos Moro. E a negociação só aconteceu porque o Paraná autorizou os contatos entre Coritiba e Ney Santos, o procurador de Lúcio. “Nesse momento tenho que fazer um agradecimento especial para o Aramis Tissot, uma pessoa que enobrece o nosso esporte”, completou Moro, citando o assessor especial da presidência do Paraná.
Essa conversa foi até mais fácil do que se esperava, porque Lúcio tinha interesse em jogar no Cori. “Eu conheço a força do clube desde que comecei a jogar, e fiquei feliz quando surgiu o interesse.” Além disso, o fato de Paulo Bonamigo dirigir o clube também contribuiu. “Ele é uma ótima pessoa e um profissional acima da média. Trabalhei com ele no Paraná e foi uma época muito importante na minha carreira”, elogiou.
Assim, o acerto acabou sendo alinhavado na tarde de segunda, e Bonamigo recebe o reforço ?top? que ele tanto pedia. “Conseguimos ter no Coritiba o maior destaque de um dos nossos co-irmãos. Assim como já trouxéramos o Tcheco, agora contamos com o Lúcio Flávio”, comentou Moro. “Estou aqui também porque o Coritiba tem um elenco muito forte, com jogadores conhecidos, e me arrisco a dizer que vai estar entre os oito classificados do Brasileiro”, professou Lúcio.
O meio-campista tem contrato até o final do ano com o Cori, sendo que o Paraná estipulou valor para a compra dos direitos do atleta em definitivo. “Para jogadores da categoria do Lúcio, só sabemos a data da chegada. Se depender do Coritiba, ele não tem dia para ir embora”, disse Domingos Moro, que não quis revelar os valores da negociação. Especula-se, inclusive, que Lúcio Flávio terá o segundo maior salário do clube, menor apenas que o de Sérgio Manoel.
Clube anuncia um novo projeto
A promessa animou a torcida. Durante o jantar de confraternização do movimento Cori Ação (grupo independente de torcedores do Coritiba), o presidente Giovani Gionédis anunciou que o clube lançará em pouco tempo um ousado projeto que pode ser a tábua de salvação há tanto aguardada. Ele preferiu não dar detalhes e manter a curiosidade, mas alguns pontos acabaram sendo ditos nas entrelinhas.
A idéia envolve dois lados que parecem distantes em estratégias de incremento financeiro do futebol – o apoio da torcida e a filosofia de um ?clube-empresa?. A primeira parte foi dita pelo próprio presidente em seu discurso. “Só quero dizer que é um projeto que vai salvar o Coritiba, e que precisará muito de todos vocês. Só manteremos o clube vivo se a torcida estiver do nosso lado”, afirmou.
O presidente também disse que o Coritiba será um clube social. “Teremos um clube social, teremos um estádio completo, teremos um hotel em nosso Centro de Treinamento”, garantiu. Mas sobre a parte da mudança estrutural do Coritiba para um clube-empresa, que seria o segundo ponto do projeto, Gionédis não falou nada. Mas dirigentes do clube confirmaram que existe no plano uma alteração profunda na formatação administrativa e financeira do clube.
Festa
O jantar de terça surpreendeu os próprios organizadores, que programaram o evento para 150 pessoas, mas quase quinhentas se acotovelaram em um restaurante de Curitiba. “A expectativa foi extremamente superada, tanto que tivemos que pedir para que os torcedores não fossem ao jantar porque não haveria espaço. É a prova da força da torcida do Coritiba”, afirmou o presidente do Cori Ação Luís Carlos Bettenheuser Júnior. (CT)