Começa o Rally dos Sertões

Donizetti Castilho/Divulgação
A equipe completa da Petrobras, na qual estão alguns dos favoritos.

Goiânia – Poeira, fumaça, barulho e um estacionamento, um shopping e um hipermercado do lado. Foi assim o inusitado começo da 16.ª edição do Rally Internacional dos Sertões. Ontem foi realizada uma ?abertura festiva?, com sete mil pessoas em uma arena ao lado do principal shopping de Goiânia e os carros realizando o prólogo, também chamado de ?super prime?, em uma pista que parecia com as do motocross. A partir das 8h de hoje (e até o dia 27), motos, carros e caminhões começam a percorrer os 4.735 quilômetros, de Goiás até o Rio Grande do Norte, no maior rali do País e, agora, um dos mais importantes do calendário mundial.

A partir deste ano, o Rally dos Sertões conta pontos para a Copa do Mundo de Cross-Country, evento da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Os organizadores tiveram que acelerar um ajuste nas regras da competição, que ganhou em presença internacional são 38 competidores de fora do País de um total de 168. ?Aqui no Brasil, decidimos fazer esta adaptação lentamente. Mas, agora, o regulamento mudou e não deu tempo de fazer o investimento?, explica o piloto paranaense Maurício Neves (ver matéria), atual campeão nos carros.

Por isso, todos apontam os carros e motos estrangeiros como os principais candidatos ao título. Nas motos, o francês Cyril Despres e o espanhol Marc Coma são os postulantes mais fortes o último campeão, José Hélio, e o vencedor de 2001, Thiago Fantozzi, da equipe Petrobras Lubrax (o time brasileiro mais poderoso), são os locais mais cotados. Nos carros, o sul-africano Giniel de Villers, o polonês Krzysztof Holowczyc e o americano Mark Miller são os favoritos.

É a prova definitiva da importância do Rally dos Sertões. ?Antes, havia muita gente que vinha passear, tirar fotografia. Não tinha estrutura para competir, e só vinha para curtir?, conta a piloto Helena Deyama, da categoria Carros, uma das poucas mulheres no rali. ?Agora é algo muito grande, é um evento muito bem organizado. É a referência nacional em rali?, confirma o veterano André Azevedo, um dos primeiros brasileiros a disputar o Paris-Dakar e que este ano é o favorito nos caminhões, ao lado de Maikel Justo e Ronaldo Pinto.

A primeira etapa do Rally dos Sertões vai de Goiânia até Rio Verde, com total de 272,5 km de distância o trecho cronometrado é de 184 km. O trajeto é mais ?simples?, com trechos de Trial, ideais para o teste do equipamento para o restante da prova.

Paranaense tenta o bicampeonato

Goiânia – ?Agora estamos bem.? A brincadeira é do piloto Maurício Neves, contente ao ver um repórter paranaense em Goiânia. Ao conversar com os jornalistas, o atual campeão nos carros do Rally dos Sertões (em parceria com o navegador Clécio Maestrelli) demonstra muita confiança para a prova deste ano, mas admite que a força dos estrangeiros dificultará o sonho do bicampeonato. Pelo menos na classificação geral da prova.

É o próprio piloto paranaense quem explica. ?Eles mudaram de ontem (segunda) para hoje (ontem) o regulamento. E, com isso, vai ser passado para todo mundo uma classificação geral, com os carros do Mundial da FIA e todo o restante. Mas, no final, vai haver duas premiações, para eles e para nós.? Maurício Neves sabe que, com a força das equipes de fábrica da Volkswagen e da Nissan, seria muito difícil vencer o Rally deste ano. ?Agora mudou, mas a gente tinha a consciência de que vencer seria complicado. Acho que a gente tem condição de ganhar alguma etapa, e se eles tiverem problemas beliscar no geral. Mas a condição deles é infinitamente superior à nossa?, afirma.

O paranaense prefere evitar previsões sobre a competição que começa para valer hoje. ?Eu sempre digo que o Rally dos Sertões é igual ao Carnaval e ao vestibular. A gente espera o ano inteiro, vai se preparando bastante, mas, quando chega a hora, é completamente diferente do que a gente imagina?, conta.

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