Com show de bola, Paraná goleia e encara 6.º mata-mata

O Paraná Clube já tinha boa vantagem no duelo contra o Rio Branco. Para não dar qualquer chance ao representante de Paranaguá, fez ótima partida no jogo de volta das semifinais, ontem, no Pinheirão, e despachou o adversário por 3 x 0. Como havia vencido na Estradinha por 2 x 1, o Tricolor volta a decidir o Campeonato Paranaense depois de quatro anos – o adversário será a Adap, de Campo Mourão.

Pela primeira vez em sua história, o Paraná disputa a taça estadual diretamente contra uma equipe do interior. Antes, nas cinco finais que disputou no sistema mata-mata, encontrou rivais da capital (Coritiba em 1995, 96 e 99 e Atlético em 2001 e 2002).

Como tem melhor campanha em todo o campeonato, o Tricolor disputa o primeiro jogo -marcado para o próximo domingo – fora de casa.

A Federação Paranaense de Futebol define hoje se a Adap poderá mandar o jogo em Campo Mourão.

A finalíssima acontece no domingo seguinte, no Pinheirão. Ao contrário das fases anteriores, o empate em pontos ganhos e saldo de gols, após os dois jogos, leva a decisão para uma prorrogação depois do segundo confronto. Em caso de nova igualdade, o campeonato será decidido nos pênaltis.

Para carimbar a vaga na final, o Paraná não repetiu o erro da partida das quartas-de-final contra o Iraty, quando abusou da vantagem do empate, recuou muito e tomou sufoco. Decidido, com futebol compacto e marcação implacável desde o campo adversário, o Tricolor se impôs no jogo. Mesmo assim, o Rio Branco era perigoso e criou algumas boas chances no primeiro tempo – um chute para fora de Ratinho, aos 13 minutos, e um desvio de cabeça, após cobrança de falta, aos 19?, que exigiu ótima defesa de Flávio.

Depois de não marcar um pênalti cometido sobre Beto, o árbitro Héber Roberto Lopes deixou de expulsar o goleiro Vílson, que cometeu falta em Maicosuel. Mas, na cobrança, Sandro colocou na gaveta e fez 1 x 0, aos 24 minutos.

A torcida se incendiou e empurrou o Tricolor, que marcou o segundo numa jogada sensacional de Leonardo. Depois de salvar um gol em cima da risca, o atacante atravessou todo o gramado e, no contragolpe, tocou com categoria na saída de Vílson.

Mesmo com a enorme vantagem, o Paraná não afrouxou o ritmo na segunda etapa. O placar poderia ter sido dilatado aos 25 minutos, mas Vílson defendeu o pênalti cobrado por Maicosuel. Doze minutos mais tarde, porém, Beto emendou uma bela bicicleta e, no rebote do goleiro, Leonardo empurrou para as redes: 3 x 0. Os 11 mil paranistas que estiveram no Pinheirão saíram sorrindo, motivados pela esperança do fim do jejum de nove anos sem títulos estaduais.

Paraná não aceita jogar no estádio da Adap

O local do primeiro jogo da final entre Paraná Clube e Adap já virou motivo de polêmica. O Tricolor adianta que não aceita jogar em Campo Mourão, apesar da pretensão do adversário de montar arquibancadas tubulares e ampliar a capacidade do Estádio Roberto Brzezinski para 15 mil torcedores, conforme determina o regulamento.

O vice-presidente de futebol tricolor, José Domingos, disse ter parabenizado o presidente em exercício da Federação Paranaense de Futebol, Jorge Dib Sobrinho, que teria se manifestado contrariamente à liberação do estádio de Campo Mourão. ?Ele foi taxativo, já que o artigo 25 do regulamento é claro. Não podemos aceitar uma mudança a esta altura?, disse o dirigente. O artigo cita que ?os jogos (da final) somente poderão ser realizados em estádios com capacidade mínima para 15.000 torcedores sentados, de acordo com vistoria realizada antes do início do campeonato? – o que, em teoria, veta a instalação de arquibancadas provisórias.

