Com a “mão” da Justiça, classificação está diferente

O presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), Luiz Zveiter, garantiu antes do início do campeonato brasileiro que seria rigoroso nas punições às equipes que transgredissem as normas de condutas previstas no CBDF (Código Brasileiro Desportivo do Futebol) e, se precisasse, iria além delas. E a promessa foi cumprida.

Se o STJD não tivesse entrado em ação, a classificação do campeonato seria bem diferente. Atlético Paranaense, Coritiba e Paraná Clube não ganharam nem perderam pontos no tapetão, mas poderiam estar em outra colocação na tabela em função das punições dadas a outras equipes.

As equipes mais prejudicadas pelas canetadas de Zveiter e o tribunal foram o Paysandu e a Ponte Preta. O time paraense perdeu nada menos que oito pontos, referentes às partidas contra o Corinthians, Ponte Preta, Fluminense e São Caetano. Tudo porque o presidente do clube, Arthur Tourinho, assinou os contratos dos jogadores Aldrovani, Júnior Amorim e Borges Neto. Na ocasião da assinatura, o dirigente estava suspenso pelo STJD, o que torna os contratos irregulares.

Como a Ponte havia perdido o jogo contra o Papão, acabou beneficiado com três pontos. Isso acabou amenizando o revés sofrido pela equipe no início do campeonato. A Macaca escalou o volante Roberto nas duas primeiras partidas – contra Inter e Juventude, mas ele estava suspenso. Os times gaúchos entraram com uma ação e o Inter, que havia empatado, conseguiu mais dois pontos. Já o Juventude, que havia perdido, conquistou os três pontos.

A maioria das equipes lucrou com as decisões no tapetão. As exceções são o Paysandu, que se não tivesse sido punido estaria em 17.º em vez de 23.º (essa era a classificação do Papão antes do jogo de ontem à noite, contra o Fortaleza) e o Internacional que, mesmo tendo sido beneficiado com dois pontos hoje é 7.º. Sem as decisões do STJD, a equipe gaúcha estaria em 6.º, uma posição à frente do São Caetano, que ganhou três pontos da partida contra o Paysandu. A Ponte, independente da ação do tribunal, manteria a mesma 18.ª colocação.

Prova de fogo vai ser caso com Cruzeiro

Belo Horizonte –

Flamengo e Atlético-MG entraram ontem com um pedido no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) solicitando os pontos das derrotas para o Cruzeiro no campeonato brasileiro.

As equipes alegam que o atacante Márcio Nobre atuou de forma irregular nas partidas. A data-limite para inscrições na competição era no dia 28 de julho e os clubes afirmam ter informação de que o Cruzeiro somente registrou o atleta após essa data. O presidente do STJD, Luiz Zveiter, vai analisar o caso.

Resposta

O diretor de futebol do Cruzeiro, Eduardo Maluf, assegurou ontem que o jogador foi inscrito no dia 30 de julho, sendo que o prazo final terminaria um dia depois. “O Cruzeiro está coberto de razão, o jogador está regular, dentro daquilo que o regulamento permite”, assegurou o dirigente, salientando que preferiria não “especular” sobre o assunto.

“O Cruzeiro tomou todos os procedimentos legais, a inscrição dele foi no dia 30 de julho, ela saiu no BID (Boletim Informativo Diário) e nós colocamos o jogador para jogar, convictos que estamos dentro daquilo que o regulamento nos permite”, disse.

O diretor executivo do Atlético, Sérgio Bruno Zech Coelho, com base em uma circular interna da entidade, alega que a transferência de Márcio Nobre data de 30 de julho e que tais documentos deveriam ter sido entregues à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) até 28 de julho. “A gente tem razões para acreditar que estamos com boas chances de conseguir esses pontos”, afirmou.

Já o atacante cruzeirense disse que ficou surpreso com a notícia, mas que confia no procedimento do clube. “O Cruzeiro não ia fazer uma bobagem dessas”, afirmou Márcio Nobre, que está nos planos do técnico Vanderlei Luxemburgo para o jogo contra o Juventude, no próximo domingo, já que Aristizábal foi novamente vetado pelo departamento médico.

Paranaenses não perdem pontos, mas 4 mandos

As equipes paranaenses podem não ter sofrido punições ou benefícios na pontuação. Em compensação, estão sofrendo quando o assunto é mando de campo. O primeiro a ser enquadrado – e punido – no artigo 300, que prevê perda de mando por até três jogos, foi o Paraná Clube. Na partida contra o Criciúma, dia 31 de julho, no Pinheirão, o árbitro Fabiano Gonçalves relatou na súmula que sofreu agressão. O Tricolor perdeu um mando de jogo e atuou contra o Fluminense em Maringá – o CBDF prevê que a partida seja disputada em uma distância mínima de 150 km.

Na última segunda-feira, o Paraná sofreu mais uma punição – desta vez maior, por ser reincidente. Na partida contra o São Paulo, o diretor de futebol Ricardo Machado Lima entrou no gramado no intervalo do jogo para dirigir ofensas ao árbitro Alício Pena Júnior. O vice-presidente do clube, Durval Lara Ribeiro, o Vavá, dirigiu-se ao assistente número um e no relato de pena, na súmula da partida, Vavá foi definido como um torcedor, o que agravou a acusação. Agora, o Tricolor terá que mandar dois jogos fora de Curitiba: contra o Vasco da Gama, no dia 26 de outubro, e contra o Figueirense, no dia 6 de novembro.

O Atlético pagou caro pelo mau comportamento de seus torcedores na partida contra o Cruzeiro, no dia 13 de setembro. Durante a partida, vários objetos foram atirados no gramado, o que impediu o árbitro de deixar o gramado. Como punição, o STJD determinou uma perda de mando, que o Atlético cumprirá na quarta-feira, contra o Vitória. O time jogará em Londrina.

Ao contrário dos anos anteriores, a Justiça trabalhou com o mesmo peso e medida. Quem também perdeu mandos de jogos nesse campeonato foram o São Paulo, a Ponte Preta e o Vasco. O tricolor paulista foi punido pelos incidentes ocorridos na partida contra a Ponte Preta, no dia 24 de julho. A pena foi a perda dois mandos. A Macaca se complicou por incidentes provocados por torcedores na partida contra o Internacional e perdeu um mando. Já o Vasco foi punido por ações de seus torcedores após o jogo contra o Coritiba.

Interpretações

O rigor na punição aos clubes cujos torcedores têm mau comportamento é louvável, mas ainda existem dúvidas a serem dissipadas. Como agir, por exemplo, em situações em que a torcida adversária provoca tumulto, como aconteceu no Atletiba de sábado? Vários objetos foram atirados no gramado, mas por torcedores do Coritiba. “Nesse caso, não há um procedimento específico determinado no CBDF. Mas o tribunal pode fazer uma interpretação diferenciada do caso”, diz o advogado Augusto Mafuz. Os incidentes ocorridos no Atletiba podem servir de alerta para mais um ponto de mudanças no CBDF, cuja reforma vem sendo debatida ao longo deste ano.

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