Clubes querem contrato de produtividade para jogadores

Uma reunião de mais de três horas entre a Comissão de Clubes e a cúpula da CBF, realizada na tarde desta terça-feira na sede da entidade, no Rio, discutiu propostas para atender as demandas do movimento Bom Senso e tentar melhorar o futebol brasileiro. Entres os diversos temas abordados, como calendário de jogos e fair play financeiro, os clubes começaram a defender que sejam adotados contratos de produtividade para os jogadores.

Formada pela própria CBF, a Comissão de Clubes reúne os presidentes do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade, do Vitória, Alexi Portela, do Corinthians, Mário Gobbi, e do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello – recém-eleito presidente da Portuguesa, Ilídio Lico também foi à reunião desta terça-feira, mas não faz parte formalmente do grupo. Os presidentes de Inter, Atlético-MG e Fluminense estavam convidados, mas não puderam comparecer.

Ao comentar as demandas do Bom Senso, a Comissão de Clubes disse que tem se reunido com os representantes do movimento, que reúne cerca de mil jogadores e cobra melhores condições de trabalho, “para tratar dos temas que dizem respeito à relação entre clubes e jogadores”. E aproveitou para implantar sua proposta de contratos por produtividade no futebol.

Nos contratos de produtividade, que seria negociados diretamente entre clubes e jogadores – sem interferência da CBF -, o salário não sofreria alteração, mas haveria eventuais abatimentos no pagamento dos direitos de imagem. Além disso, o atleta passaria a receber pelo INSS a partir do segundo mês de recuperação caso sofresse contusão grave, sendo que seus vencimentos seriam completados com um seguro a ser feito entre as partes.

“Não existe essa cultura de empresas que fazem seguros de atletas no Brasil, mas a CBF assumiu o compromisso de levar ao Ministério do Esporte a proposta para que eles se empenhem junto às seguradoras para que haja esse tipo de seguro”, afirmou Vilson Ribeiro de Andrade, presidente do Coritiba, que assumiu o comando da Comissão de Clubes.

Sobre a adoção do fair play financeiro (punição aos clubes devedores), uma das principais reivindicações do Bom Senso, os dirigentes atestam que ainda é preciso negociar com o poder público. “Foi apresentada ao Ministério do Esporte uma proposta de pagamento do passivo fiscal dos clubes que não inclui qualquer pedido de perdão de dívida ou desconto de qualquer espécie. Tendo em vista que tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que difere da solução apresentada pelos clubes, a Comissão irá pleitear uma reunião com o Ministério do Esporte, deputados e representantes do Ministério da Fazenda e da Secretaria da Receita Federal com o objetivo de se chegar a um a texto que atenda aos interesses de todas as partes”, diz a nota oficial divulgada após a reunião.

Do lado da CBF, que esteve representada na reunião pelo presidente José Maria Marin e pelo vice-presidente Marco Polo del Nero, o principal movimento é tentar ajustar o calendário para atender as reivindicações do Bom Senso. A entidade ressaltou nesta terça-feira que já reduziu as datas dos campeonatos estaduais a partir do ano que vem e confirmou que haverá 30 dias de férias e mais 30 dias de pré-temporada em 2015.

Em comunicado divulgado após a reunião, a CBF também avisou que, a partir de 2015, o calendário prevê que os jogadores de cada clube não disputem mais de sete jogos por mês, com exceção daqueles que chegarem às quartas de final, às semifinais e às finais da Copa do Brasil e da Libertadores.

Após a reunião desta terça-feira, a CBF e os clubes afirmaram que vão marcar um novo encontro com os representantes do Bom Senso para discutir as propostas de todos os lados envolvidos e tentar chegar a um acordo. Mesmo porque, o movimento dos jogadores já acenou com a possibilidade de greve no começo da próxima temporada caso não seja atendido.

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