Reforços

A diretoria tricolor confirmou ontem já ter acertado a contratação de três reforços para o Campeonato Brasileiro. Nomes e posições não serão anunciados até o fim do Estadual – mas um deles pode ser o meia Joelson, ex-Ituano, que assistiu ao jogo de ontem das tribunas de honra do Pinheirão. O jogador, que quase foi contratado no ano passado, está no futebol árabe e sua contratação dependeria da solução de um problema documental. O clube descartou a vinda do zagueiro Amaral Rosa, do Rio Branco, e disse que trará aproximadamente oito atletas para o Nacional. ?Algumas negociações estão avançadas. Quando tudo estiver definido, anunciaremos?, disse José Domingos.

Time chegou no ?espírito de superação?

Depois de um início irregular, vieram a arrancada impressionante e a vaga na final do campeonato, após três Estaduais no papel de coadjuvante. Jogadores e comissão técnica do Paraná Clube tinham motivos para evocar o ?espírito de superação? mostrado no Paranaense.

?Chegou nossa hora. A vaga na final não foi surpresa depois da reação e dos nove jogos sem derrota?, falou o zagueiro Emerson, que errou nas contas – na verdade, o Tricolor já soma dez partidas de invencibilidade.

O atacante Leonardo, autor da jogada mais espetacular da partida – tirou uma bola sobre a linha fatal e no contragolpe seguinte marcou um belo gol – contou que se sentiu preso no início do jogo. ?Demorou até eu pegar o ritmo. Depois consegui correr bastante?, disse o artilheiro paranista no Estadual, agora com nove gols. ?A jogada dele mostrou o espírito do grupo e empenho de todos em busca do mesmo objetivo?, elogiou o capitão Beto.

Empolgado, o presidente José Carlos de Miranda falou que o Paraná fez uma das melhores exibições de sua história. ?Faremos o possível e o impossível para reviver as glórias dos anos 90?, disse.

O técnico Barbieri traçou um histórico da campanha tricolor no torneio, atribuindo a evolução da equipe à melhora no condicionamento físico. ?Hoje as pernas dos atletas obedecem à cabeça.

A equipe ficou equilibrada e consciente?, disse.

Sobre o jogo de ontem, Barbieri classificou a atuação no primeiro tempo de ?perfeita?. Mas o técnico aproveitou para recriminar alguns lances de preciosismo. ?Vou puxar a orelha do Maicosuel, que poderia

ter marcado o terceiro e o quarto gols, mas quis dar um toque a mais. Fugiu da simplicidade que cobramos?, falou.

A Adap, derrotada duas vezes pelo Tricolor na primeira fase, fará uma final parelha, de acordo com o treinador. ?Não somos favoritos. É um time que eliminou Atlético e Coritiba e que fez dois jogos muito bons contra nós?, afirmou.

CAMPEONATO PARANAENSE
Semifinal – jogo de volta
Súmula
Gols: Sandro (24-1º), Leonardo (42-1º e 37-2º)
Cartões amarelos: Vílson, Fábio Garcia, Baiano e Cleomir (RB)
Cartão vermelho: Gian (31-2º)
Renda: R$ 110.710,00
Público: 10.766 pagantes (Total: 11.735)
Árbitro: Héber Roberto Lopes
Assistentes: Rubens Berton e Sirlei Piva

Paraná 3×0 Rio Branco

Paraná
Flávio; João Paulo, Emerson e Neguete (João Vítor); Goiano (Marcelinho), Rafael Muçamba (Elton), Beto, Sandro, Maicosuel e Edinho; Leonardo. Técnico: Luiz Carlos Barbieri

Rio Branco
Vílson; Baiano, Fábio Garcia, Rodrigo e Cleomir; Gian, Doriva, Dudu (Fernando, depois Rafael) e Ratinho; Clênio (Negreiros) e Neizinho. Técnico: Itamar Bernardes.

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