Clubes se rebelam e não disputam a B

Se a série A está emperrada na justiça – por causa do afair Caxias x Figueirense – e a série C não tem sequer o número de clubes, a série B não seria exceção no panorama do campeonato brasileiro, marcado para começar na primeira quinzena de agosto. Na próxima terça-feira, às 13h, no Hotel Braston, em São Paulo, será realizada uma reunião com representantes dos 26 clubes participantes da Série B, quando será ratificada a posição de todos de não disputar a segundona do brasileirão. O motivo: dinheiro.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não se dispôs a arcar com os custos da competição e, caso mantenha essa posição, os clubes também não voltarão atrás na decisão. “A maioria dos clubes que disputou a Série B no ano passado terminou com um prejuízo de R$ 600 mil e isso é inadmissível”, disse o diretor de marketing do Londrina e coordenador da Comissão de Negócios da Série B, Peter Silva. “Os clubes preferem ficar parados a disputar um campeonato para ter prejuízo”, completou.

A Comissão de Negócios da Série B é o extinto Clube Brasil. Trata-se de uma organização criada para cuidar do interesses dos clubes que disputam a segunda divisão do nacional. Essa organização é comandada pelo diretor de marketing do Londrina, Peter Silva, e pelo presidente do Joinville Esporte Clube (JEC), Alberto Mauro Bartholi.

Numa reunião realizada na semana retrasada na capital paulista, também com representantes dos clubes da Série B, a posição de não disputar a segundona caso não houvesse a verba, já havia sido tomada. Após essa reunião, foi enviado um comunicado para a CBF relatando o problema e os clubes ficaram aguardando a resposta da entidade. Ontem mesmo, coincidentemente no mesmo momento do contato com a Tribuna, Peter Silva, recebeu a resposta. “Acabou de chegar o fax da CBF comunicando que eles não irão disponibilizar a verba”, comentou. “Diante disso, a decisão já está tomada”, acrescentou.

O “X” do problema

A Tribuna averiguou também os valores que estão gerando essa queda de braço entre os clubes da série B e a CBF. Segundo os levantamentos feitos pela Comissão de Negócios da Série B, o custo total para o campeonato seria de R$ 5, 7 milhões. Esse valor engloba a despesa total dos participantes em todas as fases do certame, levando em conta que cada clube receberia 23 passagens e mais R$ 3 mil para as despesas nos jogos fora de casa.

Os clubes da Série B conseguiram a garantia antecipada de R$ 2 milhões até agora, provenientes da Globo Sports. Esse valor é o quanto a Sportv paga para transmitir os jogos da segunda divisão. Então, a diferença caiu para R$ 3,7 milhões.

Segundo Peter Silva, a CBF recebe em torno R$ 10 milhões da Ambev e mais R$ 8 milhões da Nike por mês, referentes aos contratos de patrocínio. Para ele e todos os outros participantes da Série B é inadmissível a entidade máxima do futebol brasileiro não arcar com as despesas da segundona. “Eles sempre dizem que não têm dinheiro. Com um patrocínio desses, como isso é possível?”, indaga.

Para a Comissão de Negócios da Série B, se a CBF passasse para a recém-criada Liga Nacional de Clubes seria mais fácil conseguir o patrocínio. “O problema é que a CBF deixa tudo para a última hora e eles só pensam em ganhar dinheiro. Mas desta vez vai ser diferente”, desafiou Peter. Esse é mais um grande problema que a CBF terá menos de um mês para resolver. Isso sem falar no caso Caxias…

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